‘Eu fazia ou era demitida por justa causa’, relata funcionária que denunciou gerente da PBH por estupro

A mulher de 41 anos que denunciou um gerente regional da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), de 44 anos, por estupro no ambiente de trabalho e ameaças, relatou à Itatiaia, nesta quarta-feira (7), que faz acompanhamento psicológico e se recupera da lesão provocada pelo trabalho forçado ordenado suspeito. Ele era chefe da vítima e responsável por um parque municipal da capital mineira na qual ela afirma que o estupro aconteceu.

Em 15 de janeiro, segundo a vítima, o chefe mandou todos os funcionários saírem do parque, menos ela. Foi quando ele apareceu no local, alegando que iria avaliar um vazamento, e a obrigou a ter relação sexual com ele dentro do banheiro. Caso não o atendesse, a vítima seria demitida.

“Ele trancou a porta e já não tinha um funcionário. O porteiro já não estava no local, e ele me obrigou. Ou eu fazia, ou eu ganhava uma justa causa”, disse a mulher. Os detalhes do caso, como a localização e identificação do suspeito, não serão revelados pela reportagem, para que a vítima não seja identificada.

A vítima disse que ficou preocupada com a possível punição, caso fosse demitida da empresa terceirizada que presta serviço para a administração municipal. “O funcionário demitido (nessas condições) não pode ingressar na empresa de novo, nem por outro concurso”, completou.

Dois dias depois do estupro, segundo o boletim de ocorrência a que a Itatiaia teve acesso, ο homem apareceu no parque “com a mesma intenção, porém, a vítima não estava mais no local.”

A funcionária relatou preocupação com sua integridade física, já que colegas diziam o suspeito andava com arma de fogo. “Ele anda com uma mochila, todo mundo diz que anda armado”, acrescentou.

Trabalho forçado

Após o ocorrido, ela denunciou o gerente na corregedoria da prefeitura. Ao saber disso, o autor, então, começou a persegui-la, mandando-a fazer serviços fora do parque, como o de gari. Em um dos episódios, a mulher foi obrigada a fazer a limpeza em uma praça, das 7h as 15h, sem poder ir ao banheiro.

Ela alega que foi obrigada a tirar foto do serviço antes e depois e enviar para o autor. “Ele começou a me mandar para uma praça, alegando que a praça era anexo do serviço. Essa praça fica a dois quarteirões. Lá, eu carregava carrinho de mão cheio de barro”, contou.

Esse trabalho forçado de limpeza que fez na praça a levou a uma internação com lombalgia, que travou sua coluna e pela qual está com sequelas até hoje. “Travei, eu não me movimentava. Às 15 horas, eu mesma liguei para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Fiquei na praça, exposta ao sol, deitada no banco, travada”, lembrou. Ela também contou que, devido ao abuso, desenvolveu infecção urinaria.

Ameaças constantes

No mês passado, ela afirma que passou a ser ameaçada por meio de ligações. Em um dos episódios, segundo o b.o, o homem ameaçou a atropelar de bicicleta — meio de transporte que a mulher utiliza para chegar ao trabalho.

Ainda de acordo com o documento, a vítima foi alertada por um colega de trabalho que evitasse usar a bicicleta, pois o autor ameaçou “que onde a vítima estiver, vai passar com o carro por cima”. Segundo a funcionária, ela ainda recebe ligações de ameaças, em que o autor distorce a voz e lhe pede que fique calada.

A vitima teve audiência online com a Corregedoria da PBH em 5 de agosto e solicitou uma medida protetiva. A reportagem da Itatiaia entrou em contato com a PBH e com a Polícia Civil e aguarda os posicionamentos.

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