Buscas devem durar mais 50 dias, diz Corpo de Bombeiros

Helicóptero de resgate sobrevoa Rio Paraopeba atingido pelo rompimento de barragem da Vale, em Brumadinho.

Os trabalhos de buscas pelas vítimas do rompimento da barragem I, da mina de Córrego do Feijão, da Vale, em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte, devem durar mais 50 dias, aproximadamente, de acordo com o comandante-geral do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, coronel Edgard Estevo da Silva. Ele participou de uma audiência pública realizada na Assembleia Legislativa de Minas Gerais na manhã desta terça-feira (26) para debater as causas e as consequências da tragédia.

“Nossa previsão é de 50 dias, mas isso ainda depende muito de como vai andar todo o trabalho, a questão biológica de cada um dos segmentos encontrados, e pode variar um pouco. A partir do momento em que forem diminuindo a efetividade do trabalho e o número de desaparecidos da lista, vamos fazer um novo planejamento”, afirmou o coronel. Na segunda-feira (25), quando o rompimento da barragem completou um mês, o porta-voz dos bombeiros, tenente Pedro Aihara, disse que não havia previsão para o fim das buscas.

Segundo Silva, a experiência da corporação em Mariana, na região Central, após o rompimento da barragem da Samarco, em 2015, ajudou a estabelecer o prognóstico. “O número de vítimas em Brumadinho é bem maior, mas a área atingida é menor. Nós trabalhamos com mais de 80 km em Mariana e região, e aqui (em Brumadinho) estamos trabalhando em uma área fechada, que, em linha reta, dá cerca de 10 km. É um trabalho muito mais intenso, e estamos tendo aporte de recursos maior”, pontuou.

As operações estão em uma terceira fase – a primeira consistia em buscas superficiais na área, e, na segunda, os cães foram o principal meio utilizado para localizar as vítimas. “Nós estamos diminuindo o número de homens, mas aumentando a quantidade de máquinas”, explicou.

De acordo com o coronel, um corpo e um segmento de corpo foram localizados nesta terça-feira pela manhã, totalizando 180 mortes confirmadas. Ele afirmou que há um número “importante” de segmentos aguardando identificação no Instituto Médico-Legal (IML): “Não vamos abandonar nenhuma das famílias sem uma resposta adequada até o fim das operações”.

Ciência do risco

A promotora de Justiça Marta Alves Larcher também participou da audiência, representando a força-tarefa que investiga a tragédia em Brumadinho, e ressaltou que há indícios de que os problemas técnicos da barragem já eram conhecidos por alguns setores da Vale. “Já havia indícios que permitiam aos operadores da barragem concluir que havia risco de rompimento, e esses sinais foram desconsiderados”, afirmou, ressaltando um documento interno da mineradora de 2018, ao qual o Ministério Público teve acesso, que mostra que, entre as 57 barragens sob responsabilidade da empresa, dez estavam em situação mais crítica, inclusive a que rompeu.

Promotoria

Segurança. A promotora de Justiça Marta Alves Larcher não informou se as “instâncias superiores” da Vale tinham conhecimento dos problemas da barragem que se rompeu em Brumadinho.

VIARedação
COMPARTILHAR

SEM COMENTÁRIO

DEIXE UMA RESPOSTA