Bebê de 18 meses morre com suspeita de Covid-19 em BH

Movimentação no Cemitério da Paz, em Belo Horizonte; Minas registrou nesta quarta-feira, 20, recorde diário de mortes e de casos
Foto: Alex de Jesus

No mesmo dia em que Minas Gerais alcançou um recorde de mortes e casos de Covid-19 em 24 horas, com 309 contaminados e dez óbitos no período, um bebê de 18 meses perdeu a vida com suspeita de contaminação pela doença. Se for confirmado que o pequeno foi vítima da doença, esta será a primeira criança com menos de 9 anos a morrer no Estado por Covid-19.

O bebê, cujos dados não foram divulgados, estava internado em um hospital da rede particular de Belo Horizonte. Na manhã desta quarta-feira (20), o quadro dele se agravou, e ele não resistiu.

Segundo informações da unidade de saúde, a criança morreu com Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), e foram feitos exames para diagnosticar ou descartar a Covid-19. “Foi coletado RT-PCR para coronavírus, e o caso foi notificado ao Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde do Estado de Minas Gerais (Cievs)”, informou o hospital em nota.

Ontem, a criança ainda não constava como caso em investigação no boletim divulgado. Até então, 2.343 pessoas estão em acompanhamento pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), e 5.286 tiveram a confirmação da doença. Entre os casos comprovados, 23 eram de menores de 1 ano, e 75, de crianças de 1 a 9 anos, segundo dados da pasta.


Especialista

Para o infectologista Marcelo Simão Ferreira, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, a investigação da morte do bebê possivelmente por Covid-19 não deve ser motivo de pânico para os pais de outras crianças.

“Primeiro, que ainda está em investigação. Segundo, que a inflamação exuberante é a principal causa da morte por Covid-19 e, como o sistema imunológico das crianças ainda é imaturo, a reação inflamatória contra a doença não é tão intensa a ponto de chegar ao óbito. Isso, claro, na maioria dos casos. Situações isoladas podem ocorrer”, explica.

Porém, ele lembra que, como a doença é uma novidade e ainda está em avaliação entre especialistas, essa seria uma das explicações em estudo.

Ainda conforme Ferreira, o fato de a letalidade ser comprovadamente menor entre as crianças não significa que os pequenos não sejam infectados. “Temos que lembrar que a maior parte das crianças é assintomática. Por isso, é preciso ter o cuidado e, quando possível, afastá-las de grupos de risco, porque elas podem ser grandes replicadoras do vírus”, alerta.


Ainda segundo o especialista, é preciso ter cuidado para não confundir a doença com viroses próprias da idade. “É muito comum crianças terem viroses com febre e dor de garganta, por exemplo. Mas é preciso procurar um médico quando ela ficar com febre, prostrada, com ou sem vômito”, recomenda.

No caso dos bebês, o ideal é que os pais acompanhem os sinais, como choro intenso e febre. “Só o teste laboratorial pode confirmar a contaminação pelo novo coronavírus”, diz.

Resposta

A Secretaria de Estado de Saúde informou, em nota, que o caso ainda não entrou no boletim epidemiológico porque existe um protocolo a ser seguido, que inclui triagem.

Síndrome infantil

No caso das crianças, além do novo coronavírus, a Covid-19 pode estar causando a chamada “síndrome respiratória multissistêmica”, que pode afetar todos os órgãos. A Organização Mundial da Saúde (OMS), inclusive, investiga a associação do vírus com essa outra doença.


Entre os sintomas mais comuns estão febre alta, dores abdominais, problemas digestivos, erupção cutânea, conjuntivite, língua avermelhada e inchada e problemas cardíacos. “Mas nem essa doença que está em investigação é motivo para pânico. Tudo ainda está em estudo porque é uma doença muito nova”, afirma Marcelo Simão Ferreira, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia.

VIARedação
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