Polícia Civil prende 21 pessoas em operação contra roubo de ouro em Minas

Grandes mineradoras como a AngloGold Ashanti, terceira maior do mundo, e a Jaguar Mining, outra grande multinacional, eram alvo dos criminosos

Uma grande quantidade de dinheiro foi apreendida | Foto: Polícia Civil / Divulgação

A Polícia Civil deflagrou, nesta quarta-feira (4), uma mega operação de combate ao roubo de ouro contra mineradoras no interior de Minas Gerais. A operação Quimera culminou na prisão de 21 pessoas e no cumprimento de 30 mandados de busca e apreensão em Belo Horizonte, Santa Bárbara, Barão de Cocais e João Monlevade, as três últimas cidades da região Central do Estado. Três pessoas ainda estão foragidas e são procuradas pela polícia.

Grandes mineradoras como a AngloGold Ashanti, terceira maior do mundo, e a Jaguar Mining, outra grande multinacional, eram alvo dos criminosos.  Segundo o delegado de Santa Bárbara que chefiou as investigações, Domiciano Ferreira Monteiro de Castro Neto, os criminosos agiam desde 2016. A polícia chegou até eles, após denúncias das próprias empresas que foram lesadas.

Além das prisões, os policiais ainda apreenderam uma sacola com dezenas de pepitas de ouro, com teor estimado de 90 a 95% de pureza; R$ 40 mil em dinheiro, rádio comunicadores, 23 veículos, sendo alguns de luxo, dois detectores de ouro, carpetes e substâncias e equipamentos utilizados no processo de apuração de ouro. Foi decretado o bloqueio de bens e valores dos investigados.

De acordo com o delegado, o ouro era roubado antes de ser catalogado, ou seja, ganhar sua identificação. “O roubo era cometido um estágio antes do ouro ser colocado a venda, ou seja, estava pronto, mas sem ser identificado”, explicou Neto. Segundo ele, isso dificultava a identificação do crime, já que esse ouro não ia para a contagem das mineradoras.

“As investigações começaram no início deste ano. Nós descobrimos que esses roubos vinham acontecendo há muito tempo e que eram frequentes. Essa organização criminosa era  muito bem equipada e tinha informações privilegiadas sobre as áreas sensíveis da empresa, ou seja, onde ficava o ouro. Essas mineradoras têm um sistema de segurança muito grande, sistemas de bloqueios, vigilância, alarmes e segurança armada. Mesmo assim esses criminosos conseguiam burlar o sistema e cometer os roubos. Eles tinham diversos núcleos de atuação”, contou o delegado.

Dos 21 presos, cinco trabalhavam nas mineradoras, eram eles que passavam as informações privilegiadas.  “Inclusive sobre as operações do processo minerário, quantidade e posicionamento de vigias e trabalhadores. Eles também participavam da distribuição dos valores referentes ao ouro subtraído. Foi identificado o núcleo de receptadores, donos de joalherias, que faziam a compra do ouro e ainda repassavam mercúrio e outras substâncias para os demais criminosos utilizarem no processo de apuração mineral”, explicou o delegado. As joalherias são de Minas.

Neto explicou que eram feitas transações financeiras com frequência, “especialmente a partir dos receptadores, quando recebiam o ouro produto do crime, e que vários membros da organização criminosa se preocupavam que vultosos investimentos em imóveis e veículos que alguns de seus membros estavam realizando em nome próprio ou de terceiros poderiam chamar a atenção de outras pessoas, sendo investigado também o crime de lavagem de dinheiro”.

Segundo o delegado no fim da operação “ficou evidente que o conhecimento técnico ultrapassava aqueles dos funcionários das empresas vítimas, uma vez que todos tinham ciência dos equipamentos e das fases do complexo processo minerário”, concluiu o delegado.  “Como haviam varios funcionários e ex funcionários, eles dominavam a forma como o processo de mineração ocorria”, complementou o delegado.

Os membros da organização também estavam ligados a outros crimes como o domínio do tráfico de drogas e armas de fogo em Barra Feliz, distrito de Santa Bárbara.

Os presos foram encaminhados para o Sistema Prisional, onde já estão à disposição da Justiça. Os suspeitos deverão responder pelos crimes de furto qualificado e organização criminosa. Também será apurado o crime de lavagem de dinheiro.

O que dizem as mineradoras

Alvo dos criminosos, a mineradora  AngloGold Ashanti se pronunciou por meio de nota e disse que funcionários da empresa foram presos na operação. “A AngloGold Ashanti confirma a Polícia Civil de Minas Gerais executou uma ação na sua portaria da Unidade de Córrego do Sítio, em Santa Bárbara. A ação envolveu a prisão de suspeitos, entre os quais empregados da empresa. A AngloGold Ashanti reafirma seu compromisso com a ética e a legislação, baseada em seus valores e princípios, conforme preconizado em seu Código de Ética e Conduta”, escreveu a empresa”, escreveu a mineradora.

Já a Jaguar Mining, que tem sede em Belo Horizonte, informou apenas que está acompanhando os desdobramentos e colaborando com as investigações.

Detalhes sobre o valor roubado e sobre como eram cometidos o roubo não serão repassados pela Polícia Civil por questões de segurança.

Mega operação assustou moradores das cidades pequenas.

Os moradores da cidade de Santa Bárbara e de Barão de Cocais que têm cerca de 30 mil habitantes cada uma ficaram muito assustados com a operação.

“De repente a cidade foi tomada por policiais civis e helicópteros. Era viatura para tudo enquanto foi lado, gerou muito medo porque a gente num sabia o que estava acontecendo”, contou a dona de casa Maria de Lourdes Siqueira, de 65 anos, moradora de Santa Bárbara.

Já o estudante Lucas da Silva, de 18 anos, disse que a operação também chamou a atenção em Barão de Cocais. “A cidade é pequena então quando acontece essas coisas fica todo mundo comentando. Todo mundo estava de olho no número de policiais”, disse.

VIARedação
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