Grupo de Curvelo faz máscaras em impressão 3D e doa para hospitais

Profissionais usando as máscaras feitas em impressão 3D — Foto: Hospital Imaculada Conceição / Divulgação

Sensibilizado pela situação de profissionais e hospitais de todo o mundo que enfrentam dificuldades para adquirir equipamentos de proteção individual um engenheiro teve a ideia de produzir máscaras em casa usando uma impressora 3D em Curvelo, interior de MG.

“É hora de olhar para o lado e enxergar o que o outro precisa. Se eu posso fazer algo pelo lugar onde moro, também estarei contribuindo com o restante do mundo”, enfatiza Caio Simões.

A iniciativa do jovem engenheiro chegou a outros moradores da cidade, que também tinham o desejo de ajudar. Eles se uniram e formaram o Grupo Juntos Pela Vida, que já entregou 147 protetores faciais para hospitais de Curvelo e de outros municípios. Outros 160 já estão prontas.

“Inicialmente, eu usava meu conhecimento e o meu equipamento. Agora, somos um grupo e cada um está ajudando com o que pode. O que nos uniu não foi um simples interesse em comum, foi um propósito. Essa união surge em um momento no qual as pessoas permanecem distantes fisicamente, mas estão construindo relações fortes, porque são baseadas em propósitos, o de ajudar é um deles.”

Caio é de Pernambuco e se mudou com a esposa e o filho para Curvelo após ser contratado por uma empresa. Apesar de ter saído do emprego, decidiu ficar por conta da qualidade de vida que a família tem. Antes da pandemia, estava colocando um projeto pessoal em prática, queria abrir uma escola para crianças e adolescentes voltada para tecnologia, robótica e impressão 3D.

“Hoje, se você tiver R$ 1 milhão e quiser comprar máscaras não vai conseguir. Como acompanho essa guerra mundial pelos equipamentos e acredito que a gente pode fazer o que quiser desde que tenha o conhecimento comecei pesquisando, encontrei alguns projetos e decidi executar a ideia.”

Caio é engenheiro e mora em Curvelo há quase dois anos — Foto: Caio Simões / Arquivo Pessoal

Diante da intenção de colocar o projeto de fabricação de máscaras 3D em prática, Caio esbarrou na falta de material. Ao tentar adquirir o acetato, foi informado que o Hospital Imaculada Conceição havia comprado o material disponível na cidade. Ele conseguiu o contato da gerente de apoio operacional da unidade de saúde, que abraçou a ideia e forneceu a matéria-prima.

“A mobilização dessa rede de solidariedade demonstra a preocupação que a população tem com os profissionais que estão na linha de frente. É muito prazeroso saber que tem quem se importe conosco”, fala Cleyde Fanglard.

A gerente de apoio operacional conta que fez a compra do acetato para se antecipar à falta de protetores faciais, mas não sabia o que iria fazer, já que faltavam outras partes para montagem das máscaras. Os profissionais do Hospital Imaculada Conceição já estão usando o EPI feito em 3D, cada um é responsável por zelar e higienizar o próprio equipamento. A unidade de saúde foi fundada há 100 anos e tem 420 colaboradores.

“É uma doença nova, o colaborador fica inseguro e os protocolos são alterados mediante a evolução da pandemia. Se os funcionários se sentem mais seguros, consequentemente, prestam um atendimento melhor.”

Impressoras trabalham 24h

Caio Simões explica que a impressão 3D consiste em criar objetos a partir de camadas formadas por plástico derretido. Inicialmente, uma máscara demorava quatro horas e meia para ficar pronta. Atualmente, o tempo para fabricar uma é de uma hora e 20 minutos.

“As cinco impressoras que temos trabalham 24 horas, quem tem a função de imprimir, acorda várias vezes durante a madrugada”, conta.

Seguindo as orientações das autoridades de saúde, os membros do grupo estão em isolamento social. “Cada um produz na própria casa, uma pessoa pega os equipamentos, traz para minha casa, a gente verifica a demanda e distribui. As pessoas entram em contato por uma página em uma rede social e controlamos a demanda, que atualmente é de 441 máscaras.”

Hospital Santo Antônio recebe máscaras feitas em impressoras 3D — Foto: Hospital Santo Antônio / Divulgação

Parte das máscaras também chegou ao Hospital Santo Antônio, que existe há 153 anos e foi fundado antes mesmo de Curvelo se tornar município. A gerente de apoio aos processos explica que a unidade de saúde é filantrópica e 70% dos atendimentos são destinados aos pacientes do SUS.

“Ninguém está conseguindo comprar essas máscaras, tínhamos poucas e o uso é individualizado. Ficamos muito felizes, principalmente, porque é um iniciativa que reúne tantas pessoas, instituições e entidades, que estão se mobilizando em prol do bem comum”, destaca Vera Lúcia Fernandes Souza.

Após atender aos dois hospitais de Curvelo, a ideia do Grupo Juntos Pela Vida é fornecer equipamentos para as unidades de saúde da região.

“Temos uma demanda de 441 máscaras. Estamos nos mobilizando e contando com toda ajuda possível, mas para quem não tem como ajudar diretamente, meu pedido é, fique em casa. Esse é um gesto que protege não só você, protege quem você ama. Dessa forma, você já vai ajudar e muito”, finaliza o engenheiro mecânico.

FONTEG1
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