Idoso que morreu após consumir cerveja da Backer foi diagnosticado com ansiedade

O corretor de imóveis José Alves tinha 75 anos e morava no bairro Floramar, região Norte de BH

Desde o fim de 2019, seis pessoas já morreram em Minas Gerais com suspeita de intoxicação por dietilenoglicol, após consumirem alguma bebida da Cervejaria Backer. Entre os casos, há o de José Alves da Silva, de 75 anos, que veio a óbito no dia 1º de fevereiro, após ficar 12 dias internado no hospital Risoleta Tolentino Neves, em Belo Horizonte.

Segundo a família, a vítima começou a passar mal no dia 1º de janeiro, logo após o Réveillon. “Nós fizemos uma grande festa em que cada pessoa trazia a sua bebida, na casa dele mesmo. Tinha muita gente: família e amigos. Então, havia bebidas de todos os tipos. Acho que da Backer tinha a Belorizontina e uma outra. Outras pessoas também passaram mal, com dor abdominal, mas todo mundo achou que era ressaca”, disse a sua filha Caroline Aparecida Silva, de 32 anos.

O idoso só procurou ajuda médica 15 dias depois de iniciar os sintomas, que não cessaram. “Nós procuramos no dia 15 atendimento na unidade de saúde Jardim Guanabara, onde o médico só aferiu a pressão dele e falou que era ansiedade. Aí passou um ansiolítico. Mas aí só foi piorando. Já no dia 20, nós procuramos a outra unidade, no Floramar, onde eles fizeram os exames que é de padrão e o encaminharam para o Risoleta”, contou.

Internação

Segundo a filha, que é estudante de Fisioterapia, o pai deu entrada no hospital com falta de ar e dor abdominal, mas estranhou o fato ser feita uma laparotomia exploratória, que é quando é feito um grande corte no abdômen do paciente e seu órgãos ficam à mostra, para serem analisados.

“Os médicos da emergência fizeram uma laparostomia exploratória sem a minha autorização e sem me comunicar. Uma cirurgia de alto risco. A médica não conseguia entender como que uma pessoa que chega com dor abdominal e falta de ar faz uma cirurgia dessa”, afirmou.

A médica citada é a mesma que, segundo a família, comunicou aos órgãos da Saúde a suspeita de intoxicação por dietilenoglicol, pois ele relatou que ingeriu uma cerveja da Backer e começou a perder os movimentos de seus membros superiores e perdendo a visão.

O paciente ficou internado no Centro de Terapia Intensiva (CTI) até o dia 31 de janeiro, um dia antes de morrer. “Ele conseguiu voltar o movimento, não tão bom quanto era. A visão também não tão boa, mas ele conseguiu recuperar um pouco. Tiraram ele do CTI, enviaram para a enfermaria, e tiraram ele da hemodiálise. Foi questão de um dia sem hemodiálise, e ele teve uma piora enorme. Obteve uma parada cardiorrespiratória na minha frente e ele voltou para o CTI, só que ele não aguentou por causa dessa insuficência renal, e morreu”, relatou Caroline.

Respostas

A Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Secretaria Municipal de Saúde informou que o José da Silva deu entrada no Centro de Saúde Jardim Guanabara no dia 15/01, apresentando sintomas não condizentes com intoxicação por dietilenoglicol e sem relato de ingestão da cerveja Belorizontina. O paciente passou por consulta médica, recebeu orientação e foi encaminhamento para a realização de exames complementares.

Já no dia, 20/01, ele deu entrada no Centro de Saúde Floramar, também sem sintomas e relatos de ingestão de cerveja da Backer. “O paciente recebeu assistência médica necessária, e para dar sequência ao tratamento, foi transferido para o Hospital Risoleta Neves”, afirmou.

O hospital Risoleta Toletino Neves informou, por meio de nota, que apenas dois dias após a sua internação um familiar disse que ele havia ingerido uma cerveja da Backer, por isso o caso foi enquadrado como suspeito de intoxicação.

A unidade ainda afirmou que deu toda a assistência necessária durante a sua internação, e que o seu caso segue sob investigação. O hospital não comentou sobre a laparotomia exploratória, feita, supostamente, seu a autorização da família.

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