Interventor da APAC de Sete Lagoas onde estava Marcos Valério diz não poder falar sobre o caso

Publicitário teria recebido uma série de benefícios de presidente da unidade de Sete Lagoas. Após denúncia, publicitário foi transferido para a Nelson Hungria

Foto: Reprodução

Após a denúncia de que o publicitário Marcos Valério gozava de privilégios na Associação de Proteção e Assistência ao Condenado (Apac) de Sete Lagoas, assumiu a unidade, na terça-feira (25), o interventor Ari de Jesus, gerente administrativo e inspetor de metodologia da Fraternidade Brasileira de Assistência aos Condenados (FBAC).

Ele tem ampla participação em implantações de Apacs pelo país, conforme o próprio site da instituição informa, e será responsável por administrar a unidade, além de conduzir as investigações internas sobre o tema.

Com relação ao caso, Ari limitou-se a dizer, nesta quarta: “Como interventor, não estou autorizado a dar declarações. Sugiro que procure o poder Judiciário”, respondeu o gerente administrativo, ao ser questionado pela reportagem.

Ele foi nomeado quatro dias após sentença da juíza Marina Rodrigues Brant, responsável pela Vara de Execuções Penais de Sete Lagoas, que determinou o afastamento de toda diretoria da unidade Apac da cidade após as suspeitas envolvendo Valério. A sentença, expedida no dia 21 de setembro, também determinou a realocação do publicitário na penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte, onde ele está desde então.

O afastamento foi corroborado por decisão do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). O órgão informou que, por meio de investigações sigilosas, “destacando-se dentre elas pedido de quebra de sigilo bancário e requisição de documentação diversa à unidade prisional, concluiu-se pelo afastamento do presidente da Apac/Sete Lagoas, a transferência do detento supostamente beneficiado e a instauração de incidente visando a apuração do cometimento de falta grave”.

O caso

Marcos Valério é acusado de ter privilégios na Apac, inclusive com a suspeita de que pagava o presidente afastado da unidade de Sete Lagoas, Flávio Lúcio Batista Rocha, para obter as regalias. Dentre os privilégios concedidos, a investigação apontou que o publicitário saía sem escolta duas ou três vezes por semana, usava o telefone, tinha visitas em dias diferentes dos demais presos, não usava algemas, encontrava familiares fora da unidade e tinha quantias em dinheiro maiores que as permitidas.

Envolvidos já teriam confessado

Conforme os depoimentos prestados por Marcos Valério e Flávio Lúcio Batista Rocha, de acordo com a juíza Marina Rodrigues Brant, eles chegaram a confirmar que haviam certos privilégios, sendo que o presidente é, inclusive, padrinho de casamento do publicitário. Rocha também confessou ter movimentado a conta bancária em nome de outro detento, Adão Teixeira do Carmo, segundo um trecho da sentença.

“Diversas irregularidades foram constatadas na gestão do sr. Flávio Lúcio. Existe informação gravíssima de recebimento de valores pagos por Marcos Valério ao presidente da Apac, como forma de ‘remunerar’ as regalias recebidas”, afirma a juíza.

Defesa

Na tentativa de reverter o retorno de Marcos Valério à penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, a defesa do publicitário alegou que um linfoma identificado em 2012 teria voltado, e, por isso, ele necessita de uma série de condições especiais na detenção.

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