PCMG prende mais três suspeitos de tortura em asilo de Santa Luzia

Foto: Divulgação

Em continuidade às investigações de tortura ocorridas em um asilo particular na cidade de Santa Luzia, Região Metropolitana de Belo Horizonte, a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) prendeu outras três pessoas, nessa quarta-feira (31). Desde o início da apuração da denúncia de maus-tratos contra os internos – a maioria idosos e pessoas acamadas -, na última quinta-feira (25), foram presas quatro pessoas da mesma família e um cuidador. A clínica, localizada no bairro Barreiro do Amaral, não possui alvará e foi interditada pela Prefeitura no mesmo dia da intervenção da PCMG.

São investigados pelos crimes de tortura Elizabete Lopes Ferreira, 47 anos, proprietária do asilo, suas filhas Poliana Lopes Ferreira, 27, e Patrícia Lopes Ferreira, 21, e o marido dela, Paulo Lopes Ferreira, 53, além do cuidador Jorman Alexander Venâncio do Amaral, 47. “De acordo com os levantamentos, Elizabete seria a mais severa nas punições. Já Jorman, o braço direito da dona. Poliana relataria à mãe o que os internos faziam de ‘errado’ para receberem o ‘castigo’ e também agredia os assistidos, assim como a irmã e o pai”, detalha a Delegada Bianca Prado, titular da 2ª Delegacia de Polícia Civil em Santa Luzia.

No momento da ação policial, há exatamente uma semana, 42 internos estavam na instituição. Desses, sete precisaram ser encaminhados imediatamente ao Hospital Municipal de Santa Luzia e outros 11 deram entrada na unidade de saúde ao longo desses sete dias com quadro de desnutrição, desidratação, outros com feridas graves e até mesmo traumatismo craniano. Hoje, 15 continuam no hospital e nove estão na clínica, com um responsável pelo local acompanhado de profissionais da Prefeitura, à espera de familiar ou transferência para outro abrigo.

Outras investigações

Além da investigação de tortura, a Polícia Civil apura mortes de internos. “Chegaram ao nosso conhecimento sete mortes, sendo que três ocorreram em julho deste ano, no intervalo aproximado de dez dias. Em um desses casos recentes há indícios de relação com o tratamento recebido, pois, segundo o médico, o paciente deu entrada com desidratação, desnutrição, sem sinais, e possivelmente, estava sem alimento há uma semana”, conta Bianca Prado ao dizer que aguarda os prontuários dos pacientes para que seja feita análise das causas das mortes.

Também é apurada pela PCMG uma suspeita de retenção de cartões bancários por parte dos responsáveis pelo asilo, para que eles mesmos sacassem os benefícios previdenciários dos internos. “Uma denúncia consta que foram feitos saques de benefícios de um idoso que já havia falecido”, observa a Delegada. Ela explica que, inicialmente, as cinco pessoas presas são investigadas por tortura, mas serão analisadas também as condutas individualizadas de cada um para a responsabilização pertinente.

Famílias investigadas

Os familiares ou responsáveis pelos internos que se recusam a retirá-los da clínica ou buscá-los no hospital após alta médica podem responder pelo crime de abandono de incapaz. Segundo Bianca Prado, já serão instaurados dois inquéritos policiais por esse tipo de situação. “Pedimos que a família tome alguma providência para tirar o seu parente do abrigo ou do hospital. Quem tem condição de levá-lo para a casa, que o faça. Não sendo possível, procure uma instituição séria e coloque o seu familiar amparado. A responsabilidade primária é da família. Estamos tratando de casos seríssimos”, ressalta.

A Delegada observa, ainda, que ex-internos vítimas procurem a delegacia. Isso é importante para se ter o número exato de pessoas que sofreram algum tipo de violência no asilo. Até o momento, 31 pessoas já foram ouvidas no procedimento policial que investiga o asilo, incluindo vítimas, testemunhas e os suspeitos.

VIARedação
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