Com o desejo de fomentar a cultura, estimular e promover o encontro entre grupos e artistas de todo o país em Sete Lagoas, a 4ª Temporada de Teatro anuncia a programação das 12 esquetes selecionadas para o 3º Curta Teatro – Festival de Cenas Curtas de Sete Lagoas. Os trechos serão encenados nos dias 20, 21 e 22 de outubro no anfiteatro do Casarão, às 20h, com entrada franca. A realização tanto do festival quanto da temporada é da Preqaria Cia de Teatro, com apresentação do Circuito Cultural Cimentos Nacional, por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura, e correalização da Prefeitura de Sete Lagoas.
Duas das cenas selecionadas são de grupos teatrais de Sete Lagoas: Grupo Drama de Teatro e Allan Calisto. Há ainda cinco cenas de Belo Horizonte, duas de São João del-Rei, uma do Rio de Janeiro, uma de Brasília e uma de Sorocaba. “Além de prezar pela qualidade das cenas, priorizamos as diferenças entre as linguagens, valorizando as experimentações”, comenta o coordenador da temporada e curador do festival, o diretor teatral João Valadares. Confira o nome da cena, o grupo responsável e a origem:
20/10, sexta:
– ContrAção – Marina P. Galeri/Belo Horizonte
– Mada-Lena’s – Teatro Olho Nu/Belo Horizonte
– Museu Vivo e o Vagabundo – Allan Calisto/Sete Lagoas
– Riso do Mal – Grupo Drama de Teatro/Sete Lagoas
21/10, sábado:
– Camarim – Cia. Valentina de Teatro/São João del Rei
– A Quinta História – Anderson José Caetano/Rio de Janeiro
– Lady Macbeth – Letícia Rolim Abadia/Brasília
– A Madame – Nenhuma Cia de Teatro/Belo Horizonte
22/10, domingo:
– Boris/Ciência sem Conciência – Cia Alquimera/Belo Horizonte
– Mudar para Capitar – O Guru Pô – Teatro Intencional & Carpintaria/Sorocaba
– Enquanto não se fala – Cena a dois/São João del-Rei
– Protótipo para Cavalo – Bremmer Guimarães e Brunno Oliveira/Belo Horizonte
A 4ª Temporada de Teatro de Sete Lagoas e o 3º Curta Teatro contam também com os apoios da Musirama FM, Jornal SETE DIAS, site SeteLagoas.com.br e Panificadora Galdina. Informações: 98894-4243.
Sinopses
20/10, sexta, 20h:
– ContrAção
Mulheres no mesmo barco. Um parto. Uma antítese em comum: beleza e dor. Um deus? Não, uma Deusa. Pra iluminar, Iemanjá. Pra refrescar, o mar. Pra cicatrizar, também o mar. Um médico insensível. Um carniceiro. Uma musa inspiradora: Rosimeire. Um possível diálogo dentro do ventre materno. Reflexões sobre o peso de se nascer mulher. Duas atrizes que, conscientes dos seus privilégios, falam de experiências que só foram possíveis de serem vivenciadas porque são mulheres. Marés altas e baixas. Inúmeras contrações. Mas, como bem disse Manoel de Barros: as antíteses congraçam.
– Mada-Lenas
Um…dois…três…quatro..cinco.seis.sete.oito.nove.dez…onze…doze..treze.quatorze…quinze! Uma mulher! Madalena. Abusada. Violentada. Diz-se ser por amor. Diz-se na dor, na pele. Nua. Cor de dor, vermelha, sangra. Grita-se calada, numa sociedade machista. Menina, mulher, senhora das dores, sufocada por seus amores.
– Museu Vivo e o Vagabundo
Um rapaz perseguido por um guarda dentro de um museu, se assusta ao ver uma pessoa, mas na verdade percebe que é um terno com um chapéu muito elegante, ele chega próximo dele vê que está empoeirado tira um lenço para limpar o terno e tem uma grande surpresa, o objeto ganha vida.
– Riso do Mal
Em um acaso, numa mesa de bar, Rafaela e Mateus se encontram e se conhecem. Duas pessoas tão parecidas e ao mesmo tempo tão diferentes. Rafaela, mulher inteligente, sociável e educada. Mateus, um galanteador que sabe o que falar para uma mulher. Depois de um divertido papo, Mateus é surpreendido e seu preconceito o afasta daquela que é inteligente, sociável e educada.
21/10, sábado, 20h:
– Camarim
E da noite para o dia chegamos ao fim da vida. Ela, a vida, é apenas um sopro e tão rápido como foi lançada, dissipa-se no espaço. Cabe-nos apenas perpassar pelo que ocorre nesse ínterim, e trazer à memória a juventude que um dia floresceu. Cena curta elaborada inicialmente no laboratório de marionetes “Plan B”, de Natacha Belova, em Santiago, Chile.
– A Quinta História
Clarice Lispector ultrapassou a escravidão dos gêneros. Escrevia em fragmentos que depois montava. Sua escrita ultrapassa o espaço das regras textuais e ganha em cada frase uma vida poética. Em 1971, Lispector publicou o livro “Felicidade Clandestina” em que encontra-se “A Quinta História”. A cena, depois de mais do que 40 anos da escritura original da autora, ganha os palcos numa atuação que demonstra a essência humana corriqueira a partir da trágica decisão de como desenvolver um conto em que há apenas dois caminhos: o ser e a alma. Enquanto a vida banal passa, a personagem encontra na morte das baratas uma epifania de sua realidade existencial e metafísica. Afinal, para o eu poético presente na cena, a existência desses seres é uma afronta a sua realidade corriqueira e cansada. Como a própria Lispector disse, “Baratas sobem pelos canos enquanto a gente, cansada, sonha”. Sonhar não basta enquanto tudo ao seu redor não para, inclusive a vida de seres tão miseráveis.
– Lady Macbeth
“Lady Macbeth” é uma cena integrante do espetáculo “Lady Shakespeare” construído a partir de cenas de diversas personagens femininas presentes na obra de William Shakespeare. A personagem Lady Macbeth foi extraída da obra original “Macbeth” preservando suas características principais, como ambição, perversidade e loucura. A personagem Lady Macbeth, uma das mais importantes vilãs do bardo inglês, invoca os espíritos do mal, para que consiga atingir seu objetivo maior: o trono. Sua obsessão faz com que ela trame a morte do rei para que seu marido possa tomar-lhe o posto.
– A Madame
Uma brincadeira cênica, livremente inspirada n”As Criadas” de Jean Genet, onde todos afirmam ser a patroa. Mas quem é a madame de fato? Os jogos de cena são baseados nas relações de poder construídas pelas pessoas quando estão à mesa de reunião, de jantar, do bar. A Madame é uma cena curta que se estrutura no jogo cênico; e que por isso, pode ser adaptada à diversos ambientes, inclusive o doméstico. As manifestações cênicas são frutos de estudos dentro do grupo.
22/10, domingo, 20h:
– Boris
Boris é um personagem cientifico. Usando do efeito domino, ele manipula claves e argolas num estilo pessoal para demostrar as suas pesquisas numa logica absurda. Assim ele propõe uma conferência para ensinar ao publico umas das suas experimentações mais legais…
– Mudar para Capitar
O homem entre devaneios e sobriedade, debate com seus fantasmas assuntos que todo sertanejo tem na veia. A esperança e a crença, os ditos populares e o coração, todos num conflito justo com entendimentos e conclusões. Uma etapa da eterna caminhada para dentro de si.
– Enquanto Não Se Fala
Partindo de um processo que entende o teatro como experiência viva, do aqui e agora, “Enquanto não se fala” traz a cena dois atores numa tentativa de relação que transpassa a interação que acontece na ficção e conversa diretamente com o público. A comunicação, bem como o empreendimento de tentar se comunicar e não conseguir, são as temáticas em foco. É possível se relacionar com o outro numa dimensão dialogicamente autêntica?
– Protótipo para Cavalo
Neste experimento-manifesto, o amor é uma violência tão cruel quanto a guerra. As granadas estão camufladas em cada signo dado, em cada convenção criada, desde o primeiro assovio do primeiro pássaro no mundo. Um verdadeiro extermínio.