PCC planeja atacar fóruns de todo o país em busca de armas

Segundo investigação da Polícia Civil de São Paulo, invasões podem ocorrer a qualquer momento

Com base em interceptações telefônicas, a Polícia Civil de São Paulo suspeita que integrantes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) estejam planejando uma série de ataques a fóruns do país em busca de armas guardadas pela Justiça.

No fim do ano passado, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) proibiu, por meio de uma resolução, o armazenamento de armas em fóruns do Estado. Segundo a assessoria do órgão, a determinação está sendo cumprida, e o material apreendido está permanecendo em poder das polícias até o fim do processo judicial, quando é encaminhado ao Exército para ser destruído.

O sociólogo Victor Neiva, pesquisador do Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública (Crisp) da UFMG, alerta, no entanto, sobre a possibilidade de o PCC encontrar outros meios para agir em território mineiro, já que Minas é o quarto Estado com maior influência da facção. “O poder do PCC no Estado tem crescido. Esse fortalecimento, sem dúvida, deve gerar estratégias de ação”, diz o especialista. Ele lembra que há cerca de 200 presos ligados, direta e indiretamente, à facção paulista em dois pavilhões da Penitenciária de Segurança Máxima Nelson Hungria, em Contagem, na região metropolitana da capital mineira.

As polícias Civil e Militar de Minas Gerais foram procuradas e, até o fechamento desta edição, não se pronunciaram sobre o assunto.

Monitoramento. Nas conversas interceptadas, os criminosos falam da ordem dada por chefões do crime para a realização de levantamento de fóruns em todo o território nacional que possam ter estoques de ferramentas – como os criminosos se referem às armas.

Segundo o relatório da polícia, a ordem teria partido de Presidente Venceslau (SP) onde está presa a cúpula da facção, incluindo Marco Camacho, o Marcola, apontado como o principal chefe do grupo. A orientação dada aos subalternos é para que eles levantem informações sobre prédio e endereço e, em seguida, enviem fotos dos locais para auxiliá-los em futuras ações.

Como o PCC está em guerra declarada desde 2016 contra facções rivais, como o Comando Vermelho (CV), a polícia acredita que o armamento eventualmente roubado venha a ser usado para equipar integrantes nos Estados.

Um dos principais responsáveis pela cobrança do levantamento, segundo a polícia, era Wanderson Pessoa Lima, o Confusão, que aparece em ligações com comparsas de outros Estados em que cobra agilidade na pesquisa. Apesar da prisão de Wanderson, ocorrida no fim do ano passado, delegados afirmam que o plano de ataque aos fóruns está em andamento e pode ocorrer a qualquer momento. (Com agência)

Audácia

Ação. No meio da investigação, a Polícia Civil de São Paulo passou a monitorar ligações telefônicas de criminosos, incluindo alguns deles em presídios com bloqueadores de sinal.

Falta prevenção, diz analista

Segundo Cláudio dos Reis, vice-coordenador do Núcleo de Estudos sobre Violência e Relações de Gênero da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), a atuação criminosa do Primeiro Comando da Capital (PCC) é refletida pela falta de ações preventivas do poder público. “O Estado sempre corre atrás dos problemas, mas não age para evitá-los. Se o poder público teve acesso às informações e divulgou para a mídia, por que ainda não agiu?”, questiona.

De acordo com o especialista, a resolução do problema deve começar pelo investimento nos setores de inteligência da segurança pública. “Além disso, poderiam inutilizar, de alguma forma, as armas apreendidas”, diz.

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