Glauber conta que, depois de terminar a corrida, por volta das 2h, percebeu que estava sendo perseguido por um carro Mitsubishi Lancer. “O condutor desse carro vinha piscando farol e buzinando e, quando pareou comigo, apontou uma arma pra mim e mandou eu parar. Como eu não sabia o que estava acontecendo, acelerei pra fugir. Depois, ele me ultrapassou e deu uma freada, me fechando”, descreveu.
“Depois disso ele, chegou ao lado do carro e bateu com a arma na minha cabeça e me deu várias coronhadas. Ele me mandava descer do carro, mas por sorte consegui travar as portas e não desci. Depois disso ele passou a bater e amassar a lateral do meu carro, foi quando finalmente uma viatura da PM chegou e mandou que ele parasse com as agressões. Foi só depois disso que eu desci do carro”, afirmou.
A agressão ocorreu na avenida Adair de Souza, a poucos quarteirões de onde a passageira havia sido deixada, em um condômino residencial no bairro Belo Vale.
Com a chegada da viatura da PM o agressor se identificou, dizendo que também era policial militar e que havia perseguido o motorista de aplicativo por ele ter assediado sua esposa. Ele se identificou como cabo Cosme Damião Aeres Salvino e disse que ter sido avisado pela esposa que, ao fim da viagem feita pelo aplicativo, o condutor teria passado as mãos em suas pernas. O policial e sua esposa não aceitaram falar com a reportagem.
O motorista nega a versão do PM e diz que a mulher se mostrou irritada quando ele pediu que ela colocasse uma máscara para prosseguir com a viagem, no começo da corrida. Ela estava acompanhada pela filha, que, segundo a PM, tem 12 anos. “(A mulher) não aceitou e só colocou a máscara depois que a filha dela, que também estava sendo levada, entregou uma para ela. Durante a viagem ela disse que motoristas de aplicativos eram todos ‘passa fome’ e folgados. Ela também disse que o marido era policial e batia em todo mundo só não batia em ninguém em casa. Quando terminou a viagem ela deixou a porta aberta. Eu disse que ela estava sendo mal educada e que se quisesse ela não gostou da corrida poderia reclamar no aplicativo”, afirmou.
A Sala de Imprensa da Polícia Militar informou que o motorista teria reagido à investida do policial e entrado em luta corporal com ele. Glauber afirma que a alegação do militar não procede, já que sequer teria descido do carro enquanto era agredido. “Eu tenho três anos de trabalho com aplicativos de transporte e nunca tive uma reclamação. Além disso, depois de me bater o policial também jogou quatro balas de revólver dentro do meu carro para tentar me incriminar. Eu não desci do carro, ele estava armado o tempo todo”, reforçou.
O policial responsável pela agressão foi preso em flagrante. O caso foi levado para a Primeira Delegacia de Polícia Cívil de Santa Luzia. Já Glauber, foi levado para Unidade de Pronto Atendimento (UPA) no bairro São Benedito. Ele teve ferimentos no rosto, foi atendido e liberado após receber cinco pontos no rosto.
Apesar de preso, quando a reportagem chegou na delegacia, o policial estava junto da esposa em um carro particular, com portas e vidros fechados. Nem o policial militar nem a esposa aceitaram falar sobre a situação.
A reportagem solicitou um posicionamento da Polícia Militar, que até o fechamento da matéria não se pronunciou, informando apenas que a resposta será dada pela 3ª Região da PM, a qual pertence o 35º Batalhão.
O motorista disse desejar que o agressor pague pelas lesões causadas contra ele e também pelos danos provocados no carro, que teve a lateral amassada em vários pontos.
Esta matéria está em atualização.