Mineiro de Inhaúma Daniel Smith vai integrar o Balé da Holanda

Smith embarca para a Holanda, sua primeira viagem internacional, no dia 15 de novembro para dançar balé
Smith embarca para a Holanda, sua primeira viagem internacional, no dia 15 de novembro para dançar balé

“Sauté”, no balé clássico, é o salto básico de um bailarino na vertical, pode ter uma média de 27 cm de altura e é a base para saltos mais complexos. No caso do bailarino Daniel Smith, 20, de Inhaúma, região Central de Minas Gerais, o “sauté” o levou um pouco mais longe, cerca de 9.000 km. Essa é a distância entre a capital mineira e Amsterdã, que será a casa de Smith a partir de 15 de novembro. Ele foi selecionado para integrar o Dutch National Opera & Ballet na Holanda e terá sua estadia e suas despesas custeadas por uma das companhias mais importantes do mundo em troca de emprestar ao público a visão de seus sautés precisos e seus pliés caprichados.

Mas nem sempre foi assim. Seguindo o caminho inverso, não foi Smith que encontrou no balé sua vocação. Foi o balé que o encontrou, aos 9 anos. “Meu sonho mesmo era fazer medicina. Comecei a dançar porque minha vizinha fazia balé, e, quando se é criança, se tem aquela vontade de fazer o que os amigos fazem”, lembra. E foi assim que, meio incerto, ele começou a praticar a dança e a fabricar seu acesso para o mundo.

De Inhaúma, ele foi para Sete Lagoas, após sua professora notar seu talento e conseguir uma bolsa para ele na escola Expressar. Passou alguns anos ali, mas logo foi notado também pela facilidade com que executava os difíceis passos de balé. Aos 19 anos, conseguiu uma bolsa na Toute Forme, academia de Belo Horizonte, onde acabou ingressando na melhor turma, chegando a fazer parte do corpo de baile da companhia.

Mas ainda era pouco para ele, que pretendia tentar sautés ainda mais altos. “Queria dançar em outros lugares, ficar conhecido. Há quatro meses, vim para o Conservatório Brasileiro do Rio de Janeiro, fiz um teste, passei e fiquei treinando com grandes profissionais do balé clássico”, conta. Quando saiu o edital para seleção de bailarinos da companhia holandesa, ele mandou o currículo, mas sem criar grandes expectativas. “Não estava esperando passar, a Holanda é muito longe, e bailarinos do mundo inteiro fazem esse teste. Mesmo sabendo que eu não ia passar, decidi ainda sim dar meu melhor”.

Seu melhor, ao que parece, foi o suficiente para a companhia holandesa querer Smith ao lado de outros grandes bailarinos do mundo. A viagem marcada para o dia 15 de novembro é também a primeira vez que ele sai do país. “Por mais que ficasse resistindo à dança e persistindo no sonho de ser médico, eu não ia conseguir fugir por muito tempo. A dança é uma coisa que está no meu sangue, é mais forte do que eu”, conta. O frio na barriga ainda não apareceu, mas ele confessa que o seu maior medo é em relação ao clima. “Só isso que me assusta um pouco, ouvi dizer que lá faz – 13ºC”

Coisa de menino. É difícil se destacar dançando balé em uma cidade com cerca de 6.000 habitantes como Inhaúma, especialmente sendo do gênero masculino. Não foram poucas as vezes que Daniel Smith ouviu que o que fazia tão bem não era “coisa de menino”. Os resultados provam o contrário, mas, até chegar lá, o bailarino contou com a família pra continuar. “Recebi muito apoio do meu pai e também da minha vó, que foi quem mais me incentivou. Ela sempre me mandava ir para o balé e me acompanhava nas aulas. Agora que sabe que eu vou para a Holanda, está com um aperto no coração, porque vou ficar muito longe, mas mesmo desse jeito ela está muito feliz”, diz.

SEM COMENTÁRIO

DEIXE UMA RESPOSTA