O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), anunciou a reabertura das atividades não essenciais na capital mineira a partir de quinta-feira (22) em entrevista coletiva realizada nesta segunda-feira (19). “Que me conste, não há nenhum município em condição espetacular melhor que a nossa cidade”, justificou. “Chegamos em números que custaram muito a esse pobre povo do Brasil e que hoje temos um conforto de nos dar esse tipo de abertura na cidade de BH. Essa intermitência de abre e fecha não acaba se não tiver disciplina”, disse Kalil.
O prefeito e o comitê de enfrentamento à Covid-19 em Belo Horizonte, que congrega membros como os infectologistas Carlos Starling, Unaí Tupinambás e Estevão Urbano, se reuniram quase diariamente desde a última quarta-feira (14), mas, até então, não havia consenso sobre uma reabertura. Os especialistas chegaram a dizer, em entrevistas, que era preciso mais prazo para “sentir” o recuo da Covid-19 na capital. Além disso, ponderaram que os números de internações seguiam altos e que havia escassez de medicamentos para intubação, além de não ser possível prever os efeitos do último feriado – da Semana Santa (entre 1 e 4 de abril). Por outro lado, representantes dos setores comerciais pressionavam pela flexibilização. “Eu queria abrir na quarta-feira passada. Fizemos uma reunião, e contra a ciência nunca houve achismo. Quando os infectologistas colocaram os números na mesa e me mostraram que era uma temeridade (reabrir na quarta), eu me rendi à ciência. O prefeito não abre a cidade, o prefeito conversa, o prefeito dioaloga”, comentou Kalil nesta segunda-feira.
De acordo com o último boletim epidemiológico da Prefeitura de Belo Horizonte, divulgado na sexta-feira (16), o índice de transmissão do coronavírus na cidade (RT) está em 0,87 (verde). A ocupação de leitos de UTI está em 86,9% (vermelho) e de leitos de enfermaria em 63,5% (amarelo). Quando o fechamento mais recente do comércio foi anunciado, em março, a capital apresentava a taxa de ocupação de leitos de UTI Covid em 81%. O sistema de saúde da capital mineira chegou a ultrapassar 100% de ocupação em diferentes datas em março.
O comércio não essencial estava fechado ou com funcionamento apenas por drive-thru e delivery em Belo Horizonte desde de 6 de março.
Outras cidades da região metropolitana, como Nova Lima e Contagem, reabriram suas atividades no último sábado, dentro da implantação da Onda Vermelha, e houve bastante movimento. Elas flexibilizaram seguindo o plano Minas Consciente: na quinta-feira (15), o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), permitiu que a região metropolitana avançasse. Desde então, a Prefeitura de Belo Horizonte não havia se manifestado, uma vez que apenas a Onda Roxa é obrigatória para adesão das cidades. Nos demais casos, as prefeituras optam ou não por seguir as recomendações do governo estadual.
RELEMBRE OS FECHAMENTOS EM BH NO ÚLTIMO ANO
Primeiro fechamento: 20 de março a 25 de maio de 2020
Apenas serviços essenciais, como farmácias, clínicas e hospitais, puderam funcionar no período. Atividades administrativas essenciais e estabelecimentos ligados à manutenção de equipamentos e infraestrutura também ficaram liberadas.
Segundo fechamento: 29 de junho a 6 de agosto de 2020
Após duas fases de flexibilização de algumas atividades comerciais, cidade voltou a ter restrições por conta do aumento da transmissão
Terceiro fechamento: 11 de janeiro a 31 de janeiro de 2021
A prefeitura permitiu que parques e praças continuassem abertos
Quarto fechamento: 6 de março até 22 de abril
Inicialmente, foram consideradas as mesmas atividades essenciais do primeiro decreto, e a prefeitura impediu a realização de cultos e missas. Parques e praças também foram fechados. Durante um período, também foi implementado o toque de recolher das 20h às 5h, em função da adesão a Onda Roxa promovida pelo governo estadual