A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) confirmou nesta terça-feira (20) que os exames realizados descartaram a presença da toxina botulínica em três pessoas de uma mesma família que foram internadas em estado grave após consumir uma torta de frango comprada em uma padaria no bairro Serrano, Região da Pampulha, em Belo Horizonte.
As vítimas — Cleuza Maria de Jesus Dias, de 75 anos, a sobrinha Fernanda Isabella de Morais Nogueira, de 23, e o namorado dela, José Vitor Carrilho Reis, de 24 — chegaram a ser internadas em unidades de terapia intensiva, com sintomas neurológicos graves, e receberam, de forma preventiva, o soro antitoxina botulínica. Apesar da gravidade do quadro inicial, exames laboratoriais feitos pelo Instituto Adolfo Lutz, referência nacional, descartaram o botulismo.
Novas hipóteses são investigadas
Com a exclusão do botulismo, os profissionais de saúde agora trabalham com outras possíveis causas de intoxicação alimentar com sintomas de neurointoxicação. Entre as hipóteses estão envenenamento por organofosforados e carbamatos, substâncias frequentemente utilizadas em agrotóxicos e pesticidas.
A SES-MG solicitou exames complementares ao Instituto Adolfo Lutz para verificar a presença de outras toxinas. Caso o instituto não disponha dos recursos necessários, o Ministério da Saúde poderá encaminhar as análises a outros centros especializados no país.
Estado de saúde e investigação seguem
As três vítimas seguem internadas sob cuidados médicos. O caso segue sendo investigado também pela Polícia Civil, que apura se houve negligência, erro na manipulação do alimento ou algum tipo de sabotagem.
A padaria onde a torta foi adquirida foi interditada pela Vigilância Sanitária e, segundo o proprietário, o salgado foi preparado por um padeiro freelancer, que atuou no estabelecimento por apenas seis dias e teria produzido os produtos no dia 19 de abril. O padeiro se apresentou à Polícia Civil, negou qualquer irregularidade e foi liberado após prestar depoimento.
Relembre o caso
A torta foi comprada na noite de 21 de abril. Os três familiares notaram o gosto estranho do alimento e chegaram a devolvê-lo à padaria. Horas depois, começaram a passar mal. O casal, residente em Sete Lagoas, foi internado na UTI do Hospital Municipal Monsenhor Flávio Damato. Já a idosa, moradora da capital, foi socorrida pelo SAMU e entubada na ambulância antes de ser encaminhada à UTI do Hospital MedSênior.
A coleta de amostras de alimentos como frango desfiado, milho e sobras da torta está sendo analisada por laboratórios da Rede Nacional de Vigilância Laboratorial.
Riscos e cuidados
Embora o botulismo tenha sido descartado neste caso, a SES-MG reforça a importância de cuidados rigorosos na manipulação e armazenamento de alimentos. Casos graves de intoxicação alimentar podem ter múltiplas origens, e a população deve estar atenta a sinais como gosto azedo, aparência anormal e embalagens violadas.
A investigação prossegue, e novas informações serão divulgadas conforme os laudos forem concluídos.
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