Em meio ao cenário de crise e dificuldades financeiras, várias cidades mineiras, cancelaram seus festivais de inverno e ou reduziram suas atividades. Seguindo na contramão e impulsionado pelo crescimento cultural e artístico do cenário local, Sete Lagoas, inicia na noite desta sexta feira, dia 15 de julho o III Festival de Inverno que em 2016 homenageia a carnavalesca, grande militante da arte e cultura local, e artista plástica Cida Couto.
A terceira edição do festival de inverno abraça a cidade e propõem uma experiência única de vivência e experimentações com as mais diversas manifestações artísticas e culturais, que contemplarão públicos de todas as idades e gostos, celebrando o centenário do samba brasileiro.
Da música de matriz africana à música clássica, das exposições às artes teatrais, Sete Lagoas marcará mais uma vez a história cultural de seu povo, levando às praças e ruas, uma infinidade de atividades gratuitas. Grandes parcerias como a realizada com a Veredas Produções trazem para a cidade nomes consagrados da música brasileira, como Pereira da Viola e Aline Calixto que se apresentam nesta sexta e sábado, respectivamente, na Praça da Feirinha.
Encerrando a programação, o grupo Copo Lagoinha se apresentará na próxima quarta feira, a partir das 22h no Parque Náutico da Boa Vista.
Sobre a Homenageada
CIDA COUTO
Nascida no interior de Minas Gerais, na cidade de Itabira, Cida Couto viveu parte de sua adolescência na cidade de Raposos – MG. Casou-se aos 17 anos e ainda nessa idade teve seu primeiro filho, Carlos Antônio. Após ser abandonada criou, sozinha, esse filho, até conhecer o grande amor de sua vida, Fabio Pires do Couto, com quem teve Flávia Patrícia Couto. Nessa relação encontrou sua alma gêmea cultural.
Fabio Couto era poeta, compositor, apreciador da música clássica e do samba, elementos que gostava de ouvir associados em uma obra veiculada na década de 60 intitulada “O samba visita o clássico”.
Enviuvou-se aos 28 anos, grávida de seu terceiro filho, Fábio Pires do Couto Filho. Na ocasião, não sabia estar gestante e, portanto, seu companheiro faleceu sem saber que seria pai. Responsável a partir de então por cinco crianças, Eliseu Lúcio, enteado, Cosme Antônio, irmão/filho adotivo, Carlos, Flávia e Fábio.
Sem formação acadêmica, pois até então somente tinha o ensino primário, aventurou-se na venda de enciclopédias, porta a porta. Dividia-se entre confecção de figurinos artísticos e do vestuário próprio e dos filhos e o trabalho formal de vendedora de livros. Nessa mesma época conheceu o teatro. Sua casa sempre foi um laboratório de cultura onde artistas locais ensaiavam e escreviam peças teatrais. Participou de alguns espetáculos que tinham cunho político, contestadores da ditadura militar. Foi militante nesse movimento.
De volta a Sete Lagoas, cidade que considera como sua terra de coração, dividia-se agora entre três ofícios: Costureira, Cozinheira e Comerciante. Envolveu-se também rapidamente com os movimentos artístico culturais da cidade. Confeccionou vestuários para espetáculos do Expressar, para as procissões da Semana Santa e principalmente para a “Escola de Samba Dez pra Dez”, a menina de seus olhos.
Junto com a Família Abreu, participou ativamente da transformação do bloco “Batuque Dez pra Dez” em uma escola de samba. Colaborava em tudo, desde a escolha do Samba Enredo, passando pela apreciação dos figurinos, acompanhamento do trabalho nos barracões, ensaios e desfiles. A sua residência, inclusive, se tornava um dos barracões onde noites eram destinadas às confecções de alegorias e fantasias, e como sempre, as panelas estavam sempre cheias à disposição de todos que por ali circulavam. Apesar do amor incontestável por sua escola de coração, em um dado momento sua paixão por Sete Lagoas falou mais alto e percebendo que a cidade merecia ampliar seu carnaval que cá era sucesso em toda a região, fundou juntamente com os amigos José Afonso e Ada do Altíssimo uma nova Escola de Samba intitulada Bandeira Branca, sediada no bairro Boa Vista, local onde naquele momento, fixava residência.
Pela “Dez pra Dez”, foi campeã várias vezes do carnaval Sete-lagoano concorrendo com a forte Imperatriz Catarinense. No período em que esteve envolvida com a escola de samba “Bandeira Branca”, fez questão de elevá-la ao patamar de competitividade com as escolas concorrentes se dedicando da mesma forma que à Dez pra Dez.
Em 1987 adquiriu sua primeira casa própria, no bairro Santa Luzia, conhecido popularmente como Garimpo, onde reside até hoje. Recentemente, vendo o carnaval da cidade se descaracterizar, percebendo que o Garimpo, berço do samba de nossa cidade, estava perdendo essa tradição e, entendendo que o samba nesse bairro retirou muitos de caminhos perniciosos, enfrentou todas as dificuldades impostas e juntamente com amigos e alguns ícones do samba, reativou a escola de samba “Dez pra Dez”, primeiramente em forma de cordão carnavalesco e depois no formato miniescola nas ruas. A resposta do público foi muito positiva, o que a emocionou significativamente.
Com algumas limitações de saúde, passou a missão adiante, na esperança de que os mais novos não deixem que o samba de sua escola e de seu bairro de coração se silencie.
‘‘O meu maior patrimônio são as pessoas que colecionei ao longo da vida e coleção que se preze não tem fim, sempre vai haver um novo exemplar!’’ Cida Couto.
Espetáculos teatrais, música, dança, oficinas, musica erudita, samba de roda, rap, rock, parkour e várias outras atividades acontecerão gratuitamente em espaços públicos e privados num verdadeiro festejo à alegria e democratização da arte e da cultura.
Confira na íntegra a programação do Festival e venha fazer farão desse inverno de cultura um momento inesquecível!