Mãe de menina morta nas mesmas circunstâncias de Bárbara reconhece Paulo Sérgio

Márcia Santos Fonseca, mãe da menina Bianca, morta em Santa Luzia — Foto: Videopress Produtora

A técnica de enfermagem Márcia dos Santos Fonseca, de 40 anos, reconheceu a fotografia do possível assassino da filha, Bianca dos Santos Faria, de 11 anos, por meio de um link de uma reportagem enviada por uma amiga, na semana passada. A similaridade entre os homicídios também chamou a atenção da mulher que procurou a polícia e pediu para reabrir o caso. O crime está há 10 anos sem solução.

Ao ler a reportagem que confirmava a identidade de Paulo Sérgio, de 50 anos, como o assassino de Bárbara Victória, de 10 anos, que saiu de casa para comprar pão, no dia 31 de julho, em Ribeirão das Neves, na região metropolitana de Belo Horizonte, e foi encontrada morta em um matagal perto de casa, a mulher assimilou os casos.

Márcia lembrou que Paulo havia prestado serviço de pedreiro e na rede elétrica da residência dela e da ex-sogra. Após alguns dias do serviço prestado, a filha dela sumiu e também foi encontrada morta em um matagal perto da casa da família, em Santa Luzia, na região metropolitana de Belo Horizonte. O crime ocorreu em maio de 2012. Na época, o homem não foi apontado como suspeito, no entanto, depois do ocorrido Paulo Sérgio desapareceu de Santa Luzia e não foi mais visto.

“Na hora que vi a foto do Paulo na matéria e li o conteúdo juntei na hora os pontos e pensei que ele pode ter matado a minha filha também. Os crimes foram idênticos, ele entrou na minha casa para prestar serviço. O meu pedido de justiça que está entalado na minha garganta há mais de 10 anos conseguiu sair. Pela primeira vez, o crime da minha filha tem um suspeito, e essa história pode ser finalizada para que eu possa ter paz. Procurei a polícia e me disseram que vão começar a investigar”, disse Márcia com lágrimas nos olhos.

A ex-sogra de Márcia, a aposentada Ana Maria Silva, de 81 anos, também reconheceu a fotografia de Paulo. “Quando os meus vizinhos me mostraram a foto do Paulo e contaram o que ele havia feito, a minha cabeça doeu. Logo imaginei que ele poderia ter matado a minha neta Bianca. Reconheci ele na hora. Meu coração ficou entristecido, mas me trouxe um alívio que o caso será solucionado”, disse a avó da menina.

O padrasto de Bianca, o autônomo Carlos José da Silva, de 55 anos,se sente aliviado pela possibilidade do caso ser solucionado. Ele conta que por muito tempo sofreu em silêncio, por ser apontado pelos vizinhos como o principal suspeito de ter assassinado a criança, pelo simples fato de ser o padrasto da garotinha.

“Agora, os meus vizinhos que quase me massacraram vivo e me culparam me devem um pedido de desculpa. Fiquei meses sem sair de casa por medo de ser morto. Fui duramente apontado como criminoso. Pela primeira vez o crime da minha filha tem um suspeito. Esse caso será finalizado. Infelizmente nosso caso não contou com a ajuda de câmeras de vigilância, como na história da Bárbara, mas agora vai ter um fim para trazer alívio para todos nós”, desabafou Carlos.

Vizinha desconfia que Paulo possui envolvimento em mais crimes envolvendo crianças  na região

A neuropsicopedagoga Marlene Brito, de 62 anos, é amiga e vizinha da família. Ela se lembra bem de quando Paulo morava nas redondezas. Foi ela a primeira a enviar a reportagem para Ana, Carlos e Márcia.

“Quando vi a foto de Paulo na imprensa na mesma hora enviei para a família da Bianca a foto dele e a matéria. Em seguida, diversos vizinhos também enviaram os links das reportagens para a família da menina. Me lembro bem desse homem aqui nas redondezas”, recordou Marlene.

Marlene também acredita que Paulo tenha envolvimento em outro crime que ocorreu, em 2011, na região e ainda não teve revelada a identidade do autor do assassinato. Na época, uma menina, de 7 anos, desapareceu. O corpo da garotinha foi encontrado no meio da rua enrolado em um lençol. No entanto, Marlene não sabe se a família de Ranya de Jesus Oliveira, também desconfia de Paulo. Eles se mudaram do bairro e ninguém mais os viu.

“O caso de Ranya também está sem solução. A família dela é muito carente então não sei se eles fizeram esse link, mas esse homem rodou por muito tempo pelo nosso bairro e prestou serviço na casa de muita gente, então a desconfiança é presente”, destacou a psicopedagoga.

Lembranças e pedido de justiça

Em meio a dor e a possibilidade do caso, que  até então estava esquecido, ser solucionado, a mãe de Bianca, deixa na estante de casa a foto da menina em evidência, emoldurada. Nela, a menina com ar tímido mantém um sorriso entre os lábios. “Essa é a última foto que Bianca tirou. Estávamos em casa no último aniversário dela”, lembrou com saudade a mãe da menina que contou que Bianca tinha o sonho de ser policial.

Na estante também tem as fotos dos outros quatro irmãos de Bianca – 23,20,15 e 17 anos. “Hoje, os meninos entendem o que aconteceu. Eles sofrem porque a morte da irmã ainda não foi solucionada”, comentou Márcia.

Márcia  ainda organiza suas forças para pedir justiça e a solução do caso da filha. “O meu desejo é que o caso seja reaberto. Meu coração diz que foi o Paulo que matou minha menina. É uma pena ele não estar vivo, porque gostaria de perguntar o porquê dessa monstruosidade”, disse.

Investigações

A Polícia Civil informou que as investigações seguem sob sigilo. “A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) informa que o Inquérito Policial que apura a morte de uma criança de 12 anos ocorrida no ano de 2012, em Santa Luzia, prossegue sob sigilo a fim de que os fatos sejam elucidados. No momento, sem entrevista”, destacou na nota enviada à reportagem.

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