Homem que matou caixa de padaria é condenado

Após discussão, assassino pegou arma em casa e voltou

De pé, o réu ouve a juíza Myrna Fabiana Monteiro Souto ler a setença de condenação

O 3º Tribunal do Júri de Belo Horizonte condenou hoje, 3 de junho, R.J.S. Ele matou Daniel Christyano dos Reis de Jesus, numa padaria, no bairro Rio Branco, Região Norte da capital, em outubro de 2016. A pena fixada pela juíza Myrna Fabiana Monteiro Souto foi de 15 anos em regime fechado.

O homicídio foi considerado triplamente qualificado pelos jurados, que votaram “sim”, quando perguntados se o motivo foi fútil, se a situação colocou outras pessoas presentes no local em perigo e se o assassino impossibilitou a defesa da vítima.

O Conselho de Sentença foi formado por seis mulheres e um homem. Quatro testemunhas, três de acusação e uma defesa, foram ouvidas em plenário. O promotor Valter Shigueo Moriyama fez a acusação. O advogado Wagner Dias Ferreira assumiu a defesa do réu.

De acordo com a denúncia oferecida pelo MP, o réu retornou à padaria aproximadamente 50 minutos depois de ter discutido com a vítima. O homem era caixa do estabelecimento e pediu ao cliente para vestir uma camisa antes de entrar na padaria.

Depoimentos

A primeira testemunha a ser ouvida foi um dos proprietários do comércio. Ele não estava presente na hora da discussão sobre o uso da camisa, mas estava no momento em que R.J.S. retornou.

Segundo o sócio, Daniel foi andando em sua direção, no fundo da padaria, no momento que R.J.S. entrou. Ainda segundo esta testemunha, Daniel negava ter proferido xingamentos quando foi atingido com tiros pelas costas.

Uma mulher que dividia o apartamento com Daniel e também trabalhava na padaria foi a segunda testemunha a ser ouvida. Ela contou que, após a discussão inicial, sobre o vestuário a usar, o réu ficou na porta da padaria, por uns 5 minutos, encarando Daniel.

Ela disse ainda não ter acompanhado toda a discussão, mas, pelo que pode perceber, Daniel não destratou nem humilhou R.J.S. Segundo ela, após chamar a atenção do cliente, Daniel continuou fazendo o seu trabalho no caixa da padaria.

O primo do assassino também foi ouvido em plenário. Ele contou que o réu estava bêbado. Segundo a testemunha, o primo não usava drogas, e a discussão na padaria o deixou muito nervoso. A testemunha contou que tentou dissuadir o parente da ideia de agredir o caixa, mas R.J.S. não o ouviu.

A quarta testemunha ouvida em plenário foi de defesa. Um ex-patrão de R.J.S. contou que ele era “um cara tranquilo”, trabalhador e que nunca “deu problemas” na obra em que trabalhava.

Depoimento do réu

R.J.S. assumiu a autoria do crime e disse estar arrependido. Segundo ele, Daniel o chamou de “macaco” e disse que sua mãe era uma “vagabunda”.

Ele contou que após a discussão foi para casa e pegou a arma, confirmando também que o primo tentou fazê-lo mudar de ideia. R.J.S. também contou que tinha bebido muito no dia, que não usava drogas e que nunca teve passagem pela polícia.

Debates

Durante os debates, o promotor Valter Shigueo Moriyama explicou a dinâmica dos fatos e ressaltou o fato de Daniel ter sido morto com quatro tiros, todos pelas costas, que atingiram a cabeça e o pescoço. Para ele, não aconteceu nenhuma discussão séria, uma vez que as imagens (sem som) mostraram uma situação rápida.

Já a defesa se empenhou em tentar reduzir a pena do réu. O advogado Wagner Dias Ferreira pediu para que as testemunhas analisassem as circunstâncias do crime. Ele defendeu a ideia que R.J.S. estava sob intensa emoção, ao ouvir os xingamentos proferidos contra ele e sua mãe. O defensor pediu ainda aos jurados que respondessem “não” às perguntas das qualificadoras.

Acompanhe aqui o andamento do processo.

FONTEAscom TJMG
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