Sete pessoas foram indiciadas pela Polícia Civil (PC) pelo crime de peculato por terem furado a fila da vacinação contra a Covid-19 em São José da Lapa, na região metropolitana de Belo Horizonte, nesta quinta-feira (15). A vacinação ilegal ocorreu em via pública no dia 18 de junho, no centro da cidade, e foi gravada por uma testemunha, de acordo com o inquérito remetido à Justiça.
Uma técnica de enfermagem da prefeitura de São José da Lapa ligou para o marido oferecendo a aplicação da dose, e o homem levou outras três pessoas ao centro de vacinação, segundo a delegada Nicole Perim, da delegacia do município.
Os acusados alegaram que acreditaram que as vacinas seriam jogadas foras e preferiram usá-las. “Eles falaram que eles achavam que as vacinas seriam descartadas e que acharam melhor ser vacinados do que descartar as doses”, diz a delegada.
Uma testemunha encaminhou a gravação da imunização irregular no dia 19 de junho para o secretário de Saúde do município, que encaminhou os suspeitos para a delegacia de plantão de Vespasiano. Como não havia mais o estado de flagrante, os suspeitos foram liberados. O caso foi encaminhado para a delegacia de São José da Lapa.
“Ouvimos 14 pessoas, encaminhamos o vídeo para a perícia. O vídeo estava nítido e comprovou que houve a vacinação. Nenhum deles tinha comorbidade nem estava na faixa etária autorizada a se vacinar. Das três funcionárias da prefeitura, duas eram técnicas em enfermagem e uma era agente de saúde. Uma das técnicas ligou para o marido e perguntou se ele queria vacinar. O marido, que estava trabalhando em Vespasiano, levou dois amigos e a esposa de um destes”, diz a delegada.
Das quatro pessoas que se vacinaram em São José da Lapa, apenas o marido de uma das técnicas de enfermagem mora na cidade, e os outros três residem em Vespasiano. Foram indiciadas duas técnicas de enfermagem, de 28 e 40 anos, uma agente de saúde, de 39, além do marido de uma das técnicas, de 47, e três amigos do casal, com idades entre 37 e 38 anos.
Tanto os funcionários públicos quanto os particulares envolvidos no caso vão responder por peculato, que prevê de 2 a 12 anos de reclusão. “É sabido que o particular pode responder por crime de peculato, no caso de concurso de agentes com o integrante dos quadros da administração, desde que o particular, não integrante dos quadros da administração, atue em concurso com o funcionário público e tenha conhecimento da condição de funcionário público, circunstância que se verificou nesse caso”, explica a delegada.
A reportagem entrou em contato com a Prefeitura de São José da Lapa e aguarda retorno.
