Casos de maus-tratos a animais cresceram 7%

No primeiro semestre deste ano foram 650 registros, contra 606 em 2017

A prática de abuso e maus-tratos contra animais aumentou 7% nos primeiros seis meses deste ano em Minas Gerais. Foram 650 casos registrados, contra 606 no mesmo período do ano passado, segundo dados da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp). Os animais domésticos, como gatos e cachorros, são vítimas frequentes do crime, muito relacionado à negligência. A fiscalização e a punição desse tipo de ato foram discutidas nesta quinta-feira (19) no 1º Seminário de Defesa Animal e Bioética, realizado na Escola do Legislativo, em Belo Horizonte, que reuniu protetores e especialistas em um debate sobre a causa animal.

“Infelizmente, ainda é uma prática muito comum as pessoas deixarem para lá o animal quando pegam desgosto. Também tem casos de vizinhos incomodados com o barulho que o bicho faz, e muitos começam a jogar veneno e a praticar atos de crueldade”, afirma o delegado Luiz Otavio Braga, da Delegacia Especializada em Investigação de Crime Contra a Fauna. Entre as ocorrências que chegam à delegacia, são frequentes casos de negligência, notada, por exemplo, quando o bicho fica em ambiente sujo ou recebe alimentação inadequada, além de envenenamento e de acumuladores de animais que não conseguem manter os bichos. As agressões são minoria.

Apesar do aumento de casos no Estado, em Belo Horizonte os registros de abuso e maus-tratos contra animais caiu no primeiro semestre deste ano em comparação com o mesmo período de 2017, de 71 para 64. Segundo o delegado, isso ocorre muito porque as pessoas estão mais conscientes sobre o fato de a prática ser crime nos grandes centros urbanos. “Mas, infelizmente, até nós estabelecermos que eles são seres vivos iguais a nós, isso continua”, afirma. Ele explica que a pena para o crime é de detenção de três meses a um ano e multa.

 

O delegado ressalta a importância de a população denunciar os crimes para que a investigação possa ser realizada. “A denúncia é fundamental, porque, na maior parte das vezes, é a população que pede nosso atendimento. Nós não estamos o tempo todo na rua, não estamos vendo tudo, então é esse chamado que vai fazer com que os órgãos policiais possam agir”, diz.

O registro das ocorrências pode ser feito em delegacias ou em unidades da Polícia Militar. Além disso, os casos podem ser denunciados de forma anônima por meio do Disque-Denúncia 181.

 

Proteção

Ajuda. A renda obtida com a venda do livro “Só de Bicho”, dos escritores Laura Medioli e Fernando Fabbrini, é destinada a organizações de proteção animal. Mais de R$ 50 mil já foram doados. 

Fomentar a defesa é objetivo

O 1º Seminário de Defesa Animal e Bioética discutiu também o bem-estar de animais silvestres, a relação dos humanos com os bichos e o papel do poder público no cuidado dos animais. “O objetivo é levar informação para nós, amantes e defensores dos animais, mas, sobretudo, que possamos juntos, cada um com sua experiência, fomentar a defesa e a proteção dos animais”, afirmou o deputado Fred Costa (PEN), organizador do evento junto com o Coletivo Quatro Patas.

A escritora e protetora dos animais Laura Medioli foi uma das palestrantes do seminário e falou sobre a relação de amor que ela tem com os animais, que começou na infância: na casa dela, havia bichos das mais variadas espécies, como cavalos, araras, macacos e até jacarés. Ela ainda destacou a importância dos animais, sobretudo cachorros, para a formação das crianças. “Elas vão ter a questão da responsabilidade. É um amor tão incondicional, amizade, carinho, os cães despertam sentimentos bons”, diz.

Já a médica veterinária e vereadora em Conselheiro Lafaiete, na região Central, Carla Sassi, falou sobre a experiência da cidade na parceria entre poder público e ONGs protetoras de animais.

“Durante muitos anos, as ONGs vêm assumindo um papel que não é delas por causa da inércia do poder público. O que nós vemos são protetores endividados, com casas lotadas de animais, o tempo todo sendo cobrados pela sociedade como se aquilo fosse obrigação deles. A gente tenta que os protetores se politizem e atuem de forma mais técnica. Não é um trabalho caro, é trabalhoso, mas passível de ser feito”, pontua.

FONTEO Tempo
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