Esposa de ex-delegado morto teme que assassino saia da prisão e continue sua ‘vingança sanguinária’

Foto: Arquivo pessoal

A esposa do delegado aposentado Hudson Maldonado Gama, morto aos 86 anos, na última quarta-feira (22), em Sete Lagoas, na região Central de Minas Gerais, falou com à Rádio Itatiaia sobre está a família cinco dias depois do crime. Bruna Santana diz que mesmo após a prisão do autor, o ex-policial civil Rodrigo César Costa Barbosa, suspeito de esfaquear e atear fogo na vítima ainda viva, a família segue receosa.

“Eu não estou sossegada, não estou tranquila. Meu marido não fez nada, não deve nada a ele (Rodrigo). Se ele foi expulso da corporação, foi por corrupção e erro dele, que fique isso bem claro. Meu marido não tem nada a ver com isso. Se esse monstro teve a capacidade de cultivar um ódio injusto, se ele teve essa monstruosidade de fazer isso com o meu marido, eu não eu não tenho dúvidas que ele possa fugir da cadeia e continuar essa vingança sanguinária dele. Esse homem é um monstro. Então, eu não estou tranquila, meu filho não está tranquilo, minha família não está tranquila. Eu me sinto sim temerosa pela minha segurança e pela segurança do meu filho”, afirma.

Rodrigo foi preso na última sexta-feira (24) após se entregar na Delegacia de Homicídios de Sete Lagoas, na região Central de Minas, onde o crime foi cometido. Segundo a Polícia Civil, Hudson denunciou Rodrigo à Corregedoria da Polícia Civil por corrupção há 18 anos. O ex-policial foi investigado e, recentemente, expulso de forma irreversível da corporação.

“Meu marido era advogado criminalista e tinha uma cliente. Esse policial ficava extorquindo ela, mas ele já tinha várias denúncias de corrupção contra ele. Então, a cliente procurou o meu marido como advogado e pediu que ele tomasse as providências cabíveis, o que foi feito. Foi aberto um processo administrativo disciplinar e Rodrigo foi excluído. Justo. Ele estava errado e era corrupto mesmo”, diz Bruna.

A esposa do delegado aposentado conta que o ex-policial recorreu da decisão ao longo dos últimos 18 anos, até chegar na última instância, que decidiu que a expulsão era irreversível. Depois disso, Bruna acredita que ele começou a planejar o assassinato de Hudson.

“Ele começou o plano dele de vingança, né? Uma vingança injusta e cruel porque não foi o meu marido que excluiu ele. Foram as atitudes, a corrupção dele que fez com que ele fosse excluído. Meu marido agiu como advogado”, comenta.

‘Destruiu uma família’

Agora, Bruna tem que lidar com a perda do marido e a destruição da própria casa, que também acabou incendiada no crime.

“Bens materiais a gente trabalha e constrói. O pior foi que ele destruiu minha vida, ele destruiu meu coração, minha vida. Eu estava com o Hudson há 19 anos. Ele acabou com a minha vida, me deixou sem chão”, disse.

Além de Bruna, os nove filhos do delegado e a ex-mulher dele também sofrem com a sua morte. “Ele deixou nove filhos arrasados, deixou a ex-mulher dele que é uma pessoa bacana, com quem ele criou os filhos e está acamada, arrasada, os netos, os irmãos… Assim, ele destruiu uma família inteira na pura crueldade e injustamente. Acho que isso é o que mais me machuca e machuca os familiares. O Hudson não merecia isso, ele era um homem digno, correto, justo e íntegro. Ele se dedicou a vida toda ao trabalho e à família. Ele não merecia ter morrido dessa forma”, lamentou.

A esposa do delegado aposentado ainda quer mais respostas sobre como o crime aconteceu, já que ainda não se sabe se o homem realmente levou uma facada antes de ter o corpo queimado. “A resposta não vai trazer o Hudson de volta, mas a gente quer saber. É um direito dos familiares e meu como esposa. A gente quer saber o que realmente aconteceu. Acho que isso tem que ser investigado bem a fundo. Que esse cara, esse monstro fique trancado. Lugar de monstro é na jaula, que a gente joga a chave fora. O que ele fez foi monstruoso, ele é um crápula, é um monstro, é cruel”, finalizou.

O crime

De acordo com o registro, o homem chegou na residência, que fica na avenida Irmã Flávia, no bairro CDI II, dizendo que ia fazer uma entrega. “Por volta das 11 horas, um indivíduo interfonou apresentando-se como entregador da farmácia e que teria uma encomenda para o dr. Hudson, que relutou a abrir o portão”, disse o boletim.

A cuidadora contou à polícia que, ao atender, foi ameaçada com os seguintes dizeres: “abre aqui se não vou te matar”. Com medo, ela abriu o portão. Depois, o autor ainda acrescentou: “meu problema não é com você, sai daqui, meu problema é com ele que esta me devendo tem 18 anos.” Nesse momento, a testemunha fugiu para pedir socorro. Após invadir o imóvel, o criminoso ateou fogo no quarto onde estava o policial aposentado.

Hudson estava com a saúde debilitada em função de um AVC, que teve há seis meses, por isso não conseguiu sair e morreu carbonizado. A perícia e uma equipe de policiais compareceram ao local para identificar e coletar vestígios. “O corpo da vítima foi encaminhado ao Posto Médico-Legal (IML) do município, onde passou por exame de necropsia e, em seguida, foi liberado aos familiares”, disse a PC.

Fonte: Itatiaia

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