Os efeitos do Ciclone Yakecan em Sete Lagoas

Foto: Raul Tostas

O clima no nosso planeta está passando por grandes mudanças causadas pelas ações antrópicas, isto é, impactos da ação humana sobre o meio ambiente. Algumas regiões estão passando por fortes estiagens e altas temperaturas enquanto outras são afetadas por ondas de frio. São os chamados eventos extremos. Nos meses de janeiro e fevereiro tivemos as grandes catástrofes causadas pelos temporais na Bahia, Minas Gerais e Rio de Janeiro. O fenômeno La Niña continua agindo com intensidade e normalmente causa estiagens severas no centro-sul do país e maiores incidências de chuvas no Nordeste e Região Norte. Manaus está sofrendo com mais uma grande cheia do Rio Negro.

A partir de julho começa a temporada de furacões no hemisfério norte e nessa semana tivemos a formação do Ciclone Subtropical Yakecan no oceano entre o Rio Grande do Sul e Uruguai. Enquanto nos Estados Unidos os furacões recebem nomes próprios de pessoas, aqui no Brasil a Norma da Autoridade Marítima para Meteorologia Marítima – Normam, designa nomes indígenas para os ciclones que podem causar grandes impactos regionais. O nome Yakekan significa “Som do Céu” na língua tupi-guarani.   A formação em localização austral (sul) ocasionou fortes vendavais e queda de temperatura nos estados da Região Sul inclusive com a ocorrência de neve nas regiões mais altas do RS e SC.

Por se tratar de evento de grande intensidade tivemos impactos também nas regiões Sudeste e Centro-Oeste com a ocorrência de chuvas (alguns casos de queda de granizo) seguido de acentuada queda nas temperaturas.

Nessa madrugada Sete Lagoas teve o dia mais frio dos últimos 37 anos com registro da temperatura mínima de 3,4 ºC na estação meteorológica do Inmet instalada na Embrapa. Essa temperatura foi a terceira menor em todo o estado sendo superada apenas pelas baixas temperaturas ocorridas em Patrocínio (3,1ºC) e Monte Verde (2,8ºC). A temperatura mínima de Sete Lagoas foi um grau abaixo da registrada em Maria da Fé, normalmente o município mais frio de Minas Gerais. Uma curiosidade sobre as temperaturas de Sete Lagoas é que em 96 anos de registros nunca tivemos temperaturas negativas ou maiores que 40 graus, o que é um bom indicativo do clima na região.

Os riscos de geadas foram baixos em todo o estado de Minas Gerais e o INMET reportou apenas pontos isolados no município de Delfim Moreira. A combinação de chuvas e baixas temperaturas poderá causar impactos negativos nas pastagens com prejuízos na pecuária.

Os modelos estão indicando que as menores temperaturas ocorrerão hoje e amanhã dia 20/05 mas a volta à normalidade climática será lenta com duração de pelo menos uma semana. Não temos previsão de chuvas para os próximos 15 dias.

Essas condições de clima seco e baixas temperaturas favorecem a ocorrência de doenças ligadas ao aparelho respiratório. É muito importante se precaver tendo em vista a ocorrência da pandemia de Covid e outras afecções.

Municípios mais frios de MG em 19/05/2022

Monte Verde   2,8

Patrocínio           3,1

Sete Lagoas        3,4

Uberaba              3,7

Ituiutaba             3,9

Bambuí 4,2

Maria da Fé        4,3

BH Cercadinho  4,4

Pompéu              4,5

Sacramento       4,7

Diamantina        4,8

Por: Daniel Pereira Guimarães (Pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo)
Embrapa Milho e Sorgo

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