Veja a previsão do tempo para o carnaval em Sete Lagoas e todo país

Previsão de chuvas para o período de carnaval no Brasil. Fonte: Global Ensemble Forecasting System (CHIRPS-GEFS)

O clima de Sete Lagoas é monitorado desde o ano de 1926 pelas estações meteorológicas do INMET – Instituto Nacional de Meteorologia instaladas na Embrapa Milho e Sorgo. As análises dos dados mostram claramente as tendências das mudanças climáticas ao longo do tempo principalmente em relação ao aumento da temperatura, redução da umidade relativa do ar e aumento de ocorrência das chuvas de altas intensidades.

A precipitação média anual (chuvas por ano) é de 1350 mm mas existem variações anuais onde temos anos muito secos e parecidos com as condições das regiões semiáridas ou muito chuvosos e comparáveis com as condições amazônicas. As chuvas de altas intensidades ocorriam em baixas frequências até meados da década de setenta e atualmente tendem a ocorrer quase todos os anos.

No dia 21/12/2022 foram registrados 105 mm de chuva em Sete Lagoas. Nessa semana tivemos chuvas de altas intensidades e curta duração acompanhadas de vendavais. No ano de 1963 foram registrados apenas 464 mm de chuva enquanto em 1979 esses valores foram de 2234 mm. Essas variações são influenciadas por alterações na formação das nuvens de chuva que dependem da dinâmica do ciclo hidrológico, ou seja, as mudanças de fase da água entre seus estados sólido, líquido e gasoso.

A temperatura da água dos oceanos tem grande impacto na evaporação da água e os efeitos do fenômeno ENOS (El Niño-Oscilação Sul) são os mais conhecidos. Em anos de ocorrência do fenômeno El Niño, quando as águas superficiais do oceano Pacífico Tropical estão acima da média, temos as maiores tendências de chuvas na Região Sul e estiagem no Nordeste. Essas condições se invertem nos anos de La Niña que está ativa desde agosto de 2020 com estiagem severa no Rio Grande do Sul e nos países vizinhos do Uruguai, Paraguai e Argentina e chuvas acima da média nos outros estados do Brasil. Os modelos de previsão indicam o fim da atuação do La Niña no próximo mês de março e condição neutra até meados do ano quando o El Niño volta a atuar.

Em 2021 o fenômeno La Niña provocou uma das piores estiagens já registradas no Brasil enquanto no início de 2022 tivemos grandes enchentes provocadas pelas chuvas principalmente na Bahia e em Minas Gerais. Em Sete Lagoas tivemos 26 dias de chuvas em dezembro e 25 dias em janeiro, ou seja, chuva quase todos os dias desses meses. No período chuvoso 2022/23, com exceção do RS as chuvas foram acima da média e com altíssimas frequências com impactos muito positivos sob vários aspectos:

  • Safra recorde na produção agrícola do Brasil que conforme as projeções da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) devem ser superiores a 310 milhões de toneladas,
  • Previsão de boa produtividade nas regiões produtoras de segunda safra.
  • Melhoria da produtividade nas pastagens, cana-de açúcar, café, laranja, mandioca e outras culturas,
  • Pleno abastecimento dos reservatórios para a produção de energia elétrica,
  • Redução na incidência de queimadas em função do maior volume de água nos solos,
  • Aumento da reposição hídrica nos lençóis freáticos,
  • Redução da incidência de infestações de doenças transmitidas por mosquitos como Dengue, Chikungunya e Zika em função da constante reposição da água retida em poças.

Dentre os impactos negativos temos:

  • Maiores riscos de desabamentos e alagamentos,
  • Piora na qualidade das estradas em função da saturação dos solos,
  • Maior incidência de doenças de origem fúngica na agricultura,
  • Maiores dificuldades na colheita dos grãos e riscos de compactação dos solos.

A partir do mês de março as chuvas tendem a diminuir nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, mas os modelos de previsão climática indicam que deverão ficar acima da média em todo o país exceto no Rio Grande do Sul que enfrenta forte período de estiagem.

As previsões para o carnaval indicam tempo bom para toda a região Nordeste sendo que as chuvas devem se concentrar principalmente nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e a porção de Minas Gerais entre a região Central até o sul do estado incluindo o Triângulo Mineiro conforme mostrado nas previsões do Global Ensemble Forecasting System (CHIRPS-GEFS) do National Centers for Environmental Prediction (NCEP).

A tendência de elevação das temperaturas poderá contribuir para a ocorrência de fortes temporais principalmente no período da tarde e noite.

Por: Daniel Pereira Guimarães – Pesquisador Embrapa Milho e Sorgo

SEM COMENTÁRIO

DEIXE UMA RESPOSTA