“Estão assustados à toa”, diz especialista da UFMG sobre tremores de terra em Sete Lagoas

Foto ilustrativa / Sete Lagoas

Susto e apreensão. Localizado a cerca de 70 quilômetros de Belo Horizonte, a cidade de Sete Lagoas voltou registrar dois novos tremores neste domingo (29/5), o que deixou moradores em pânico e autoridades em alerta. Além da sensação de abalo, a população presenciou também um forte barulho que se assemelhava a uma forte explosão.

O Corpo de Bombeiros foi chamado para duas ocorrências devido ao susto, mas não houve vítimas e nem mesmo perdas materiais. Uma audiência pública deve ser marcada no município de 240 mil habitantes nos próximos dias para avaliar impactos. O evento terá a presença de professores, órgãos municipais e estudiosos do assunto. Já é a quarta vez que a corporação registra ocorrência sobre o tema desde o fim de abril.

Apesar do susto, o professor Allaoua Saadi, do Instituto de Geociências da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) descarta qualquer consequência mais grave para os tremores: “Eles estão assustados atoa. Não é grave”, afirma.
“É normal que isso ocorra se há movimentos de crosta terrestre e eles geram liberação de tensões. Com isso, a energia acaba espalhando ondas que abalam o que se encontra em cima da crosta”, afirma o especialista.
No mês passado, o Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (UnB), um dos principais laboratórios especializados no tema do país, já havia confirmado o registro de um tremor com magnitude de 3 mR, de natureza leve na escala, que tem semelhança com a passagem de um veículo pesado por uma rua. Pelo menos 49 mil registros desta natureza ocorrem por ano. O próprio Observatório considerou o evento como natural.
O abalo teve interferência em sete estações sismográficas, nas cidades de Bom Sucesso, Diamantina, Patos de Minas e São João de Manteninha. No interior de São Paulo, Bebedouro, Ipameri, e São Desidério constaram os efeitos.

Mesmo caso de Montes Claros

Assim como Sete Lagoas, Montes Claros, no Norte de Minas, também viveu tremores de terra no meio da madrugada em março. O abalo foi de 2.3 na Escala Richter, de acordo os registros do Núcleo de Estudos Sismólogos da Universidade Estadual de Montes Claros (NES/Unimontes) e do Observatório Sismológico (Obsis) da Universidade de Brasília (UnB).
A população viveu abalos em três anos sucessivos – 2011, 2012 e 2013 de registros de abalos sísmicos. O maior deles, de 4.2 graus na escala Richter, ocorrido em 19 de maio de 2012, atingiu cerca de 60 casas, sendo que oito delas foram interditadas na região da Vila Atlântica, que fica em cima da falha geológica, segundo os estudos.
Na visão de Allaoua Saadi, a característica do relevo em Sete Lagoas propicia abalos de magnitude leve: “Sete Lagoas tem mais ou menos a mesma situação que Montes Claros neste ano. Fica próxima à Serrado Espinhaço e também perto ao que chamamos de zona de sutura tectônica. Quando a serra se formou, um bloco de crosta se bateu contra o outro. A formação da Serra do Espinhaço deixou estruturas mais fragilizadas, como um osso de alguém que já sofreu fratura e quebra de novo. É como se fosse uma ferida mal suturada.
Para o professor, é quase certo que a cidade vai enfrentar novos terremotos: “Nunca vamos saber se novos terremotos vão ocorrer amanhã ou depois de amanhã. Mas que vai ter de novo vai ter. Podem haver mais fracos, como os que ocorrem todos os dias. Para ocorrer mais fortes, tem que ser uma grande quantidade de energia”.
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