Coronavírus: amostras de esgoto indicam que BH pode ter mais de 50 mil casos

O coronavírus já está presente em 100% do esgoto de Belo Horizonte Foto: Alex de Jesus

O coronavírus já está presente em 100% do esgoto de Belo Horizonte, de acordo com uma pesquisa de monitoramento da Covid feita por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O estudo estima o número de infectados na capital chegue a 52 mil, 18 vezes mais do que os 2.832 confirmações divulgadas no boletim epidemiológico da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), divulgado no dia 10 de junho, data da última coleta.

A pesquisadora Juliana Calábria explica que o estudo é feito a partir da análise do material genético coletado ao longo dos sistemas de esgotamento sanitário das 15 sub-bacias do Onça e do Arrudas, além das entradas e saídas das duas estações de tratamento. “Existe um parâmetro de quanto cada pessoa infectada com o coronavírus libera por grama de fezes. Então, nós avaliamos essa carga viral por litro de esgoto processado, multiplicamos pela vazão de cada região da amostra. A partir daí, conseguimos estimar o potencial de infectados”, explica Juliana.

Por meio do esgoto, toda população acaba sendo investigada e, por isso, Juliana ressalta que o estudo acaba funcionando como uma testagem indireta. “Os testes rápidos só são feitos em quem tem sintomas. Já o monitoramento do esgoto considera os vírus excretados por pessoas doentes e, também, por quem tem ainda nem apresentou sintomas”, observa.


A pesquisa Monitoramento Covid Esgotos, começou a ser feita em abril.  Até o dia 5 de junho, o coronavírus tinha sido encontrado em 86% dos sistemas de esgotamento sanitário das bacias do Arrudas e do Onça. Em dia 12 de junho, o vírus foi detectado em todas as sub bacias pesquisadas. Só nessas duas semanas, a estimativa de contaminados subiu de 23 mil para 52 mil pessoas. “Isso equivale a 2,5% da população atendida por esses dois sistemas, que  de 2 milhões”, explica Juliana.

Das 15 sub-bacias analisadas, o pior índice, onde 11,7% da população tem o coronavírus, é o da sub-bacia 9, no Onça. É onde ficam bairros como São Marcos, Goiânia. Maria Goretti, Dom Silvério e Lajedo, na região Nordeste de Belo Horizonte.  O segundo pior índice, com 5,6% de contaminação, é a sub-bacia 1, onde ficam os bairros Lindeia, Regina, Tirol e Jatobá, no Barreiro.


Já no sistema do Arrudas, o maior percentual, com 4,7% da população contaminada,  sub-bacia 4 , que atende bairros como Carlos Prates, Padre Eustáquio, Minas Brasil, Coração Eucarístico, João Pinheiro e Gameleira, na região Noroeste.

“A pesquisa de monitoramento do esgoto tem um papel importante para definir políticas públicas, seja de aparelhamento hospitalar, intensificação do isolamento e flexibilização do comércio. É que ela mostra bairros onde o índice está alto, que não apareceria nos índices, pois essas pessoas não fizeram testes clínicos”, alerta o professor Carlos Chernicharo, que também faz parte do estudo.


Por meio de nota, a PBH afirma que  acompanha em tempo real toda a situação que envolve a pandemia do coronavírus pelo Comitê de Enfrentamento à Epidemia da Covid-19. “O comitê monitora os índices da doença na capital, a transmissão e a taxa de ocupação de leitos. Por meio deste monitoramento, a Prefeitura tem definido os passos para a abertura gradual dos serviços e lojas do município, que no atual momento está mantida na Fase 2”, destaca a prefeitura.

FONTEO Tempo
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