O advogado de Marcos Valério, que cumpre pena por participação no mensalão do PT e foi condenado no mensalão tucano, diz que seu cliente está sendo vítima de atos praticados por funcionários da Associação de Proteção e Assistência ao Condenado (Apac) de Sete Lagoas, na Região Central de Minas Gerais. Nesta quarta-feira (19), segundo Jean Kobayashi, Valério passou por exames no Instituto Médico-Legal (IML) , em Belo Horizonte, após reclamações de que funcionários da unidade teriam “maldosamente” apertado “bastante” as algemas que ele usava.
“Infelizmente, ele vem sendo achacado por alguns funcionários da Apac e até por alguns presos, e, com isso, ele vem delatando esses fatos ao delegado Rodrigo Bossi”, disse o advogado.
A Polícia Civil confirmou que Marcos Valério esteve no IML para fazer exame de corpo de delito. Segundo a corporação, é de praxe, diante desse tipo de reclamação, que presos sejam encaminhados ao instituto.
A Secretaria de Estado de Administração Prisional (Seap), informou que os questionamentos deveriam ser respondidos pela Fraternidade Brasileira de Assistência aos Condenados (FBAC). Até última atualização desta reportagem, nenhum responsável pela entidade havia sido encontrado para comentar as reclamações.
A Apac faz parte de um programa de reintegração social para presos, por meio do trabalho e de atividades de recuperação. Valério está preso na unidade de Sete Lagoas desde julho do ano passado.
Depoimento
Nesta quarta-feira, segundo a Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), Valério tinha um depoimento agendado para as 9h30 com o delegado Rodrigo Bossi. O episódio da algema teria ocorrido durante o transporte entre a Apac e a delegacia, na capital.
Depois disso, durante o depoimento, ele passou mal e foi levado para uma clínica particular. “Ele teve no passado um câncer e a princípio o câncer está voltando”, disse o advogado.
Deputados estiveram nesta terça-feira na Apac para apurar denúncias de constantes saídas de Valério da unidade. Segundo o presidente da comissão, Sargento Rodrigues (PTB), não foram encontradas irregularidades nestas saídas. Ele disse, entretanto, que as apurações continuam. Questionado se Valério havia feito denúncias que estaria sendo vítima de extorsão dentro da unidade, o parlamentar apenas respondeu positivamente.
A Assembleia afirmou que, de acordo com informações obtidas pelos deputados, Valério está cooperando com as Polícias Civis do Rio de Janeiro e de Minas Gerais e, ainda, com a Polícia Federal. Também segundo a comissão, ele negocia um acordo de delação premiada, que ainda não foi homologado.
De acordo com Kobayashi, a delação estaria no gabinete do ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF). Procurada, a assessoria do STF disse que o processo tramita sob sigilo.