Ex-administradores do Cruzeiro são indiciados por fraude milionária

Como desdobramento da operação “Primeiro Tempo”, deflagrada pela Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) em junho do último ano, três ex-dirigentes do Cruzeiro Esporte Clube e quatro empresários foram indiciados pelos crimes de apropriação indébita, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e associação criminosa. O relatório final dessa primeira fase da investigação foi entregue na última sexta-feira (7), e cabe agora ao Ministério Público, que colaborou nas apurações, oferecer a denúncia contra os indiciados.

Conforme destacou o Chefe do Departamento Estadual de Combate à Corrupção e a Fraudes, Delegado-Geral Agnelo de Abreu Baeta, trata-se de uma investigação extremamente complexa, por trazer à tona um alto volume de provas e nuances ao inquérito policial. “Foi feita uma análise de mais de 50 mil e-mails e documentos, que foram recolhidos de computadores e HDs apreendidos na primeira fase da operação”, explicou.

Esquema

De acordo com o Delegado que preside o inquérito, Gustavo Xavier, da 2ª Delegacia Especializada na Investigação de Fraudes, em linhas gerais, o que a PCMG constatou é que um empresário do ramo de Equipamentos de Proteção Individual (EPI´s) teria se beneficiado com direitos federativos de jogadores do Cruzeiro em troca de um contrato fraudulento com um ex-dirigente do clube, no valor superior a R$ 3 milhões.


As testemunhas que assinaram esse contrato são outros ex-dirigentes, que também estão sendo indiciados. “Esse empresário do ramo de EPI é uma pessoa totalmente alheia ao mundo do futebol e não possuía conhecimento das negociações na área esportiva. Portanto, conseguimos apurar que um dos amigos dele, também indiciado e que atuava na direção do clube, é quem o apresentou ao Cruzeiro”, pontuou Xavier.

Linha do tempo

Conforme explicou o Chefe da Divisão Especializada de Combate à Corrupção, Investigação a Fraudes e Crimes Contra a Ordem Tributária, Delegado Domiciano Monteiro, no dia primeiro de março, o empresário do ramo de EPI´s formalizou junto ao Cruzeiro um contrato no valor de R$ 2 milhões. Um mês depois, somente, foi formalizado um novo termo entre esse empresário e o clube, no qual o Cruzeiro afirmava que não dispunha de recursos para pagamento desse empréstimo, que venceria somente no final daquele ano.

Ao mesmo tempo, o clube realizou a dação em pagamento de percentuais de direitos de dez jogadores de futebol conhecidos pela torcida e a mídia. “Foi constatado que os valores estimados desses jogadores são muito superiores ao referido empréstimo”, destacou Domiciano.


Em data aproximada, o mesmo empresário realizou o pagamento de aproximadamente R$ 3,7 milhões a uma construtora para pagar parte de um apartamento de um então dirigente do Cruzeiro. Ouvidos pela PCMG, eles alegaram em defesa que tal pagamento seria em decorrência de um contrato de mútuo entre o empresário e o ex-dirigente. “Contrato este que não possuía sequer data para pagamento pelo ex-dirigente e nem garantias”, observa o Delegado.

O empresário então seria beneficiado com os direitos federativos dos jogadores e somente mais de um ano depois, quando a operação foi divulgada à imprensa, foi que os suspeitos procuraram realizar um novo termo, indicando que não haveria essa cessão de direitos dos jogadores. “Isso, contudo, só ensejou mais suspeitas sobre a ilegalidade dessas transações”, ressaltou o Delegado Gustavo Xavier.

A PCMG continua as investigações, que devem se desdobrar em novas operações.

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