Às vésperas de mais um júri, família de fisiculturista sete-lagoano em boate de BH pede justiça: ‘É revoltante’

Parentes de fisiculturista morto em boate clamam por justiça — Foto: Dênio Guimarães Pontelo/Arquivo Pessoal
“Não podemos aceitar! É revoltante”. As frases estão em outdoor instalado, nesta terça-feira (24), pela família do fisiculturista Allan Guimarães Pontelo às vésperas de mais um julgamento do caso. O sete-lagoano morreu aos 25 anos após ser agredido por seguranças de uma casa noturna de Belo Horizonte.

Ao todo, são dois painéis colocados em Contagem, cidade da Região Metropolitana de Belo Horizonte, onde moram parentes da vítima.

Fisiculturista Allan Pontelo foi morto em setembro, após confusão em boate em Belo Horizonte — Foto: Reprodução/Facebook

Nesta quinta-feira (26), mais um acusado se sentará nos bancos dos réus. Desta vez, os jurados vão decidir se Paulo Henrique Pardim de Oliveira, que está preso, será considerado culpado ou se será absolvido.


O pai de Allan, o técnico em eletrônica Dênio Luis Pontelo, espera que o réu seja condenado, assim como outros dois seguranças – Carlos Felipe Soares e William da Cruz Leal – que foram sentenciados a 16 anos de prisão em agosto. Paulo Henrique deveria ter sido julgado na mesma sessão, mas teve o júri desmembrado.

Allan Guimarães Pontelo morreu na madrugada deste sábado. — Foto: Reprodução/TV Globo

“Não vai trazer meu filho de volta, mas pelo menos eu sei que as pessoas estão pagando pelo que fizeram. Espero que a Justiça dê uma pena certa a cada um deles”, disse o pai da vítima.

A morte de João Alberto Freitas, agredido por seguranças de uma loja do Carrefour no Rio Grande do Sul, fez Dênio se lembrar do assassinato do filho.

“Eu não consegui ver a imagem, não. Estava assistindo TV e saí da sala na hora. Foi a mesma coisa que fizeram com meu filho. Costela quebrada, crânio afundado, destruíram o menino todo”, disse.


De acordo com o advogado da família, Geraldo Magela de Carvalho Lima, o réu era segurança freelancer da boate e se passava por policial civil. Segundo ele, o acusado teria dado guarida aos outros seguranças da boate.

A defesa de Paulo Henrique nega que ele se passasse por policial. No julgamento, o advogado Ramon dos Santos disse que vai defender a tese de negativa de autoria. Ele sustenta que o cliente não estava presente no momento em que o fisiculturista foi agredido com um mata-leão porque teria saído para avisar ao gerente que os colegas teriam encontrado droga com Allan.

A família do fisiculturista diz que os entorpecentes não eram da vítima. “Meu menino nunca mexeu com droga, eles que plantaram as drogas para forjar essa estupidez que eles fizeram”, afirmou Dênio.


O crime

O crime aconteceu na madrugada do dia 2 de setembro de 2017, na boate Hangar 677, no bairro Olhos D’Água, na Região Oeste de Belo Horizonte.

De acordo com a denúncia, o fisiculturista foi abordado pelos seguranças William e Carlos e levado para uma área restrita da boate para que fosse revistado.

Como consta na sentença que decidiu que os réus iriam a júri popular, a promotoria argumenta que, como a vítima teria se recusado a se submeter a revista, com cobertura e apoio dos outros acusados, os seguranças “passaram a espancá-la violentamente, desferindo-lhe empurrões, socos e chutes, imobilizando-a e estrangulando-a até a morte”.

De acordo com a defesa da família, além de Paulo, William e Carlos, outros dois réus respondem pelo crime.


A reportagem questionou a assessoria do Fórum Lafaytte sobre a situação desses acusados, mas, até a última publicação da reportagem, não havia obtido resposta.

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