Criação de peixe permite alimentar e ensinar profissão a internos em Sete Lagoas

Iniciativa da Epamig faz parte de programa de ressocialização na Apac de Sete Lagoas. Tilápias criadas em estrutura implantada na instituição vão alimentar os próprios internos

Tilápias criadas em tanques implantados na Apac de Sete Lagoas

“Quando eu sair daqui, não ficarei perdido e sem rumo na vida. Vou criar peixes”. Assim traça seus planos para o futuro o recuperando Breno Douglas, da Associação de Proteção e Amparo ao Condenado (Apac) de Sete Lagoas, que, em parceria com a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) e com o Poder Judiciário de Minas Gerais – comarca do município -, participa da construção do Centro de Referência em Ressocialização, Extensão e Pesquisa em Aquicultura Intensiva e Integrada (Crepai).

Na ação, que, em linhas gerais consiste na criação de peixes (tilápias) e na manutenção de um ambiente sadio e estruturado para os animais, os recuperandos são responsáveis diretos pelo manejo diário do Setor de Piscicultura.

Esse manejo engloba a recepção dos alevinos todos os meses, os tratos com ração específica, o monitoramento de qualidade de água, o acompanhamento geral para verificação se os componentes estruturais estão funcionando adequadamente (bomba d’água, sopradores, fluxo d’água, registros), comportamento dos peixes, limpeza, descarga, abastecimento de água, entre outras tarefas.

Segundo Giovanni Resende, pesquisador da Epamig, a rotina dos recuperandos tem seguido atividades de formação em abrangência.

“Adicionalmente, eles também fazem a verificação do funcionamento da estação de tratamento do efluente (ETAqua) e os tratos e colheita das culturas que se desenvolvem na Aquaponia e Camas de cultivo, como oleirícolas folhosas, plantas medicinais, aromáticas, flores e plantas aquáticas usadas como alimento natural para alguns peixes)”, diz Resende.

Além disso, segundo o pesquisador, os recuperandos também dão apoio em alguns pequenos ensaios, em testes, na recepção de visitantes e comunicam quando algo pode ser melhorado.

Breno tem um forte motivo para querer continuar trabalhando no ramo da aquicultura. Atualmente ele dedica a maior parte de sua hora produtiva ao Setor de Piscicultura, conciliando com as demais atividades inerentes ao método Apac de recuperação, que envolve apoiar no transporte de outros recuperandos, ajudar na portaria principal, atividades na marcenaria, dentre outras ocupações e obrigações como estudar e praticar a religiosidade.

“Quando eu sair daqui, não ficarei perdido e sem rumo na vida. Vou criar peixes”

Breno Douglas, recuperando da Apac de Sete Lagoas

Hoje, Breno se orgulha de ter sido protagonista da implantação da aquicultura na Apac de Sete Lagoas desde o início do projeto.

“Conheço todo o projeto, do comecinho até a parte de botar a mão na massa. Fazer de tudo para os tanques funcionarem e os peixes sobreviverem, se reproduzirem. A minha primeira tarefa do dia é vir mexer nos tanques, ver a temperatura da água, o funcionamento da bomba. Já recebi aqui quatro remessas de peixes”, conta o recuperando.

O futuro está bem próximo: ”Sinto que saio daqui outra pessoa, com um ofício a seguir. Ter ocupado meu tempo com algo que é minha paixão desde a infância (contato com a natureza) ajudou muito na minha recuperação”, destaca Breno que, fora da Apac contará com a ajuda da Epamig para consultorias e indicações referentes a oportunidades de trabalho na área.

A aquicultura em estrutura

Na Apac de Sete Lagoas encontram-se sete tanques suspensos em ferrocimento, com cerca de 4.500 litros de volume útil. Dois deles são destinados à recriação dos alevinos, que chegam com um a dois gramas e permanecem por 60 dias nessa fase de berçário.

Depois, mês a mês, o lote é transferido para o tanque de terminação, onde permanece por cinco meses, até alcançarem peso comercial (média de 900 gramas).

A previsão inicial, com essa estrutura produtiva, é de alcançar cerca de 200 kg de tilápia mensalmente, após a estabilização, que se dá com sete meses após o primeiro lote de alevinos ter sido entregue à Apac.

Para um futuro próximo, a expectativa é a implantação de mais dois módulos, com tanques de maior volume, dez mil litros, que possibilitarão a produção mensal de pelo menos 400 kg, cada módulo, segundo o pesquisador Giovanni Resende.

A estação de tratamento de água foi dimensionada para comportar a produção de uma tonelada por mês de peixes.

Além de destinar esse pescado para a alimentação dos próprios recuperandos, há a possibilidade de a Apac participar de algum programa de alimentação escolar do município ou mesmo fornecer a um menor custo o pescado para as famílias dos recuperandos.

FONTEAgência Minas
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