Ex-diretor de presídio em MG e delegado da Polícia Civil são presos em operação da PF contra corrupção nas penitenciárias

Ao todo, são 29 mandados de prisão preventiva e 45 mandados de busca e apreensão. Outros alvos são servidores públicos, advogados e detentos.

Dinheiro apreendido na operação — Foto: Divulgação/PF

O ex-diretor da Penitenciária Nelson Hungria Rodrigo Clemente Malaquias, o delegado da Polícia Civil Leonardo Estevaam Lopes e o advogado Fábio Piló estão entre os presos na manhã desta quinta-feira (8) em uma operação da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco), coordenada pela Polícia Federal, que investiga um esquema de corrupção para beneficiar presos por meio do pagamento de propina a servidores e advogados (saiba mais sobre o esquema abaixo).

Ao todo, são cumpridos 29 mandados de prisão e 45 de busca e apreensão contra uma organização criminosa comandada por servidores e advogados suspeitos de corrupção em unidades prisionais de Minas Gerais. A operação ocorre em Belo Horizonte e mais 14 cidades do Estado.

Os 29 mandados de prisão são para 5 parentes de presos; 5 servidores públicos (três policiais penais, Rodrigo Malaquias e o delegado Leonardo Estevam Lopes); 6 advogados e 13 pessoas que já estavam presas. Até as 10h20, faltava cumprir apenas um mandado de prisão, de um ex-detento.

De acordo com as investigações integradas entre as polícias Civil e Penal de Minas Gerais e o Departamento Penal Federal, presos de alta periculosidade eram transferidos indevidamente de unidades após pagamento, que era dividido entre os líderes da organização criminosa.




Com o pagamento da propina, segundo a investigação, os detentos eram colocados em alas ou pavilhões com benefícios, como trabalho, a que não teriam direito pelas normas da execução penal. Os servidores públicos e advogados atuavam na negociação para a entrada de objetos não permitidos, dentre outras práticas ilícitas.

Os investigadores conseguiram identificar crimes praticados pela organização criminosa, principalmente em duas unidades prisionais na Região Metropolitana de Belo Horizonte — o Complexo Penitenciário de Segurança Máxima Nelson Hungria, em Contagem.




O nome da operação, “Alegria”, é uma alusão à forma cômica como os integrantes da organização se referem a este estabelecimento.

Os alvos são investigados pelos crimes de participação em organização criminosa, corrupção ativa, corrupção passiva e concussão. As penas podem chegar a 20 anos de reclusão.




Além da capital, os mandatos são cumpridos no Município de Betim, Contagem, Fervedouro, Francisco Sá, Lagoa Santa, Matozinhos, Muriaé, Ouro Preto, Passos, Patrocínio, Ribeirão das Neves, Uberaba, Uberlândia e Vespasiano.

A organização criminosa atuava há 1 ano e meio e, segundo o delegado da Polícia Federal, Alexsander Castro, só um servidor lucrou cerca de R$2 milhões neste período.




O advogado de Rodrigo Clemente Malaquias, Leandro Martins, disse que vai se manifestar após ter conhecimento dos autos do inquérito.

A reportagem entrou em contato com a defesa do advogado Fábio Piló, com a Polícia Civil e com a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais, mas até a última atualização desta reportagem não havia retorno. A reportagem não conseguiu contato com o delegado Leonardo Estevam Lopes ou sua defesa.

Prédio onde está sendo cumprido mandado de busca e apreensão em BH — Foto: Aluísio Marques/TV Globo
FONTEG1
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