Lactantes buscam entrar no grupo prioritário na vacinação contra a Covid-19

Um grupo de mulheres, todas lactantes, com bebês de diversas idades, tem movimentado as redes sociais, reivindicando a vacinação contra a Covid-19 de lactantes, com sua inclusão no grupo prioritário. A alegação principal dessas mães é que, além da proteção da própria mulher ao receber a vacina, ocorreria a proteção dos bebês, então vacinando um, protegem dois. Lembrando que a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendam o aleitamento materno até os 2 anos ou mais e exclusivo até os primeiros seis meses de vida.

Essas mulheres iniciaram essa movimentação nas redes sociais, após a divulgação de diversos estudos que comprovam que, vacinando a lactante o lactente também recebe anticorpos.

Seguem 4 estudos recentes, extremamente importantes:

1 – Uma pesquisa publicada no American Journal of Obstetrics and Gynecology, esse mês, mostrou que gestantes vacinadas com a plataforma RNAm (Pfizer e Moderna), transferiram com sucesso os anticorpos para os bebês;

2 – Estudo publicado em março no mesmo American Journal of Obstetrics and Gynecology, avaliou a resposta vacinal em 131 gestantes e lactantes imunizadas com as vacinas Pfizer e Moderna, com produção importante de anticorpos e passagem pela placenta e leite materno para os bebês;

3 – Estudo publicado no mês passado na revista JAMA, em 84 lactantes de Israel, vacinadas com a Pfizer, com secreção robusta de anticorpos IgA e IgG no leite materno, 6 semanas após a vacinação. Os anticorpos encontrados no leite materno mostraram forte capacidade neutralizante, indicando uma provável proteção para os bebês;

4 – Mais um estudo do JAMA, com 103 gestantes e lactantes que receberam as vacinas de RNAm, com robusta resposta imune, segurança e passagem de anticorpos transplacentários e no leite materno.

Estamos conscientes da limitação quantitativa de doses liberadas pelo Ministério da Saúde (MS) para os grupos prioritários em Minas Gerais. Contudo, lamentamos a exclusão da previsão da inserção das lactantes na estratégia de imunização realizada pelo Estado, dado o avanço da pandemia e o surgimento de novas variantes que ameaçam as nossas vidas e dos nossos bebês.

Em documento publicado recentemente pela OMS e endossado pelo Grupo Consultivo Estratégico de Especialistas em Imunização (SAGE), são fornecidas orientações globais para alocação de vacinas contra a COVID-19 entre os países e orientações nacionais de priorização de grupos para vacinação dentro dos países em caso de oferta limitada. Norteado pelo princípio do bem-estar humano com o objetivo de “reduzir as mortes e a carga da doença relativa à pandemia de COVID-19′, o documento recomenda a vacinação em ‘Grupos com comorbidades ou estados de saúde (por exemplo, gravidez/amamentação) que implicam risco significativamente maior de doença grave ou morte ‘.


Cabe lembrar que bebês menores de dois anos não podem usar máscara em função do risco de sufocamento, o que faz com que a contenção de contaminação e contágio através deles seja um obstáculo, bem como sua exposição muito arriscada, provando que a imunização das mães e a consequente imunização do bebê pelo leite materno seja uma saída eficiente e sem maiores custos para o poder público, o que, evidentemente, configura uma estratégia de imunização extremamente inteligente.

Segundo um cálculo do Instituto de Pesquisa Económica Aplicada (IPEA), já se contam pelo menos 45 mil bebês, crianças e adolescentes que perderam pai e mãe na pandemia. As consequências do número de mortes e desestruturação familiar ainda são desconhecidas, mas temos condições de diminuir esses impactos a partir do momento que também vislumbrarmos o horizonte de imunização de mãe e bebês como estratégia de proteção e sobrevivência familiar. É preciso acelerar a vacinação de todas as mulheres lactantes, especialmente no país que mais perde bebês com menos de 2 anos para a COVID-19 no mundo. Vacinar todas as lactantes é investir em saúde e bem-estar da população brasileira e suas futuras gerações! Vacinar as lactantes é proteger o futuro representado na figura de nossos bebês. Vacinar lactantes é reconhecer o direito humano à saúde e proteção constitucional da maternidade como objetivo prioritário dos gestores públicos do Estado de Minas Gerais.


Em razão deste contexto, requeremos a necessária inclusão de todas as mulheres lactantes, com e sem comorbidades, no chamamento para vacinação contra a COVID-19, juntamente com as gestantes e puérperas. 

Link para acompanhar a petição online: http://chng.it/y2RRLYyTz8

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