Com participação de sete-lagoanos Parada LGBT reúne mais de 80 mil pessoas em BH

Foto: Reprodução

Um mar de diversidade ocupou as ruas do Centro de Belo Horizonte, neste domingo (16), com a realização da 20ª Parada do Orgulho LGBT da cidade. Segundo a organização do evento, 80 mil pessoas estiveram no evento, o que faz da edição deste ano a maior da história da capital mineira.

Além do público recorde, a parada de 2017, cujo lema é “Família e Direitos: nossa existência é singular, nossa resistência é plural” foi prestigiada pelo prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PHS) e pelo secretário de Governo e vice-prefeito, Paulo Lamac (Rede).

Foi a primeira vez, em duas décadas, em que um chefe do Executivo da capital compareceu à Parada LGBT. “O prefeito arrasou”, elogiou a trans Jennifer Mireia Über, 32, de Sete Lagoas, que também estreava no palco da praça da Estação. “Estou muito feliz que fui selecionada entre 350 artistas, uma conquista pessoal depois de nove anos no ramo transformista”, comemorava ela.

Aclamado pela multidão concentrada na Estação, Kalil usou de uma de suas marcas, a franqueza, para ressaltar o papel de gays, lésbicas, bissexuais, transexuais, travestis e transgêneros na sociedade belo-horizontina. “Vocês nos ajudam na economia, vocês movimentam Belo Horizonte”, ressaltou o prefeito. “A vida de cada um pertence a cada um. E quero colocar aqui, para o público, que a Prefeitura de Belo Horizonte no meu governo tem essa posição”, completou, prometendo ainda que estará presente, de agora em diante, em todas as edições da Parada LGBT de BH.

O vice-prefeito Paulo Lamac também reforçou, em entrevista ao Hoje em Dia, a posição da administração municipal. “Entendemos que não se pode ter distinção entre cidadãos em nenhuma característica. A sociedade brasileira em todos os sentidos tem que rechaçar qualquer tipo de discriminação”, declarou o secretário de Governo, também presente no evento.

Após a fala de Kalil, organizadores do evento agradeceram ao prefeito, mas cobraram mais políticas efetivas para proteger o grupo. Neste ano, a Câmara rejeitou uma emenda à reforma administrativa que previa a criação de um Conselho Municipal LGBT. A derrota, por 31 votos contra oito, foi encabeçada por membros da bancada evangélica.

 

Conquistas

Para Azilton Viana, presidente do Centro de Luta pela Livre Orientação Sexual de Minas Gerais (Cellos-MG), organizadora da Parada LGBT, a fala de Kalil ratifica os avançou que a comunidade LGBT tem alcançado nos últimos anos. E aproveitou para colocar o diálogo como arma para lidar com retóricas conservadoras e ações contrárias à diversidade de gênero. “Por todas conquistas alcançadas, eles (contrários ao movimento LGBT) precisaram se colocar para a sociedade. E esse é o embate: nós jamais faremos segregação. Pelo contrário. Nós não faremos aquilo que fazem conosco cotidianamente. Nós queremos unidade, construção coletiva, respeito às nossas diferenças e peculiaridades”, afirmou o presidente da Cellos-MG.

Depois da concentração na Praça da Estação, a multidão seguiu pelas ruas do Centro, por volta das 16h30, passando pela praça Sete, em direção à praça Raul Soares, ponto de chegada da parada. No caminho, quatro trios elétricos, além de um bloco carnavalesco, agitavam os milhares de presentes. Com o trânsito interditado pela BHTrans, o clima era de celebração, sem sinais de confusão ou tumultos.

Apesar do preconceito, da segregação e da homofobia praticadas todos os dias na sociedade, quem estava presente preferiu celebrar os avanços dos últimos anos. “A família tradicional mineira não é mais tão preconceituosa quanto era antes”, conta o geógrafo João Paulo Porto, 27, que compareceu pela segunda vez ao evento, este ano acompanhado do namorado, o matemático Giordanni Zoppellaro, 25. “Sinto que minha opção não é mais problema na família, trabalho, ou seja, na sociedade em geral”, diz João Paulo. “Não tem mais aquela segregação de antes. A gente pode ficar mais à vontade em qualquer lugar que vamos, sinto que a maioria das pessoas entende que somos um casal e respeitam isso”, comenta Giordanni.

VIARedação
FONTEHoje em Dia
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