Por dois meses, a técnica em radiologia Kelly Cristina Camaduro, 22, foi monitorada por Jonathan Pereira do Prado, 33, que, ao entrar em um grupo no WhatsApp, de caronas compartilhadas, esperou o melhor momento para ter contato com a jovem. Na primeira oportunidade, quando a mulher contou no grupo que viajaria e ofereceu carona, o suspeito colocou o plano em prática e, durante o trajeto entre São Paulo e Minas Gerais, assassinou a motorista. Ele foi preso nesta sexta-feira (3), confessou o latrocínio – roubo seguido de morte – , e ainda é investigado por estupro.
O caso acende um alerta sobre o compartilhamento de caronas que é usado, na maioria das vezes, para redução de custos, já que o gasto com combustível é dividido. No entanto, é necessário ter cuidado com quem se divide o carro.
O contador Mateus Eustáquio Melgaço, 31, costuma pegar e oferecer caronas de Belo Horizonte para Diamantina, na região Central do Estado, onde vai passear pelo menos duas vezes por mês. Ele participa de um grupo no Facebook e diz que toma precauções. “Sempre que ofereço, ou vejo que alguém está indo para Diamantina, faço uma ‘peneira’ para ver se temos amigos em comum, se a pessoa está há muito tempo na rede social”, afirmou.
O crime. Kelly era de Guapiaçu, em São Paulo, e na última quarta-feira, avisou no grupo que estava a caminho de Itapagipe, no Triângulo Mineiro, onde passaria o feriado com o namorado. Era o momento que Prado esperava. “No depoimento, ele disse que estava esperando a Kelly se manifestar, porque queria roubar o carro dela. Quando ela disse que viajaria, ele inventou que precisaria ir para a mesma cidade com a companheira, que nunca existiu. Ele chegou sozinho no local de encontro, disse que a companheira tinha desistido de ir, mas, mesmo assim, a vítima resolveu seguir viagem”, explicou o delegado Fernando Vtorazo.
A polícia acredita que o bandido já tinha premeditado abusar sexualmente da vítima.
Kelly foi enforcada, teve as mãos amarradas e foi deixada próximo a um córrego em uma área rural entre as cidades de Frutal e Itapagipe. Segundo a polícia, o criminoso, há quatro meses, estava foragido da Justiça, após receber um benefício de saída de um presídio de São José do Rio Preto.
“Foi tudo premeditado. Tanto que nem arma ele levou. Estava com uma corda. A gente vê bastante coisa na profissão, mas esse caso assim, na pura maldade, é difícil”, finalizou o delegado.
Sem resposta
Contatos. Kelly foi sepultada na sexta-feira, em Guapiaçu, onde morava com os familiares. Os parentes dela não foram localizados para comentar o caso, e o namorado estava com o celular desligado.