Ministério Público pede suspensão de shows e eventos no Mineirão

O Ministério Público de Minas Gerais pediu na Justiça que todos os shows e eventos realizados o Mineirão, que não sejam esportivos, sejam suspensos até a obtenção de uma licença ambiental e alvará. O MP ainda pede que a Minas Arena e o Município de Belo Horizonte sejam condenados a uma multa de R$50 milhões por dano moral coletivo ambiental já causado pelos eventos.

A ação foi instaurada a partir de um pedido da Associação Comunitária Viver Bandeirantes, que representa moradores que vivem na região do estádio. O Ministério Público argumentou que o licenciamento simplificado adotado pela PBH e a Minas Arena não é eficiente para controlar a poluição sonora provocada pelos eventos no Mineirão.

Caso a PBH não cumpra com uma eventual determinação judicial, o MP solicita que seja fixada uma multa de R$500 mil para cada evento realizado. “A medida considera o proveito econômico ilícito decorrente da atividade degradadora, o número de eventos realizados nos últimos cinco anos – cerca de 220, o dolo excessivo e o descaso com a saúde da população”, argumenta o órgão na decisão.

Posicionamento da Minas Arena

Em nota enviada à imprensa, a Minas Arena argumentou que o Mineirão se consolidou como a maior plataforma de entretenimento de Minas Gerais, o que contribui para a economia do estado. Além disso, a empresa explicou que, devido à pandemia do coronavírus, houve um acúmulo de eventos em 2022.

“Ciente do impacto da atividade econômica na vizinhança, o Mineirão montou um grupo de trabalho para fomentar o diálogo com as associações de moradores no intuito de mitigar os impactos pela realização de eventos”

A Minas Arena ainda reforçou que a operação no Mineirão é autorizada pela Prefeitura de Belo Horizonte e que todos os eventos possuem autorizações legais.

“Em contato com as associações de moradores do entorno, o Gigante identificou que menos de 5% do total dos eventos oferecem impactos aos moradores. Ao lado disso, contratou estudos técnicos, junto a profissionais especializados, para avaliar e propor novas medidas de controle e mitigação de possíveis impactos oriundos da realização de shows nos diversos espaços”

A Prefeitura de Belo Horizonte, por sua vez, afirmou que não foi intimada da ação mas deve apresentar suas alegações a respeito do licenciamento de eventos na capital “no tempo próprio”.

Confira a nota na íntegra:

“O Mineirão tem se consolidado como a maior plataforma de entretenimento de Minas Gerais, tendo recebido, desde a reforma, em 2013, mais de 5 milhões de pessoas em eventos, sem contar o público do futebol. Em 2022, o Gigante se tornou ainda a capital dos festivais de música do país, contribuindo diretamente para a economia do Estado.

Segundo estudo do Ipead, da UFMG, de 2019, os eventos promovidos pelo Mineirão movimentaram, em apenas um ano, R$ 948 milhões na economia mineira, sendo R$ 862 milhões em Belo Horizonte, além da criação de quase 6 mil postos de trabalho. Ou seja, o estádio devolve para a economia anualmente um valor superior ao custo de sua reforma para a Copa do Mundo. Em função da pandemia nos anos de 2020 e 2021, houve um a cúmulo de eventos para 2022. Ciente do impacto da atividade econômica na vizinhança, o Mineirão montou um grupo de trabalho para fomentar o diálogo com as associações de moradores no intuito de mitigar os impactos pela realização de eventos.

A operação do Mineirão é devidamente autorizado pela Prefeitura de Belo Horizonte. A autorização para a realização de eventos não esportivos é concedida pela prefeitura diretamente aos produtores. Nenhum evento acontece no estádio sem ter todas as autorizações legais respeitadas. 

O Mineirão, mesmo não sendo o responsável direto pela realização dos eventos, atua preventivamente junto aos promotores para orientar e cobrar a observância dos limites legais de emissão sonora. Em contato com as associações de moradores do entorno, o Gigante identificou que menos de 5% do total dos eventos oferecem impactos aos moradores. Ao lado disso, contratou estudos técnicos, junto a profissionais especializados, para avaliar e propor novas medidas de controle e mitigação de possíveis impactos oriundos da realização de shows nos diversos espaços, dentre elas:

1) A limitação de horário de término dos shows e usos de espaços;

2) A imposição de regras mais restritivas para o uso de fogos de artifício antes mesmo da legislação municipal recentemente aprovada; 

3) O monitoramento do entorno e o controle ativo das fontes de ruído dos shows; 

4) O fortalecimento e divulgação extensiva dos canais da Central de Atendimento e de comunicação com as comunidades do entorno;

5) A operação assistida, contemplando o convite às associações de moradores para acompanhar como são executadas as medidas de monitoramento e controle, de forma a dar ciência e publicidade  das medidas adotadas para a mitigação de impactos.

Além disso, vêm sendo testados diferentes limites sonoros das fontes emissoras em shows realizados no complexo. A partir dessa informação, o Mineirão vem avaliando, junto aos promotores de eventos, a efetividade da adoção de diferentes níveis de emissão, a depender das características técnicas, do horário e do espaço em que são realizados os eventos, de forma que não haja  incômodo sonoro junto aos moradores do entorno.

Tais medidas vem se mostrando positivas, uma vez que o Mineirão tem recebido feedbacks positivos das associações de moradores dos bairros no entorno no sentido de ser notável a melhoria do controle sonoro. Com relação a ação mencionada pela reportagem, o Mineirão não pode se pronunciar porque não foi notificado.”

Esta matéria em atualização

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