“Existe a possibilidade de remessa do IFA do Butantan ainda no mês de maio – hoje a gente vai ter a confirmação. (…) Há uma expectativa, uma sinalização para que isso chegue aqui por volta do dia 25, mas ainda pendente de confirmação por parte da China”, disse Cruz, durante audiência pública da Comissão Temporária da Covid-19 do Senado que debateu os entraves para a aquisição de vacinas pelo Brasil.
Sobre o IFA para a produção de cerca de 12 milhões de doses da vacina AstraZeneca/Oxford, pela Fundação Oswaldo Cruz ( Fiocruz), o secretário disse que remessa chegará ao Brasil nos dias 22 e 29 de maio.
Vacinas
Aos parlamentares, Rodrigo Cruz disse ainda que a estratégia do governo brasileiro é antecipar, para o primeiro semestre, a entrega de vacinas já contratadas no mercado internacional. Segundo ele, o país tem acordos para a compra de mais de 600 milhões de doses com diversas farmacêuticas.
O secretário explicou à comissão que o Brasil já manifestou interesse em adquirir vacinas contra o coronavírus a todos os laboratórios que podem ofertar imunizante para o primeiro semestre. Outra estratégia é conversar com países que agora têm menos urgência que o Brasil em adquirir doses.
“Temos conversado também com países que estão em processo de imunização mais avançado para saber se eles têm interesse em fazer uma troca. Minha entrega que estava prevista para o último trimestre iria para você, e a sua que estava prevista para este mês viria para o Brasil”, detalhou.
Itamaraty
Também durante a audiência de hoje, o ministro do Departamento de Direitos Humanos e Cidadania do Ministério de Relações Exteriores, João Lucas de Almeida, destacou que governo Federal tem se empenhado para liberar IFAs.
“A dificuldade nossa é de curto prazo: é superar esses obstáculos neste mês de maio, no próximo mês de junho, e chegar ao segundo semestre do ano com ofertas suficientes de vacinas. Para isso, o Itamaraty tem feito reiteradas gestões diplomáticas para obter licença de exportação na China e liberar os IFAs, os famosos IFAs, que são necessários à produção tanto da vacina AstraZeneca quanto da vacina do Instituto Butantan”, disse.
João Lucas de Almeida destacou aos senadores que, com o avanço da vacinação em alguns países, começa também a surgir a possibilidade de excedente de doses de vacinas. “Temos buscado identificar esses excedentes e temos realizado gestões junto a esses países para obter essas doses adicionais, seja a título de doação, compra, adiantamento de imunizantes… E temos boas indicações a respeito disso”, adiantou lembrando que a importação e a distribuição de vacinas e medicamentos dependem da autorização da Anvisa.
Nesse sentido, o Itamaraty tem prestado todo o apoio técnico à agência para realizar inspeções tempestivas em fábricas de insumos e de vacinas na China, na Índia e, mais recentemente, na própria Rússia.
Sputnik V
O embaixador da Rússia no Brasil, Alexey Labetskiy, que já recebeu as duas doses da vacina Sputnik V, em Moscou, defendeu na audiência pública a segurança e eficiência do imunizante.
“É uma vacina que dá efeito e garante a proteção de mais de 91%”, disse. Sob a justificativa de falta de documentação com garantias exigidas pela Anvisa, a agência brasileira negou pedidos de autorização de uso emergencial do imunizante russo. Sem mencionar as pendências, o embaixador disse que, caso necessário, ele e a família seriam “coelhos de experimentos” para atestar a segurança da vacina.
O Ministério da Saúde tem um contrato assinado para compra de 10 milhões de doses do imunizante Sputnik V. Outras 38 milhões de doses foram encomendadas por governos estaduais.
Visita
A senadora Kátia Abreu (PP-TO), que também é presidente da Comissão de Relações Exteriores da Casa defendeu a ida de uma comitiva brasileira a Pequim para negociar a compra de uma outra vacina contra o novo coronavírus produzida pela farmacêutica estatal chinesa Sinopharm. Segundo a senadora, apesar de já ter autorização da Anvisa para venda, o imunizante não tem sido privilegiado em compras realizadas pelo governo brasileiro.
Kátia Abreu sugeriu que a comitiva seja formada por senadores e representantes do Ministério da Saúde, da Anvisa e de laboratórios privados que produzem vacinas contra a febre aftosa. Kátia Abreu defende que essas fábricas, originalmente voltadas à produção de imunizante animal, sejam adaptadas para elaborar o imunizante da estatal chinesa.