Governo recomenda que água do Rio Paraopeba não seja utilizada até trecho em Pompéu

Após rompimento da barragem em Brumadinho, recomendação que antes era desde a confluência com o Córrego Ferro-Carvão até Pará de Minas foi estendida para o município. Vale se posicionou.


Cidades mineiras foram impactadas com a contaminação do Rio Paraopeba — Foto: Reprodução/JN

O Governo de Minas estendeu nesta sexta-feira (22) até Pompeu, no Centro-Oeste de Minas, a recomendação para que a água bruta do Rio Paraopeba não seja utilizada. No último boletim divulgado em janeiro, a restrição era desde a confluência com o Córrego Ferro-Carvão até Pará de Minas.

Com a ampliação, a extensão da área afetada pelo rompimento barragem B1 no complexo da Mina Córrego Feijão da Mineradora Vale em Brumadinho subiu para 240 quilômetros.

A Vale enviou um posicionamento em relação ao assunto (veja abaixo).

A Secretaria Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) informou em nota que “a orientação de não se utilizar a água bruta do rio, sem tratamento, é válida para qualquer finalidade: humana, animal e atividades agrícolas” e que a ampliação foi tomada preventivamente em função de uma nova análise divulgada no informativo diário dos parâmetros de qualidade das águas.

O último boletim aponta índices de metais pesados na água acima do permitido pela legislação ambiental no trecho entre Curvelo e Pompéu. Além disso, no dia 21 de fevereiro, a medição do índice de turbidez apontou 818 NTU – que indica a quantidade de partícula sólida em suspensão que impede a passagem da luz e a fotossíntese.

Especialistas da Fundação SOS Mata Atlântica em expedição pelo trecho do Rio em Pompéu — Foto: SOS Mata Atlântica/Divulgação

Especialistas da Fundação SOS Mata Atlântica em expedição pelo trecho do Rio em Pompéu — Foto: SOS Mata Atlântica/Divulgação

Além de o limite máximo estabelecido pela legislação ser de 100 NTU, o índice apontado na análise mais recente no trecho de Pompéu é o mais alto na história do Instituto Mineiro de Gestão de Águas (Igam) para o período, que até então era de 766 NTU.

O monitoramento é realizado diariamente desde o dia 26 de janeiro, pelo Igam em parceria com a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), Agência Nacional de Água (ANA) e Serviço Geológico do Brasil (CPRM).

Nota da Vale

A Vale informou que está monitorando a qualidade da água e disponibilizando água para produtores rurais. Confira:

“A Vale estabeleceu um plano de monitoramento da qualidade de água, sedimentos e organismos aquáticos a partir de coletas diárias de amostras em 48 pontos nas bacias dos rios Paraopeba e São Francisco, cujos resultados parciais vêm sendo compartilhados diariamente com os órgãos competentes. Também estão sendo realizadas obras em três trechos, que incluem a implantação de diques e barreiras hidráulicas, para auxiliar no processo de contenção de rejeitos, entre outras iniciativas.

Produtores rurais com atividades em doze municípios de Minas Gerais estão recebendo abastecimento de água para consumo humano, dessedentação animal e irrigação. Até o momento, a Vale disponibilizou um volume de mais de 10 milhões de litros de água”.

Rejeitos

A última análise realizada no Rio Paraopeba, no trecho que passa por Pompéu, em expedição da Fundação SOS Mata Atlântica apontou a chegada dos rejeitos ao município.

Em coleta realizada no dia 10 de fevereiro, próximo a Usina Hidrelétrica Retiro Baixo, que estava com as turbinas desligadas preventivamente, foi detectado índice de turbidez da água igual a 329.6 NTU.

Na época, o nível de oxigênio da água em Pompéu se manteve em condições de possibilitar a vida aquática, segundo os especialistas. Na superfície foi constatado 6.43 miligramas por litro. O mínimo necessário é de 5 miligramas por litro. Contudo, na coleta profunda, o nível caiu para 3,07 miligramas por litro.

Chegada dos rejeitos foi apontada em expedição — Foto: SOS Mata Atlântica/Divulgação

Chegada dos rejeitos foi apontada em expedição — Foto: SOS Mata Atlântica/Divulgação

Expedição

A Fundação “SOS Mata Atlântica” percorreu mais de 300 km para analisar a situação do Rio Paraopeba. A equipe havia confirmado a presença de rejeitos de lama no trecho que corta a cidade de Maravilhas, a cerca de 130 km de Brumadinho.

O Rio foi também foi dado como morto em Pará de Minas, onde foi decretado estado de emergência e instaladas membranas de contenção que, segundo a fundação, só conseguiram conter 50% dos rejeitos da barragem.

VIARedação
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