Vacina do amor: amigas voltam a dividir a vida

Ao passar na rua e ver quatro senhoras sentadas conversando, fotógrafa eternizou momento em foto, que viralizou na rede

Moradoras de Ribeirão das Neves convivem há 34 anos | Foto: Emilly Dornelas Toledo/Divulgação

Quando se conheceram, há 34 anos, quatro moradoras de Ribeirão das Neves, na região metropolitana, não imaginavam que passariam por tanta coisa juntas. São muitas histórias vividas até aqui, desde as tristes até as felizes, como é a mais recente: a vacinação contra a Covid-19. A comemoração do momento foi registrada por uma fotógrafa ao testemunhar o reencontro delas na quinta-feira (25), após a imunização.

As vizinhas, que moram na rua Marrocos, no conjunto Henrique Sapori, foram vacinadas contra a doença, e agora compartilham de um sentimento já experimentado por cerca de 14 milhões de brasileiros, de acordo com dados do Ministério da Saúde: o de alívio.

Nicolina de Oliveira Matos, 91 anos, é a mais idosa do grupo. Ela foi a primeira a receber o imunizante e comemorou a notícia de que as amigas também estavam sendo protegidas. “Eu tomei a vacina, não senti nada e agora eu coloco a máscara e fico lá fora com as minhas “irmãs” no portão. Eu também gosto de dançar, então coloco ela no rosto, escuto a música e quando vejo já estou dançando na minha casa”.

Para a dona Zita de Souza Marinho, de 76 anos, após receber a vacina, a primeira ação foi gritar e agradecer a Deus. “Eu gritei “Glória a Deus” e agora estou muito feliz por compartilhar esse momento com as minhas vizinhas. Em nome de Jesus todas as crianças e todas as pessoas mais velhas vão ter a chance de tomar a vacina”.




Antes da vacina chegar, dona Zita conta que a comunicação com as amigas era feita à distância. “A gente só gritava, mas agora nós podemos sentar ali no portão e conversar um pouco, como sempre fazíamos antes da pandemia”. Ela relembra, ainda, de quando chegou ao bairro pela primeira vez. “A minha primeira vizinha foi a dona Regina, e eu me lembro quando ela me convidou para almoçar, junto ao meu falecido esposo, na casa dela. Nós estamos muito felizes aqui onde a gente mora, isso é muito bom”.
Também já vacinada, Regina de Aguiar Marques, Dona Regina, como é conhecida pelos vizinhos, também já está vacinada. Aos 89 anos, ela se diz aliviada e tranquila. Foi muito importante receber a vacina e agora eu me sinto mais segura para ver as minhas amigas, mesmo que a gente ainda faça o uso da máscara. Eu estou muito feliz por isso. Essa foto representa segurança, amor, cumplicidade e liberdade”.

Quem também está na foto é Maria da Glória Carvalho, ambas de 76 anos. “A sensação de tomar a vacina foi muito boa, eu chorei de emoção. É muito bom mesmo ver essa foto agora, pois ela representa saúde para nós quatro. Foi bom estar ao lado delas neste momento”.


O registro, que está circulando pelas redes sociais dos moradores de Ribeirão das Neves e dos familiares das quatro idosas, foi feito pela fotógrafa Emilly Dornelas Toledo, que percebeu a felicidade do grupo e decidiu fazer a foto. “Eu estava passando e vi as quatro juntas, muito felizes e de máscara, o que me chamou a atenção. Parei para uma conversa e elas contaram que haviam sido vacinadas. Não demorou para elas pedirem para que eu tirasse uma foto. Eu decidi fazer esse registro, não só pelo pedido delas, mas também porque eu vi uma oportunidade de mostrar para a sociedade que a vacina salva vidas e de incentivar a procura pelo imunizante”.

Embora as quatro vizinhas tenham sido imunizadas, o médico  Leandro Curi reforça que os cuidados como lavar as mãos, evitar aglomerações e utilizar máscara de proteção continuam sendo essenciais. “Mesmo após receber a segunda dose, é preciso manter esses cuidados. Isso é importante porque a imunização não é garantia de que a gente não vai mais contaminar, e sim uma garantia de que os riscos podem diminuir. Cada vacina precisa de um tempo para fazer o efeito, mesmo após a aplicação da segunda dose. O ideal, por exemplo, é que a pessoa espere pelo menos 15 dias após receber o imunizante para ter a certeza de que ela fez o efeito. A escolha da prevenção é sempre a melhor”.


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