Ginastas setelagoano vira promessa para o esporte Brasileiro

Foto: Divulgação
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De um lado, jovens promessas do esporte mineiro que buscam brilhar na ginástica nos próximos anos. De outro, experiência de décadas a ser compartilhada com os alunos em busca de novas vitórias. É dessa maneira que o programa Bolsa-Atleta e Bolsa-Técnico, mantido pela Secretaria de Estado de Esportes (Seesp), contempla um grupo de 25 esportistas ligados à ginástica, esporte com maior número de beneficiados na iniciativa. Entre eles estão as promessas Davi Eduardo de Souza (trampolim) e Bernardo Actos (artística), além da técnica Maria Inês Machado (ginástica rítmica).

Natural de Sete Lagoas, na região metropolitana, Bernardo Actos, 17 anos, chegou ao Minas Tênis Clube com apenas seis anos para praticar a ginástica artística. Os primeiros passos de sua trajetória, entretanto, foram curiosos. Os pais Ana Paula e Heleno, na tentativa de incentivar o filho a praticar uma atividade esportiva, o matricularam numa escolinha de futebol. Alguns dias depois, o técnico do pequeno Bernardo chamou os pais para uma conversa, pois a criança constantemente colocava a bola debaixo dos braços e se pendurava nas traves. Essa situação chamou a atenção do profissional para o potencial do garoto em outra modalidade: a ginástica artística.

Desde então, apesar da carreira curta, ele coleciona conquistas e possui cerca de 200 medalhas e diversos outros troféus individuais. Só em 2016, foram cinco medalhas no Campeonato Mundial Escolar, realizado na Turquia, além dos títulos por equipes, individual e nos aparelhos cavalo com alças, argolas paralelas e barra fixa, durante o Campeonato Brasileiro Juvenil. Em setembro, a jovem promessa ainda representou a Seleção Brasileira Juvenil no Campeonato Pan-Americano, em Sucre, na Bolívia. Lá, ele faturou o primeiro lugar no individual geral e nas competições no solo e nas barras.

A partir do próximo ano, Bernardo alcançará a idade profissional – 18 anos – e lutará por uma vaga na Seleção Brasileira de Ginástica. Para alcançar esse objetivo, ele treina de segunda a sábado, no período da tarde, e ressalta o auxílio do programa Bolsa-Atleta nesta caminhada. “Para mim, é muito gratificante receber a Bolsa-Atleta, porque é um retorno financeiro pelo esforço que faço. O incentivo me ajuda a alcançar resultados cada vez melhores nas competições, além da melhoria dos equipamentos, e bancar as despesas com alimentação e transporte”, ressalta o atleta, contemplado por todos os editais da Bolsa desde a criação do programa, em 2013.

Bernardo tem como maior ídolo o japonês Kohei Uchimura, principal astro da ginástica artística mundial e tricampeão olímpico. E é exatamente no Japão que o ginasta mineiro pretende estar daqui a quatro anos. “Meu maior sonho é disputar os Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020. Para isso, tenho que me empenhar e exercer meu papel como atleta”, afirma.

Um pouco mais jovem, o ginasta de trampolim Davi Eduardo de Souza, 13 anos, recebe pela segunda vez consecutiva o apoio da Seesp, por meio da Bolsa-Atleta. Ele pratica a modalidade desde os sete anos, quando a mãe o levou para acompanhar uma etapa do Campeonato Brasileiro de Ginástica, nas proximidades de casa. “Minha mãe me levou para acompanhar as competições e, no primeiro momento, eu não quis ir. Mas, quando vi os saltos, logo o esporte me encantou. Desde esse momento quis treinar a modalidade e, hoje, sonho em, um dia, ser campeão mundial e medalhista olímpico”, conta.

Ser condecorado em uma edição dos Jogos Olímpicos é exatamente o feito alcançado pelo maior ídolo do jovem esportista, o canadense Jason Burnett. Aos 29 anos, o estrangeiro conquistou a prata nas disputas de ginástica de trampolim nos Jogos de Pequim 2008. Para seguir os passos do consagrado ginasta, Davi treina diariamente no Centro de Saúde (CSU), localizado no bairro Eldorado, em Contagem.

Apesar de ainda não ter participado da maior competição esportiva do mundo, Davi já conquistou o Campeonato Sul-Americano de Ginástica de Trampolim, sediado em Bogotá (Colômbia), no ano passado. A preparação agora é feita visando o Campeonato Brasileiro que será realizado no Sesc Contagem entre 18 e 23 de outubro. Para isso, o esportista não esconde a importância do mecanismo da Seesp. “No meu caso, a Bolsa-Atleta ajuda na alimentação, hospedagem e para auxiliar na inscrição em competições de alto rendimento”, destaca.

Já para a técnica do Espaço Cultural de Ginástica Rítmica Mineira (GRM), Maria Inês Machado, que recebe a Bolsa-Técnico, o benefício possui papel fundamental para participação em campeonatos de alto nível. “Diante do nosso orçamento limitado, o incentivo é importantíssimo para custear nossas viagens para competições de alto nível, principalmente as internacionais. Nem sempre os pais possuem condições de arcar com esse investimento”, avalia.

Treinadora da modalidade há mais de 40 anos, Maria Inês é ex-atleta de ginástica rítmica e possui o melhor resultado da história da ginástica brasileira em campeonatos mundiais. Em 1975, em Madrid, ela foi a 16ª colocada geral, um recorde sustentado até os dias de hoje. Como treinadora, ela coleciona conquistas desde o âmbito estadual até internacional. “Desde 2000, temos vencido todas as competições estaduais, além de termos ganhado seis torneios nacionais consecutivos, entre 2000 e 2005”, ressalta.

Entre as principais ginastas reveladas por ela, está Daniela Aleixo Leite – capitã do time brasileiro nos Jogos Olímpicos de Pequim (2008) e medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro (2007) – e Clarisse Viana dos Santos, campeã do Campeonato Pan-Americano de Ginástica, em El Salvador, 2014.

Modalidades da ginástica

A ginástica é dividida em três ramificações, sendo elas: artística, rítmica e trampolim. Última categoria a entrar no programa dos Jogos Olímpicos, em Sydney (2000), a ginástica de trampolim exige que os esportistas realizem saltos acrobáticos no ar, que podem chegar a oito metros de altura. Os atletas são, então, avaliados pela dificuldade, execução e tempo de voo em cada série.

Desde a primeira edição da era moderna dos Jogos, em Atenas (1896), a ginástica artística consiste em realizar apresentações em diferentes aparelhos, como barras e traves, assim como saltos e exercícios de solo, com o menor número de erros. Já a rítmica é exclusiva do naipe feminino e as atletas protagonizam apresentações, diante de um júri, num espetáculo de dança e movimentos, combinados com um dos cinco aparelhos: corda, bola, arco, fita ou maças.

Sobre o programa

O programa Bolsa-Atleta e Bolsa-Técnico tem o objetivo de garantir a manutenção da carreira dos atletas e técnicos de alto rendimento, buscando dar condições para que se dediquem ao treinamento esportivo e à participação em competições para o desenvolvimento pleno de sua carreira esportiva, de forma a manter e renovar periodicamente gerações de atletas com potencial para representar Minas Gerais nas principais competições nacionais e internacionais.

Neste ano, foram disponibilizadas 35 bolsas para atletas na categoria estadual, 35 para a categoria nacional, dez para atletas da categoria internacional e nove para a categoria olímpico/paralímpico. Também estão disponíveis dez bolsas na categoria I e dez na categoria II para os técnicos. Como no edital anterior, no de 2016 serão destinados R$ 1,13 milhão para o pagamento do benefício no prazo de um ano com pagamentos em parcelas bimensais, cujos valores variam de acordo com categoria do atleta ou técnico.

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