Durante o período de 18 meses em que ficou na Apac de Sete Lagoas (MG), Pedro*, 26 anos, fez um curso profissionalizante de mecânica de automóveis e entrou na faculdade de Administração. Hoje, ele é dono de uma empresa que produz e comercializa cerca de 600 quilos de linguiça por mês. “Agora tudo que eu quero é fazer negócios”, afirma.
Sua primeira incursão no empreendedorismo aconteceu aos 19 anos, quando recebeu dos pais a incumbência de comandar um açougue em Sete Lagoas. Durante dois anos, ele tocou o negócio da família. Mas Pedro não estava satisfeito. Queria mais dinheiro. Para satisfazer seu desejo, começou a assaltar residências à mão armada. “Nunca usei drogas”, diz. “Gostava de ostentação, de sair na noite. Cheguei a ter quatro carros na garagem. Todos de luxo.”
Em 2013, assaltou um sítio próximo a Sete Lagoas. Com sua quadrinha, roubou R$ 300 mil em veículos, eletrônicos e joias. No dia seguinte, ao ouvir o noticiário, Pedro ficou preocupado: o sítio pertencia a uma personalidade conhecida no estado. Em três semanas, todo o bando foi preso. Pedro passou três anos na cadeia — metade desse tempo foi em uma penitenciária, e a outra metade em uma Apac, de onde saiu em novembro de 2015. “No presídio, ninguém pensa em nada, só em sair. Com o trabalho da Apac, você se sente valorizado. Isso muda o pensamento.”
Para Maurílio Leite Pedrosa, do Minas pelas Paz, não existe emoção maior do que descobrir que um detento se transformou em um empreendedor bem-sucedido. “Esse trabalho de recuperação me transforma a cada dia”, diz. O Minas pela Paz, fundado em 2007, é um instituto que tem como propósito proporcionar a inclusão de ex-condenados no mercado de trabalho e na sociedade, reduzindo assim os índices de reincidência criminal e atua em 39 Apacs de Minas Gerais.
Quadrinha ou Quadrilha? Parabéns pela volta por cima. Deus abençoe!