Terremoto de magnitude 5,9 deixa ao menos mil mortos no Afeganistão

Número de vítimas de terremoto no Afeganistão pode ultrapassar mil mortos

Ao menos mil pessoas morreram e mais de 1,5 mil ficaram feridas após um terremoto de magnitude 5,9 na escala Richter atingir uma região montanhosa e isolada no sudeste do Afeganistão. As autoridades alertam que o número de vítimas ainda deve aumentar, acentuando ainda mais a miséria naquele que é um dos países mais pobres do planeta após as duas décadas de invasão americana que chegaram ao fim no ano passado.

— O balanço chegou a mil mortos, e deve aumentar. Achamos corpo atrás de corpo — disse o chefe do serviço de Informação e Cultura da província de Paktika, Mohamad Amin Huzaifa, sobre aquele que é o terremoto mais letal no país em ao menos duas décadas.

Conforme o Centro Geológico dos Estados Unidos (USGS), o tremor aconteceu a 10 km de profundidade, às 1h30 (18h de terça, hora do Brasil), a cerca de 45 quilômetros ao sudoeste da cidade de Khost, capital da província homônima, fronteiriça com o Paquistão. Um segundo tremor de 4,5 graus aconteceu na mesma área e com poucos minutos de intervalo.

O primeiro-ministro, Mohammad Hassan Akhand, informou após uma reunião extraordinária do Gabinete que um bilhão de afegãos (cerca de 57 milhões de reais) serão alocados para ajudar as famílias das vítimas do terremoto.

Com as reservas do Banco Central afegão depositadas nos EUA bloqueadas desde o retorno do Talibã ao poder, com a caótica saída dos militares americanos em agosto de 2021, a situação econômica é catastrófica. O dinheiro equivale a cerca de US$ 10 bilhões, ou metade de todo o Produto Interno Bruto (PIB) afegão de 2020.

Por pressão de Washington, organismos como o FMI e o Banco Mundial também congelaram seus repasses. A suspensão da ajuda internacional, que sustentava o país há duas décadas, agora chega a conta-gotas.

Em abril, um grupo de 41 países se comprometeu a doar US$ 2,44 bilhões em ajuda humanitária ao Afeganistão. O valor, contudo, é praticamente a metade dos US$ 4,4 bilhões pedidos pela Organização das Nações Unidas, que faz um alerta: mais de 24 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na nação da Ásia Central, com 9 milhões correndo o risco de passar fome.

Fotos de casas destruídas na região rural pobre e isolada foram divulgadas nas redes sociais. Vídeos mostram alguns moradores feridos sendo carregados até um helicóptero. A situação é ainda mais preocupante porque os serviços de emergência do país, limitados há muitos anos em número de funcionários e capacidade, não estão preparados para enfrentar catástrofes naturais de grandes proporções. Yaqub Manzor, líder tribal de Paktika, disse que muitos feridos são do distrito de Giyan e foram transportados em ambulâncias e helicópteros.

— Os mercados locais estão fechados e as pessoas correram para ajudar nas áreas afetadas — declarou à AFP por telefone.

Resposta internacional

O terremoto foi sentido em várias províncias da região, assim como na capital Cabul, que fica 200 km ao norte do epicentro do tremor. Também foi sentido no Paquistão, mas até o momento não foram relatados danos ou vítimas no país vizinho.

O primeiro-ministro paquistanês, Shehbaz Sharif, disse que está “profundamente entristecido” com a tragédia e afirmou que o governo do país está trabalhando para dar apoio aos colegas afegãos.

O enviado especial da União Europeia no Afeganistão, Tomas Niklasson, escreveu no Twitter que o bloco “acompanha a situação (…) e está disposto a coordenar e fornecer ajuda de emergência”. A ONU também anunciou que estuda as necessidades de ajuda do país.

O papa Francisco expressou solidariedade às vítimas durante a audiência geral semanal na Praça de São Pedro, no Vaticano.

“Expresso minha proximidade com os feridos e as pessoas afetadas pelo terremoto. E rezo especialmente pelos que perderam a vida e suas família”, disse o pontífice.

O Afeganistão registra terremotos com frequência, em particular na região de Hindu Kush, que fica entre o Afeganistão e o Paquistão, na união das placas tectônicas eurasiática e indiana. As catástrofes podem ser devastadoras devido à pouca resistência das casas rurais afegãs. Em outubro de 2015, um terremoto de 7,5 graus nas montanhas de Hindu Kush deixou mais de 380 mortos nos dois países. As vítimas afegãs incluíram 12 meninas, que em pânico tentaram fugir da escola durante o tremor.

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