A malária, doença febril aguda mais comum na região amazônica, voltou a colocar Minas Gerais em alerta, com cinco casos suspeitos em moradores da região do Rio Doce. Todos são “importados” do Espírito Santo, que vive um surto da doença, mas equipes da Secretaria de Estado de Saúde de Minas (SES) investigam se há presença do vetor – as fêmeas do mosquito Anopheles – e circulação da malária em território mineiro. A preocupação se deve ao fato de a área já ter registrado casos da enfermidade no passado, à proximidade com o Espírito Santo e às atividades econômicas desenvolvidas na região, que favorecem a transmissão da doença.
A SES informou que foi notificada, no último fim de semana, da ocorrência de nove casos suspeitos na área, que tiveram resultado inicialmente positivo em laboratório local. No entanto, após análises em Belo Horizonte, os registros foram descartados. Atualmente, segundo a pasta, há três casos sob investigação em Mantena, um em Conselheiro Pena e outro em Galileia. Os pacientes já estão curados, e os resultados devem sair em dois dias.
“Essa região, nessa época do ano, tem uma atividade econômica que pode estar favorecendo a situação. Primeiro, é uma área com extração de pedras. Isso é um sinal de degradação ambiental, que favorece, pelo tipo de exploração, o acúmulo de água. Outro fator fundamental é que estamos em um momento de colheita de café, e há deslocamento grande da população daquela região em vários municípios, o que pode facilitar o fluxo, inclusive, do parasita”, afirmou o subsecretário de Vigilância e Proteção à Saúde da SES, Rodrigo Said.
Apesar da presença do vetor em Minas, a malária não é frequente no Estado e é classificada como “evento inusitado”. As últimas transmissões da doença ocorreram entre 2016 e 2017, nos municípios de Diamantina e Couto Magalhães de Minas, no Alto Jequitinhonha, com 23 casos confirmados. Neste ano, o Estado tem 20 ocorrências com confirmação, mas todas são importadas da região Amazônica.
Prevenção. A SES informou que tem adotado medidas como distribuição de repelentes em áreas de risco, solicitação de cota adicional de medicamentos e testes rápidos ao Ministério da Saúde e capacitação de profissionais de saúde na região.
Em Mantena, município com mais casos suspeitos, as equipes médicas estão sendo treinadas para buscar o diagnóstico precoce da malária. “Assim que tomamos conhecimento, fazemos diversos exames. Apesar do contágio não ter sido na cidade, não queremos que a doença se alastre”, disse o secretário municipal de Saúde, Ocimar Rufino. Segundo ele, há nove casos suspeitos na cidade. (Com Letícia Fontes)
Atenção para diagnóstico precoce
A Secretaria de Estado de Saúde (SES) emitiu um alerta para que os profissionais de saúde considerem a possibilidade de malária e façam um diagnóstico diferencial da doença em casos de febre. O diagnóstico rápido e o tratamento correto, nas primeiras 48 horas após o início dos sintomas, é fundamental para evitar que a doença mate.
“O tipo de parasita que está circulando no Espírito Santo pode ocasionar apresentações mais graves da doença, inclusive com ocorrência de óbito. Então, é importante fazer o diagnóstico precocemente, iniciar o tratamento e fazer a vigilância dele e o acompanhamento do paciente”, explicou o subsecretário de Vigilância e Proteção à Saúde, Rodrigo Said. Ele disse que a orientação para o paciente com febre, que apresente ou não outros sintomas, como cansaço, calafrio, dor de cabeça e dor muscular, é procurar o serviço de saúde mais próximo e coletar material para o diagnóstico laboratorial.
Segundo o presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, Estevão Urbano, a malária tem sintomas semelhantes aos de outras doenças, e, por isso, é necessário que os profissionais de saúde estejam atentos.
“Os sintomas são muito parecidos com os de uma gripe, porém as febres costumam ser elevadas. Alguns médicos não pensam que pode ser malária em um primeiro momento, por isso é muito importante que sejam feitos a pesquisa bem feita dos sintomas e o diagnostico precoce, o que diminui as chances de a doença evoluir para formas severas”, afirmou.
SES apura 42 casos de sarampo
Um total de 42 casos de sarampo está em investigação em Minas, segundo balanço divulgado nesta quarta-feira (22) pela SES. O número é 20% maior do que o divulgado no relatório anterior, cinco dias antes. Não há casos confirmados no Estado.
Em Belo Horizonte, as vacinas contra sarampo e poliomielite estão sendo distribuídas nas Unidades Municipais de Educação Infantil (Umeis) para crianças maiores de 1 ano e menores de 5 anos, mediante autorização dos responsáveis.
Saiba mais
Fluxo. A confirmação ou o descarte de um caso suspeito de malária passa pela realização de diferentes testes. O primeiro é rápido, e o segundo precisa ser confirmado em um laboratório de referência estadual.
