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As pessoas normais, as pessoas que não são estranhas, elas dizem, elas olham nos olhos umas das outras e dizem: Eu te amo! Mas este não é o caso dos personagens de “Nosso Estranho Amor”, espetáculo que a Preqaria Cia de Teatro apresenta este fim de semana, dias 26 e 27 de Novembro, sábado e domingo as 20 horas na Casa da Cultura. Trata-se aqui de pessoas que se apaixonam em situações extremas, personagens que se definem pelo que perderam, pelo que não têm, pelo que lhes falta.
Realizado com recursos do Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz 2008, “Nosso Estranho Amor” é uma livre adaptação do enredo da novela “Primeiro Amor” de Samuel Beckett. Os “sem teto” apresentados por Beckett foram o ponto de partida para que a companhia criasse a sua própria dramaturgia, uma fábula contemporânea sobre um dos sentimentos primordiais do homem como ser social: o amor, o absurdo que há no amor entre um homem e uma mulher.
A maior parte das palavras ditas na peça vieram de poemas do livro inédito “Clichês e Flores”, do ator e dramaturgo João Valadares, que antes havia publicado “Hipoteca”, pela Anome Livros. Em uma brincadeira com as canções de Caetano Veloso executadas ao vivo por violão Paulinho do Boi e a violino Clarice Rodrigues, o texto falado pela atriz Piera Rodrigues é, em parte, retirado das letras de músicas do compositor baiano, como se a mulher encontrasse paralelo entre o homem por quem se apaixonou e os personagens das canções que tanto gosta.
Todo o trabalho de criação cênica foi desenvolvido através de pesquisa do diretor Cláudio Dias, da Cia de Teatro Luna Lunera, que passa pelo método do processo colaborativo confrontando as técnicas de “Contato improvisação” do coreógrafo e bailarino Steve Preston que trabalha o movimento com troca de toques, peso e energias; e “View points” da bailarina e coreógrafa Ane Bogart que propõe jogos de relação entre corpo e espaço. A relação com a dança foi impressa no corpo dos atores e norteia a concepção de cenas importantes do espetáculo.
Enquanto seguem suas vidas os personagens de “Nosso Estranho Amor” parecem querer encobrir suas tragédias pessoais. O homem fala sem parar, confusamente e de modo entrecortado, mas o mais importante, o fato de ter sido despejado da casa onde viveu desde que nasceu, fica no segundo plano do seu discurso, como um “silêncio eloquente”. A jovem se apronta, experimenta os sapatos, se prepara para um novo dia de trabalho, mas o sorriso fácil não deflagra a solidão em que se encontra. Nesse sentido a iluminação realizada por Felipe Cosse e Juliano Coelho (Prêmio Shell 2007) busca encobrir o que está fora e descobrir o que está dentro, deixando para o público a percepção de atmosfera intimista a partir do espaço cênico proposto pelo cenógrafo Luiz Dias.
Quando não se tem mais nada e já não se pode perder mais nada, é sinal que algo está por acontecer. Duas pessoas se permitem um abraço, deixando que os poros da pele troquem planos e sonhos, parece ser essa a hora em que o acaso assume o seu papel. Os clichês de sempre: alguns gestos, um olhar, um novo corte de cabelo e uma música cantarolada sem grandes pretensões, tipo de coisa que não faz muito sentido, mas que na presença de Deus e o universo e outros seres mitológicos como o amor, fazem toda diferença. Apesar das condições, apesar desses pequenos absurdos cotidianos, parecia coerente que se apaixonassem. E foi assim.
Pena, é que nenhuma história termina com um começo. O amor é sempre começo.
Críticas – O que já foi dito sobre o espetáculo:
“Nosso Estranho Amor tem a marca do diretor Cláudio Dias: delicadeza que não se cansa de surpreender. Dramaturgia sofisticada e poética de João Valadares e atuação madura do autor e sua partner completam a engrenagem que faz desse trabalho um encontro que brinda o público com momento de rara sensibilidade”. Janaina Cunha Melo – Jornal Estado de Minas
“O quarto texto do dramaturgo mineiro João Valadares mostra que ele tem uma carreira grande pela frente. Sob ótima direção de Cláudio Dias, os atores contam a história de um amor pouco convencional, mas nem por isso menos emocionante. Protagonizam uma das mais belas e poéticas cenas de sexo que já vi no teatro brasileiro”.
Miguel Arcanjo Prado – Folha de São Paulo
“A inconstância entre amar e renegar. Tanto desespero, por vezes torna-se absurdo, provocando risos na platéia”.
Michele Bravos – Jornal de Maringá
“Com apenas 27 anos, Valadares se destaca como um dos fortes nomes da dramaturgia mineira”
Diogo Cavazotti – Folha de Londrina
“O texto falado pela atriz é em parte retirado das letras e músicas do compositor baiano, como se a mulher encontrasse paralelo entre o homem por quem se apaixonou e as personagens das canções que tanto gosta”.
Cultura – Jornal de Brasília
“O grande tema desse espetáculo vencedor do Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz de 2008 é o amor, por mais absurdo que seja”.
Annalice Del Vecchio – Jornal Gazeta do Povo de Curitiba
“Tanto ‘Aqueles Dois’ quanto ‘Nosso Estranho Amor’ chama a atenção da crítica e do público por retratarem relacionamentos inesperados e aparentemente inusitados”.
Cynthia Oliveira – Jornal Hoje em Dia (Belo Horizonte)
“A música ‘Nosso Estranho Amor’ de Caetano Veloso dá nome ao espetáculo e ganha vida através de um violino e um violão, enquanto é cantarolada pela personagem… Através do seu canto, ela expressa seus sentimentos e tenta privar o seu amado daquilo que o incomoda”.
Michele Bravos – Jornal de Maringá
Serviço
Nosso Estranho Amor
Data: 26 e 27 de Novembro
Hora: 20 horas
Local: Casa da Cultura de Sete Lagoas
Ingressos: R$20,00 (Inteira) e R$10,00 (Meia)
Informações: 31 98894-4243 e www.preqaria.com.br