Depois de ter interrompido a sequência de oito trimestres consecutivos com variação negativa, com desempenho estável no 1º trimestre deste ano (em relação ao trimestre imediatamente anterior), o Produto Interno Bruto (PIB) mineiro apresentou resultado positivo. No segundo trimestre de 2017 houve expansão de 1,7%, em termos reais, em relação ao primeiro trimestre do ano, considerando a análise da série com ajuste sazonal. Os dados são parte do produto Indicadores FJP – PIB trimestral de Minas Gerais, 2° Trimestre/2017, divulgado pela Fundação João Pinheiro (FJP).
O secretário de Estado de Planejamento e Gestão, Helvécio Magalhães, comemorou os resultados. “É importante ver a economia do estado crescer para que possamos melhorar os serviços prestados. Vamos continuar trabalhando para diversificar a economia mineira e reduzir a dependência de commodities”, disse.
“Esperamos que esta estabilidade dos dois últimos trimestres se mantenha e continue a apontar que a economia mineira tem conseguido fazer um giro e sair, principalmente, desses dois anos de muita dificuldade e, aí sim, passe de uma estabilidade para um período de crescimento”, afirmou o secretário adjunto de Planejamento e Gestão de Minas Gerais, César Lima.
O PIB brasileiro, no mesmo período e na mesma base de comparação, expandiu 0,2% de acordo com o Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Setor de serviços
Segundo a Fundação João Pinheiro, a expansão do PIB mineiro foi resultado do desempenho positivo no setor de serviços (0,5%), tendo em vista que tanto a agropecuária (-0,2%) quanto a indústria (-0,1%) apresentaram resultados levemente negativos.
“Chama a atenção o fato de que, ao contrário do que ocorreu nos dois trimestres anteriores (4º de 2016 e 1º de 2017), o setor agropecuário apresentou desempenho negativo. Isto se deve à retração na produção do café arábica, que não foi totalmente compensada pelo crescimento da safra de cereais, segmento onde se destacou a elevação da produção de milho”, explicou o pesquisador da Fundação João Pinheiro Glauber Silveira.
O setor industrial ainda apresentou resultado geral negativo, em face, sobretudo, da retração da indústria extrativa mineral. No entanto, a indústria de transformação, que já havia apresentado sinal de recuperação no primeiro trimestre de 2017, em comparação com o trimestre imediatamente anterior, voltou a registrar desempenho positivo. Nesse segmento, os dados da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF) indicam retomada do nível de atividade na indústria têxtil e na fabricação de produtos de metal – exceto máquinas e equipamentos.
A indústria de construção civil segue apresentando resultado negativo, mas em nível inferior àquele registrado no primeiro trimestre de 2017. Já no caso da indústria de energia e saneamento, o desempenho negativo foi ainda mais intenso do que aquele verificado no primeiro trimestre deste ano, em razão da dificuldade de normalização do nível dos reservatórios para a geração hidroelétrica.
No setor de serviços, principal responsável pelo crescimento do PIB mineiro no segundo trimestre de 2017, ao lado da indústria de transformação, destaca-se recuperação mais intensa do subsetor de comércio (1,4%). Isto se deve à elevação no consumo das famílias, também evidenciada pela manutenção do crescimento no agrupamento de outros serviços (0,6%).
Dados oriundos da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) indicam que, no segundo trimestre deste ano, houve significativa expansão no volume de vendas nos segmentos de tecidos, vestuário e calçados; livros, jornais, revistas e papelaria; e de hipermercados e supermercados. O desempenho positivo do setor serviços, no entanto, foi arrefecido pela retração dos subsetores de transportes e da administração pública.
No cômputo dos dois trimestres de 2017 verifica-se que o PIB mineiro apresentou crescimento de 0,2%, em relação ao mesmo período de 2016. “Nesta base de comparação, as atividades agropecuárias tiveram melhor desempenho (expansão de 6,5%). O setor industrial registrou retração (1,0%), a despeito da recuperação do subsetor de indústria extrativa mineral (crescimento de 10,4), que contrasta com a retração de 8,0% da indústria de construção civil, de 3,9% do subsetor de energia e saneamento, e de 0,5% na indústria de transformação”, avaliou Silveira. “O setor serviços apresentou resultado nulo, com variação positiva no subsetor de transportes compensado pela variação negativa nas demais atividades”, completou.
Valores Correntes
Com a conclusão dos aperfeiçoamentos metodológicos no cálculo do PIB trimestral de Minas Gerais, colocando-o plenamente integrado ao Sistema de Contas Regionais na referência 2010, tornou-se possível a divulgação dos valores correntes setoriais do valor adicionado (agropecuária, indústria e serviços) e do PIB mineiro a partir do novo ano de referência (2010). O PIB mineiro no segundo trimestre de 2017 totalizou R$ 145,8 bilhões. O valor adicionado da agropecuária registrou R$ 13,0 bilhões; da indústria R$ 30,2 bilhões e dos serviços R$ 85,3 bilhões.