Morre Cida Couto, um dos grandes nomes da cultura de Sete Lagoas

Foto: Ascom SMCJ

Faleceu nesta quinta-feira (01), no Hospital Madre Tereza, em Belo Horizonte, aos 76 anos, Cida Couto, uma das grandes figuras da Cultura de Sete Lagoas.

Segundo informações extraoficiais ela passou por um procedimento cirúrgico, antes de falecer.

O velório vai acontecer na Capela do Asilo, no centro de Sete Lagoas, a partir das 7 horas da manhã desta sexta-feira (02), o enterro está previsto para às 17h do mesmo dia.

QUEM FOIA CIDA COUTO?

Nascida no interior de Minas Gerais, na cidade de Itabira, Cida Couto viveu parte de sua adolescência na cidade de Raposos – MG. Casou-se aos 17 anos e ainda nessa idade teve seu primeiro filho, Carlos Antônio. Após ser abandonada pelo esposo, o criou sozinha até conhecer o grande amor de sua vida, Fabio Pires do Couto, com quem teve Flávia Patrícia Couto.

Fabio Couto foi sua alma gêmea cultural. Era poeta, compositor, apreciador da música clássica e do samba, elementos que gostava de ouvir associados em uma obra veiculada na década de 60 intitulada “O samba visita o clássico”.

Enviou-se aos 28 anos, grávida de seu terceiro filho, Fábio Pires do Couto Filho. Na ocasião, não sabia estar gestante e, portanto, seu companheiro faleceu sem saber que seria pai. Responsável a partir de então por cinco crianças, Eliseu Lúcio, enteado, Cosme Antônio, filho adotivo, Carlos, Flávia e Fábio.

Sem formação acadêmica, somente tinha o ensino primário, aventurou-se na venda de enciclopédias, porta a porta para sobreviver. Dividia-se entre confecção de figurinos artísticos e do vestuário próprio e dos filhos e o trabalho formal de vendedora de livros.

Nessa época conheceu o teatro. Sua casa sempre foi um laboratório de cultura onde artistas locais ensaiavam e escreviam peças teatrais. Participou de alguns espetáculos que tinham cunho político, contestadores da ditadura militar. Foi militante nesse movimento.

Sete Lagoas 

De volta a Sete Lagoas, cidade que considera como sua terra de coração, dividia-se entre três ofícios: Costureira, Cozinheira e Comerciante. Envolveu-se também rapidamente com os movimentos artístico culturais da cidade. Confeccionou vestuários para espetáculos do Expressar, para as procissões da Semana Santa e principalmente para a “Escola de Samba Dez pra Dez”, a menina de seus olhos.

Junto com a Família Abreu, participou ativamente da transformação do bloco “Batuque Dez pra Dez” em uma escola de samba. Colaborava em tudo, desde a escolha do Samba Enredo, passando pela apreciação dos figurinos, acompanhamento do trabalho nos barracões, ensaios e desfiles. A sua residência, inclusive, se tornava um dos barracões onde noites eram destinadas às confecções de alegorias e fantasias e, como sempre, as panelas estavam sempre cheias à disposição de todos que por ali circulavam.

Apesar do amor incontestável por sua escola de coração, em um dado momento sua paixão por Sete Lagoas falou mais alto e percebendo que a cidade merecia ampliar seu carnaval que já era sucesso em toda a região, fundou juntamente com os amigos José Afonso e Ada do Altíssimo uma nova Escola de Samba intitulada Bandeira Branca, sediada no bairro Boa Vista, local onde, naquele momento, fixava residência.

Pela “Dez pra Dez”, foi campeã várias vezes do carnaval sete-lagoano concorrendo com a forte Imperatriz Catarinense. No período em que esteve envolvida com a escola de samba “Bandeira Branca”, fez questão de elevá-la ao patamar de competitividade com as escolas concorrentes se dedicando da mesma forma que à Dez pra Dez.

Em 1987, adquiriu sua primeira casa própria, no bairro Santa Luzia, conhecido popularmente como Garimpo, onde reside até hoje. Recentemente, vendo o carnaval da cidade se descaracterizar e percebendo que o Garimpo, berço do samba de nossa cidade, estava perdendo essa tradição. Cida acredita que o samba nesse bairro retirou muitos de caminhos perniciosos e, por isso, enfrentou todas as dificuldades impostas e, juntamente com amigos e alguns ícones do samba, reativou a escola de samba “Dez pra Dez”, primeiramente em forma de cordão carnavalesco e depois no formato miniescola nas ruas. A resposta do público foi muito positiva, o que a emocionou significativamente.

Com algumas limitações de saúde, passou a missão adiante, na esperança de que os mais novos não deixem que o samba de sua escola e de seu bairro de coração se silencie.

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