Arena do Jacaré volta ao Democrata; gramado e arquibancada são problemas

A Arena do Jacaré foi a casa do futebol mineiro entre 2010 e 2012
Foto: CRISTIANO TRAD / OTEMPO 9/02/11

Depois de dez anos e quatro meses, a Arena do Jacaré, em Sete Lagoas, volta às mãos de seu legítimo proprietário, o Democrata-SL. O contrato de comodato do governo do Estado chegou ao fim e devolução formal se deu na última quinta-feira. O estádio, localizado a 70 km da capital, foi uma solução arquitetada às pressas para que Atlético, Cruzeiro e América não ficassem sem casa enquanto Independência e Mineirão eram reformados para a Copa do Mundo de 2014.

Iniciada em 2009, a obra que ampliou a capacidade de público da Arena do Jacaré de 18 mil para 25 mil incluiu a instalação de cadeiras, melhoria de vestiários e iluminação e aumento do número de vagas de estacionamento e custou R$ 8,6 milhões, segundo dados da época. Os clubes de BH mandaram seus jogos no estádio entre julho de 2010 e maio de 2012.

Depois disso, a praça esportiva passou a receber jogos de categorias de base, de times da região e partidas amadoras. Em 2013, um termo de cooperação assinado entre Estado e Prefeitura de Sete Lagoas passou a administração para o município. No Mundial de 2014, a Arena do Jacaré foi o Campo Oficial de Treinamento (COT) do Uruguai na competição.

Condições

O custo mensal da Arena do Jacaré girava em torno de R$ 45 mil, segundo o governo do Estado. As despesas, no entanto, foram crescendo ao longo do anos, chegando a R$ 80 mil atualmente, de acordo com a prefeitura de Sete Lagoas.

O estádio volta para o Democrata com problemas. “Para o clube, houve o benefício de ter o estádio finalizado, mas estamos recebendo a arena com parte da arquibancada interditada (cerca de 5 mil cadeiras, abaixo do placar), os vestiários não estão em situação de uso e o gramado não está bom. Acabou que o estádio foi sendo usado em excesso para categorias de base e peladas e não teve a manutenção adequada. Nossa ideia é acionar o Estado e, de forma amigável, conseguir os reparos”, explicou o diretor administrativo do Democrata, Renato Paiva.

Como acabou de receber o estádio de volta, o clube ainda avalia diferentes questões de uso e manutenção. Paiva acredita que consiga limitar os gastos mensais a R$ 15 mil. Um poço artesiano foi recuperado no local, o que pode diminuir as contas de água em R$ 20 mil por mês. O Democrata, de toda forma, ainda pretende contar com uma parceria da prefeitura.

Segundo o secretário municipal adjunto de esportes, Fabrício Fonseca, a procuradoria do município estuda um novo comodato de seis meses a um ano para ajudar o clube. “Já temos 37 campos na cidade. Ficar com o estádio é um gasto, todo mundo que jogar só de graça, é uma despesa. O município não pode assumir 100%”, ressaltou.

Estádio serviu para diferentes propósitos

Jogos marcantes
A Arena do Jacaré tem um capítulo especial na memória cruzeirense. O estádio foi palco do histórica goleada de 6 a 1 sobre o Atlético, que livrou a Raposa da queda, em 2011. O Cruzeiro também foi campeão mineiro (2011) e vice-brasileiro na arena (2010). O jogo para esquecer é a derrota para o Once Caldas que eliminou o time da Libertadores.

Garotada
O estádio setelagoano também virou palco para categorias de base. Com o gol de Bernard (que fez gestos para a torcida adversária), o Galinho conquistou a Taça BH sobre o Fluminense, em 2011. No ano seguinte, o Vitória venceria o Atlético na final da Copa do Brasil Sub-20. A Arena do Jacaré também recebeu jogos de futebol feminino e times masters.

Estrelas
A boa estrutura e a localização centralizada de Sete Lagoas ajudaram a atrair a seleção uruguaia para treinamentos antes e durante a Copa do Mundo do Brasil, em 2014. Suárez, Cavani, Forlán e companhia chegaram a levar 7 mil pessoas à Arena do Jacaré para um treino aberto. A delegação ficou hospedada em um resort da cidade.

Compartilhado
Além do Democrata, a Arena do Jacaré virou a casa de diferentes times do interior. Minas Boca, de Sete Lagoas, Betis, de Ouro Branco, e Coimbra, de Contagem, que conquistou o Módulo II deste ano, utilizaram a estrutura. O estádio também funcionou como terceira opção, quando Mineirão e Independência estiveram cedidos à Fifa.

Democrata coloca a casa em dia e mira a elite do futebol mineiro

A retomada da administração da Arena do Jacaré inaugura uma nova fase no clube, que já vem trabalhando para deixar o clube sanado. O centenário Democrata – fundado em 1914 – é uma equipe de tradição no Estado, mas não disputa a elite do futebol mineiro desde 2008. O time está no Módulo II, competição que começa em fevereiro.

“Queremos montar um time para subir. Não vamos disputar por disputar. Vamos disputar para subir”, garante o diretor administrativo Renato Paiva, que não teme as consequências de ver o time rebaixado à Segunda Divisão (terceira na prática) caso o clube se recuse a participar do torneio que tem vaga atualmente. “Pior é entrar em um campeonato sem dinheiro e ficar devendo todo mundo como foi nos últimos anos”, pondera.

O Democrata pagou recentemente um passivo trabalhista de R$ 1,5 milhão, dinheiro levantado com o leilão do Recanto do Jacaré, ocorrido em 2012. O clube fez um acordo com a Justiça e quitou dívidas que se arrastavam há mais de duas décadas.

Formação da equipe

A diretoria democratense está fechando o orçamento para 2020 e pretende aportar entre R$ 700 mil e R$ 800 mil para conseguir o acesso. Paulinho Guará será o treinador. O Democrata já fechou parcerias, entre elas, com o Banco Cred, para patrocínio master. O clube está em negociação com a América para que a equipe da capital ceda alguns garotos para a disputa do torneio.

 

com O Tempo

FONTEO Tempo
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