‘É como enterrar você vivo’, diz pai de fisiculturista morto em boate

Três suspeitos da morte são foragidos da Justiça

Foto: O Tempo

Depois de um ano e três meses da morte do fisiculturista Allan Guimarães Pontello, de 25 anos, crime ocorrido na boate Hangar 677, no bairro Olhos D’Água, na região do Barreiro, em Belo Horizonte, a Justiça realizou, na tarde dessa segunda-feira (10), a primeira audiência de instrução do processo. O crime foi na madrugada de 2 de setembro do ano passado.

Seis testemunhas de acusação foram ouvidas, entre elas um amigo da vítima que também estava na boate, um outro conhecido que teria visto o rapaz caído no local onde teria ele sido agredido por seguranças da casa, e também prestaram depoimento a namorada de Allan e o médico que o socorreu.

O médico relatou ter ouvido três versões para o crime somente no período em que atendia a vítima. A primeira versão foi dada pelos bombeiros contratados pela casa de show, quando eles foram à ambulância de plantão onde estava o médico, para pedir a maca para socorrer o rapaz. Segundo os bombeiros, Allan foi encontrado caída perto do banheiro, conforme relatou o médico.

A segunda versão foi que o fisiculturista estaria fugindo dos seguranças que o abordaram sob suspeita de estar vendendo drogas na boate. A terceira versão que chegou ao conhecimento do médio foi que o rapaz teria ido agredido pelos seguranças. Segundo o médico, Allan já chegou à ambulância inconsciente, com sinais de parada cardíaca, e que ele tentou reanimá-lo.

Foragidos

O processo tem cinco réus, mas apenas dois compareceram à audiência. Um deles é policial militar que fazia bicos na boate. Outros três estão foragidos e a Justiça já decretou a prisão deles.

A próxima audiência está marcada para as 13h de 11 de março, no gabinete do juiz sumariante do 1º Tribunal do Júri do Fórum Lafayette, Marcelo Fioravante. Encerrada essa fase de instrução do processo, o magistrado vai decidir se manda, ou não, os réus para julgamento popular.

Angústia

O pai da vítima, o técnico em eletrônica Dênio Luiz Pontello, de 48 anos, acompanhou a audiência e disse ter ficado sufocado diante dos réus. “Triste, não. Foi sufocante. É como enterrar você vivo, jogar terra em você e você querer sair de dentro da própria sepultura, de tanta angústia no peito, e não conseguir”, desabafou o pai, emocionado. Segundo ele, a audiência foi marcada por uma mistura de sentimentos. “Ódio, tristeza e saudade. Foi muita brutalidade o que fizeram com o meu filho”, comentou.

Dênio disse que vai continuar lutando por Justiça. Ele andou espalhando outdoors por Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, onde mora, pedindo a condenação dos envolvidos no crime. “Não vou me calar. Eles me tiraram a coisa mais preciosa que eu tinha na vida, que era o meu filho”, lamentou.

O pai disse ter ficado revoltado com a tese de defesa do advogado Ércio Quaresma, defensor de três dos cinco réus. Na audiência, o advogado especulou que a morte foi em consequência de drogas no organismo da vítima. “Ele ficava batendo nessa tecla. Não há explicação para tanta brutalidade. Quebraram o meu filho todo, quebraram os dentes dele, a boca do menino toda, arrastaram ele no chão. Basta acessar as fotos do IML para comprovar que o meu filho ficou todo destruído”, reagiu o técnico em eletrônica. O advogado Ércio Quaresma foi procurado pela reportagem e não foi localizado.

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