Delegado que matou reboqueiro em Belo Horizonte é preso a pedido da Corregedoria

Homem era religioso e dedicado ao trabalho — Foto: VIDEOPRESS PRODUTORA / ARQUIVO PESSOAL

A Polícia Civil de Minas Gerais cumpriu, na manhã deste sábado, um mandado de prisão em aberto em desfavor do delegado Rafael de Souza Horácio — que matou, na última terça-feira (26), o reboqueiro Anderson Cândido de Melo, de 48 anos.

O pedido de prisão cautelar foi feito, nessa sexta-feira (29), pela Corregedoria-Geral da Polícia Civil de Minas Gerais, e deferido pela Justiça. Anderson foi morto por Rafael de Souza Horácio durante uma briga de trânsito. Detalhes da discussão e do disparo ainda são desconhecidos, o que há é a versão que o delegado contou à Polícia Civil no dia do crime.

Relembre o caso

O desentendimento ocorreu no Viaduto Oeste, no Complexo da Lagoinha. Informações levantadas por O TEMPO com fontes no local dos disparos indicam que o delegado estava em uma viatura descaracterizada quando foi fechado pelo caminhão, o que deu início a uma discussão.

Após algum tempo, o policial teria fechado o reboque da vítima e efetuado o disparo, que atingiu o pescoço do homem. Ao perceber que tinha acertado o motorista, o próprio autor do disparo acionou a Polícia Civil e a perícia técnica compareceu ao local, fazendo os levantamentos iniciais na cena do crime.

Quando o veículo da vítima seria removido do local, familiares e amigos do homem baleado protestaram, momento em que um delegado explicou em voz alta que a primeira perícia já tinha sido feita e que uma nova perícia aconteceria em um segundo lugar, não especificado pelo policial.

Foi então que a filha dele pediu para entrar no caminhão apenas para pegar o telefone do homem, que estava em um compartimento em baixo do banco do passageiro, e uma blusa de frio. Nenhuma arma foi encontrada no caminhão, conforme constatado pela reportagem que acompanhou a situação.

Quem é a vítima

Vizinhos de Anderson, ouvidos pela reportagem, contam que o reboqueiro era um trabalhador que se dedicava à família e à igreja. “Nunca teve nada errado com ele, ele era um homem evangélico que só vivia de luta”, contou uma amiga, que preferiu o anonimato.

Pai de quatro filhos (um menino e três meninas) e amoroso com todos eles, Melo era querido na vizinhança e também na comunidade da igreja. “Foi um choque (a morte) para todos, a pastora e o pastor estão na casa dele. Todos os filhos moravam com ele, a mulher dele está inconsolável”, revela a vizinha. Um amigo dele, que também pediu anonimato, desabafou que nunca havia visto tamanha “covardia”.

“Saracura (como era conhecido Anderson) era um ótimo mecânico, um excelente profissional no ramo de reboque e um amigo sem igual. Ninguém nunca viu Saracura numa mesa de jogo, ou numa mesa de bar. Era serviço e igreja”, detalhou.

VIARedação
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