Ao mesmo tempo em que Minas Gerais confirma a primeira morte da história causada pelo vírus da chikungunya, tendo como vítima um homem de 72 anos, aumenta o nível de alerta da Secretaria de Estado da Saúde quanto à incidência de casos em idosos e crianças, que têm sistema imunológico mais frágil. Para tentar garantir atendimento e o controle dos efeitos da virose sobre essa parcela da população, está sendo feita a capacitação de profissionais da rede pública, paralelamente à mobilização para conter focos do mosquito Aedes aegypti, que transmite essa e outras doenças, como a dengue e a zika.
A primeira morte provocada pela febre vitimou um morador de Governador Valadares, no Vale do Rio Doce. De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde, ele era portador de diabetes e começou a sentir os sintomas em 2 de março, morrendo nove dias depois. O caso foi notificado pelo município às autoridades sanitárias estaduais em 28 de março.
Segundo a pasta, a apuração de casos suspeitos é feita seguindo o Protocolo de Investigação dos Óbitos por Arboviroses do Ministério da Saúde. A apuração é feita no município onde a vítima mora, e depende ainda de resultados laboratoriais. A conclusão ocorre em aproximadamente 30 dias. Outros 19 óbitos que podem ter sido causados pelo vírus continuam sendo investigados em Minas.
A maioria – 15 óbitos – ocorreu em Governador Valadares, que sofre com o avanço da doença. Em seguida vêm Teófilo Otoni (duas mortes), no Vale do Mucuri, Cuparaque e Central de Minas, ambas no Vale do Rio Doce. “Infelizmente, está chamando a atenção a incidência em pacientes acima de 65 anos. Isso faz com que a gente permaneça com o trabalho de capacitação dos profissionais de saúde para a análise precoce dos casos. Também alertamos a população para os riscos da doença, para procurar o atendimento médico nos centros de saúde e não tomar medicamentos por conta própria”, afirma o subsecretário de Vigilância e Proteção à Saúde, Rodrigo Said.
As características da doença representam preocupações distintas para os órgãos de saúde. “Os óbitos acontecem na fase inicial da doença, em até 12 dias após o início dos sintomas, por isso a importância do acompanhamento médico. Depois desse período a virose passa para a fase pós-aguda e vira crônica. Os pacientes começam a ter a persistência de dores musculares, muitas vezes causando afastamento de atividades domésticas e do trabalho”, comenta o subsecretário.
Mesmo com a queda no número de casos nos últimos meses, a doença ainda preocupa, acumulando 16.995 notificações. Em janeiro foram 746 e em fevereiro, 3.427. A situação pior ocorreu em março, quando os registros saltaram para 7.747. Em abril, voltaram a cair e chegaram a 3.559. A queda continuou no mês seguinte, que terminou com 1.092 notificações. Em junho, houve 424.
COMBATE MANTIDO
Segundo o subsecretário, a população precisa ajudar a conter os focos do mosquito transmissor, mesmo nesta época de queda no número de notificações. “O envolvimento de todos no controle do Aedes é fundamental. É importante destacar que em junho foram 1,4 mil casos prováveis de dengue, além dos 424 de chikungunya. Isso mostra que as doenças acontecem o ano inteiro, apesar do pico em novembro e março”, explica Said.
Em relação à dengue, o estado registrou até o último levantamento 26.097 casos prováveis, bem menos do que as 524,6 mil notificações registradas em 2016, quando Minas enfrentou a pior epidemia. Neste ano foram atestadas seis mortes pela doença e outras 17 são investigadas. Os óbitos foram confirmados entre moradores de Ibirité e Ribeirão das Neves (Grande BH), Uberlândia e Araguari (Triângulo Mineiro), Bocaiuva (Norte) e Capim Branco (Região Central). Os casos prováveis de infecção pelo zika vírus neste ano somam 846 no estado, que tem a doença confirmada em 44 gestantes.
Saiba mais
É uma doença viral causada pelo vírus CHIKV, da família Togaviridae, e pode ser disseminada, como ocorre no Brasil, pelos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus, também transmissores da dengue, da zika e da febre amarela. Na fase aguda, os sintomas se manifestam entre dois e 12 dias. Os principais são febre alta, acima de 39 graus, de início repentino, dor muscular, erupções na pele, conjuntivite e dor nas articulações, que podem se manter por um longo período. A orientação das autoridades de saúde para quem apresentar manifestações compatíveis com a virose é procurar a unidade básica de saúde mais próxima e não usar medicamentos sem indicação médica.