Morte de fisiculturista sete-lagoano em boate de BH completa um ano e pai cobra Justiça

Advogado que representa empresa de segurança confirmou que há prisões nesta terça-feira. Quatro são investigados pela suspeita de envolvimento na morte de Allan Pontelo

Um ano depois da morte do fisiculturista e estudante de educação física Allan Guimarães Pontelo, de 25 anos, espancado e assassinado no interior da boate Hangar 677, no Bairro Olhos D’água, na Região do Barreiro, em Belo Horizonte, nenhum dos cinco acusados pelo crime foi responsabilizado. O processo que corre no Tribunal do Júri está na fase sumariante e o juiz responsável pelo caso ainda não decidiu se os denunciados vão a júri popular. Enquanto isso, a família do jovem cobra mais celeridade na punição dos envolvidos, responsáveis, segundo o Ministério Público, pelo assassinato de Allan, brutalmente espancado e morto com um golpe de sufocamento no pescoço. Nesta semana, o pai de Allan, Denio Pontelo, informou que vai voltar a colar cartazes em outdoors de Contagem, na Grande BH, onde a vítima morava, chamando a atenção para o caso, como ele já fez outras duas vezes.

 

Allan foi assassinado em 2 de setembro do ano passado. Segundo a denúncia apresentada pelo MP à Justiça, os denunciados, agindo com dolo (intencionalmente), tiraram a vida da vítima mediante asfixia. O jovem havia seguido até o banheiro da boate e lá foi abordado pelos seguranças Carlos Felipe Soares e William da Cruz Leal, que o levaram contra sua vontade para uma área restrita onde ele passou por uma revista. Como Allan resistiu, a dupla passou a espancar a vítima violentamente, com empurrões, socos e chutes, imobilizando-a e a estrangulando até a morte. O laudo de necropsia aponta como causa da morte “asfixia mecânica por constrição extrínseca do pescoço”. No relato do juiz que aceita a denúncia contra os acusados, consta que a dupla de seguranças agiu com o apoio de Paulo Henrique Pardim de Oliveira e Fabiano de Araújo Leite, que asseguraram a continuidade da agressão e impediram que terceiros se aproximassem para socorrer a vítima. Os dois estariam a serviço de retirar dinheiro dos caixas da boate.

Além dos quatro, também foi denunciado Delmir Araújo Dutra, que seria coordenador da segurança, mas os relatos da polícia que foram anexados ao processo dão conta de que ele chegou no local das agressões junto com os socorristas e sua conduta precisa ser melhor explicitada na instrução do processo. Independentemente das condutas de cada um, o pai de Allan, Denio Pontelo, de 48, quer que os envolvidos sejam punidos o mais rápido possível. “A dor de enterrar um filho que estava no auge de sua vida é uma coisa indescritível. Meu filho pagou para entrar naquela boate e morreu sem nenhum motivo. Ainda tentaram inventar uma história de que ele estava vendendo drogas, o que é mentira”, afirma o técnico em eletrônica. “Espero que as pessoas que fizeram essa brutalidade paguem o que têm que pagar, com a prisão, para sentirem na pele o que foi a estupidez de terem tirado a vida de um menino de 25 anos”, afirma.


A mesma punição a todos os acusados é o que espera a fotógrafa e empresária Marcella Paiva, de 21, que era namorada de Allan na época do crime. “Nós dois fizemos muitos planos e abrimos juntos uma loja de suplementos, mas repentinamente tudo foi tirado de nós. O mínimo que pode ser feito é que os assassinos sejam punidos e a boate seja fechada, porque aquilo foi um ato de covardia. Eles alegaram situações falsas de uso de drogas para manchar a imagem do Allan. Quero que a Justiça seja feita porque quem matou o Allan está aí e nunca mais vou ter meu namorado de novo”, diz Marcella.

DEFESA Dos cinco denunciados pelo MP, três eram funcionários da CY, empresa que prestava o serviço de segurança para a Hangar 677 no dia do fato. William, Carlos – agora foragidos – e Delmir são representados pelo advogado Ércio Quaresma, que vai sustentar a tese de que houve, no máximo, homicídio culposo, quando não se tem a intenção de matar, sendo que o chefe da segurança não participou em nada do crime. Hoje ele é monitorado com o uso de tornozeleira eletrônica. “O Delmir não tem nada a ver com isso. É um delírio acusatório. Sobre os seguranças, obviamente quando eles foram tentar conter a vítima, quanto mais o rapaz tentava fugir, mais eles tentavam conter. E o jovem também tinha uma substância chamada quetamina no corpo, que é um anestésico poderoso. O segurança usou da força necessária para contê-lo porque se aquele moço saísse correndo em direção a 3 mil pessoas você não sabe o caos que seria”, argumenta Quaresma.

O advogado de Paulo Henrique Pardim de Oliveira, Dracon Luiz Cavalcante Lima, disse que seu cliente, também está foragido, não participou em momento nenhum das agressões. “O Paulo Henrique estava lá para fazer sangria do caixa (retirar dinheiro) e foi até o local porque eles pediram socorro, mas ele viu a situação e voltou para o balcão. Ele vai se apresentar no momento da audiência de instrução do processo”, afirma.  “O processo tramita em uma velocidade bem razoável, cumprindo rigorosamente os ditames da lei. Na instrução, meu cliente vai provar sua inocência”, disse Alexandre Marques de Miranda, advogado de Fabiano de Araújo Leite, que também é monitorado com tornozeleira.

A assessoria de imprensa da boate sustenta que não teve nenhuma responsabilidade sobre o mesmo já que, segundo a casa, os envolvidos não eram seus funcionários. “A Hangar foi apenas o local onde se deu o fato e não teve nenhuma responsabilidade sobre o mesmo. Tanto isso é verdade que nenhum funcionário ou sócio da empresa foi indiciado no processo que apura as consequências do ocorrido”, disse a assessoria, por meio de nota.

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