Jovem denuncia importunação sexual durante entrevista de estágio em academia de BH

Academia Pratique Fitness, unidade Jaraguá — Foto: Reprodução/Google Street View

Uma estudante do curso de Educação Física denunciou ter sido vítima de importunação sexual enquanto participava de uma avaliação e entrevista de estágio na Academia Pratique Fitness, no bairro Jaraguá, na Região da Pampulha, em Belo Horizonte. O caso aconteceu nesta quinta-feira (3).

Isabella Ribeiro Santiago, de 21 anos, contou que esteve no local para a última fase do processo seletivo de estágio. Na última segunda-feira (31), fez a entrevista na unidade do bairro Santa Mônica, na Região de Venda Nova, foi aprovada e encaminhada para a unidade Jaraguá, onde faria um treinamento.

De acordo com o boletim de ocorrência, ao chegar no estabelecimento, foi chamada para comparecer a sala de Eduardo Lopes Inácio, de 40 anos, coordenador e responsável pela academia.

“Quando entrei, me deparei com ele sem camisa. Assustei e pedi desculpas, virei o rosto pra que ele vestisse a blusa. Ele se vestiu. Eu sentei à mesa, de frente pra ele. Então, ele perguntou sobre a minha trajetória profissional, estágios e estudos”, afirma Isabella.

O homem seguiu os protocolos e realizou exame de bioimpedância – balança que mede o percentual de gordura, massa magra e afins.

Ele mediu minha altura, subi na balança e tirei o tênis. Sentei novamente e vesti minha blusa de alça e a de frio. Mas ele disse que poderia tirar, porque ainda não tinha acabado.

A vítima contou que, nesse tipo de entrevista, é comum ter que realizar movimentos que comprovem seu conhecimento técnico. O suspeito pediu que ela realizasse diversos exercícios para membros inferiores, como agachamento e posições em que ela permanecia sobre três apoios. Isabella relata que, no decorrer do treinamento, Eduardo fez diversos elogios, dizendo que ela era muito bonita.

Isabella usava duas blusas de frio, uma blusa preta de alça e, por baixo dela, estava de top. O homem pediu que ela tirasse as blusas para ver melhor os movimentos.

A vítima contou que sofreu uma fratura recentemente no ombro esquerdo, o que causou uma diferença na postura. Ao comentar com o recrutador, o homem pediu que ela se levantasse. Ele se aproximou, pediu licença e, logo após, abaixou o top que ela usava, expondo os seios. Em seguida, os apertou, sem o consentimento dela.

Ainda de acordo com o registro policial, nesse momento ela se afastou, muito assustada. Eduardo teria pedido desculpas, dizendo ter sido inevitável.

“Ele disse: ‘essa diferença nos seus ombros nem dá para notar muito, porque os seios são muito bonitos’. Ele me elogiava repetidamente. Fiquei constrangida e sem ação.”

A jovem alega que colocou sua blusa e permaneceu na sala dando continuidade ao treinamento. Em seguida, foram feitas fotografias de seu rosto para cadastro no sistema. Segundo a vítima, o homem ofereceu a ela um short da academia para que ela vestisse, dizendo:

“Toma aqui o short, veste aqui.”

Isabella conta que se negou a trocar a calça pelo short. Afirmou que não era necessário. Eles saíram da sala para que outra avaliação fosse realizada. A vítima conta, ainda, que ligou para os pais, contou o que aconteceu e a Polícia Militar foi acionada.

“Nesse tipo de entrevista, ele tinha que avaliar os membros superiores e inferiores, mas pediu apenas movimentos inferiores, de agachamento, prancha, etc…”

Segundo o boletim de ocorrência, os militares estiveram na academia, mas o homem já havia ido embora. Um supervisor fez contato por telefone e o homem se prontificou a comparecer na delegacia para esclarecimento dos fatos.

O suspeito compareceu com um advogado e contou à polícia que, conforme protocolo da rede, foi passado diversos vídeos institucionais. Para certificar o nível de conhecimento dos estagiários são exigidos a execução de diversos exercícios.

Na versão do suspeito, a jovem executou os exercícios e em nenhum momento houve toque físico para correção ou algo do tipo. Segundo Eduardo, o único momento em que Isabella retirou a jaqueta, foi para realizar o exame de bioimpedância, tendo permanecido com uma blusa comum. Disse que, após finalizado o treinamento, foi combinado dela retornar no dia seguinte para dar prosseguimento às atividades.

Conforme o registro policial, o suspeito relatou que não houve nenhum tipo de anormalidade durante o treinamento. Disse apenas que tomou conhecimento depois e ficou surpreso com os fatos narrados pela jovem, quando recebeu o telefonema do supervisor.

O a reportagem entrou em contato com o suspeito, mas ele não se manifestou.

A reportagem entrou em contato com a Polícia Civil de Minas Gerais às 18h09 e aguarda retorno sobre a investigação.

A reportagem entrou em contato insistentemente com a academia nesta quinta-feira, mas não teve as ligações atendidas.

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