A delação premiada feita pelo empresário Marcos Valério atinge em cheio políticos de Minas que, até então, não apareciam entre as principais figuras dos casos, como o ex-secretário de Estado de Governo Danilo de Castro (PSDB), o ex-ministro dos Transportes e ex-deputado Anderson Adauto (PRB) e o ex-deputado estadual e conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE) Mauri Torres (PSDB).
O publicitário citou ainda o repasse de recursos ilícitos, via agência DNA, ao ex-secretário de Saúde Marcus Pestana (PSDB), que ocupava a pasta durante a gestão do senador Aécio Neves (PSDB) à frente do governo de Minas. Atualmente, Pestana é deputado federal pelo partido.
No caso conselheiro do TCE Mauri Torres, Valério disse que o ex-deputado teria solicitado um empréstimo de alto valor ao publicitário Ramon Hollerbach Cardoso, sócio de Valério nas agências DNA Propaganda e SMPB, com o objetivo de comprar um apartamento na avenida Olegário Maciel, na região Centro-Sul de Belo Horizonte.
“Como o valor era um pouco alto, resolvemos, junto com o Banco Rural, fazer um empréstimo com o aval dele. Mas aí surgiu uma demanda do secretário Danilo de Castro, que era para ajudar, além do Mauri Torres, ele próprio e o governador de Minas”, escreve Valério no anexo 31 da delação. “Fizemos um financiamento numa quantia maior e repassaríamos todos os valores em dinheiro para Mauri e Danilo”, diz. Os relatos do foram obtidos pelo jornal O Tempo (veja aqui).
De acordo com a delação do publicitário, Valério e os sócios ficaram pagando o financiamento do apartamento e realizando os repasses com dinheiro vivo oriundo “dos próprios bolsos”. “A partir daí, ficou acertado que o sr. Oswaldo Borges da Costa (ex-presidente da Codemig) iria providenciar o pagamento de tudo e quitar o empréstimo fraudulento feito com o Banco Rural para dar um ar de legalidade à operação”.
O advogado Sânzio Baioneta disse que as acusações contra Torres são “fantasiosas e descabidas por parte do Sr. Marcos Valério. Em mais uma tentativa de atenuar sua condenação à pena de 40 anos de reclusão em regime fechado, decorrente do julgamento do processo conhecido como Mensalão, novamente este cidadão apresenta versão absolutamente inverídica sobre os fatos”.
Valério também disse ter feito repasses ao ex-ministro Anderson Adauto quando presidia ALMG, em 1999. “Quando ganhamos a conta de publicidade da ALMG, passamos a fazer os repasses para uma conta em nome de Anderson Adauto”, acrescenta. De acordo com o publicitário, durante todo o tempo da presidência de Adauto na ALMG (1999 a 2001), foram destinados recursos para compra e reforma de um apartamento em Belo Horizonte. “Os recursos foram entregues em dinheiro vivo para pagar as despesas de mão de obra do apartamento, além do material de construção”, continua.
O empresário afirma, ainda, que, na disputa ao governo de Minas em 1998, o ex-senador Clésio Andrade teria pagado diversos deputados da base governista na AL-MG para que ele fosse indicado como vice na chapa de Eduardo Azeredo (PSDB), que tentaria a reeleição.